Harry
Prevendo que as alfinetadas estavam se encaminhando a durar mais uma eternidade, Kingsley coloca um sorriso forçado no rosto ao se aproximar de Hunt.
- Eu lhe acompanho até a porta. - Diz levando a mão até o ombro do conselheiro, que sorri em concordância.
Mantenho a coluna ereta e as mãos encostadas nas costas até que Hunt se afaste o suficiente para que eu não esteja mais no seu campo de visão, muito menos da sua audição. Quando a distância se torna considerável permito-me apoiar as mãos na mesa, levando uma delas até as têmporas, com o objetivo de afastar toda raiva e dor de cabeça. Não é possível que a cada minuto um problema novo apareça para tirar o pouco que restou da minha sanidade mental, primeiro sou intimidado a resolver esse caso em 48 horas, depois a mensagem escancarada de Carter, agora uma ameaça direta do conselho, nada é tão ruim que não possa piorar.
Todos na sala se mantém em silêncio durante o período que permaneço de cabeça abaixada, respirando profundamente como se não houvesse oxigênio no ambiente, até mesmo Pachis opta por privar-se de comentar qualquer coisa nos minutos que se sucedem, é somente quando Kingsley retorna para sala, já sozinho, que reconheço que não há mais tempo para lamurias sobre a atual situação.
- Sabe que não deveria ter feito isso, não é? - Goyle percebe que recobrei a noção e se permite iniciar o diálogo.
- Não deixaria vocês serem julgados pelos meus erros como sênior. - Respondo convictamente, me sentando novamente na cadeira, cruzando as mãos a frente do corpo.
- Meu Merlin, se você errou como sênior, nós erramos como esquadrão, não pode ser culpabilizado sozinho.
- Eu posso e eu vou. - Afirmo com firmeza.
- Então se você pode ser desajuizado, eu também posso ir até o conselheiro agora mesmo e pedir para ser investigado também.
- Eu também. - Rony concorda, dando um tapinha no ombro do Goyle.
- Eu também. - Kimberly também concorda.
Pelo andamento das coisas é bem previsível que os outros vão querer se pronunciar também em concordância, por isso decido me pronunciar de maneira mais agressiva.
- Parem com isso! - Aumento o nível da minha voz, impondo mais respeitabilidade do que nas afirmações anteriores. - Agradeço o apoio de vocês, mas eu ainda sou o sênior dessa operação, é com esse posto que minha ordem atual é que aceitem a minha decisão, como líder achei mais racional isentá-los de uma situação que com certeza atrasaria as suas carreiras.
- Mas assim o senhor acabou de atrasar a sua. - Adriele objeta.
- Se isso foi o necessário para manter a estabilidade de outras sete pessoas, então não há mais nada para ser discutido. - Mark ameaça responder, diante disso, reafirmo a frase dita posteriormente. - Sem mais discussões, a decisão já foi tomada. O assunto está encerrado. Fui claro?
Ninguém responde, nem mesmo Yasmine que normalmente se recusa a contradizer qualquer coisa que eu diga, assim sendo repito novamente a pergunta.
- Fui claro, esquadrão?
Alguns bons segundos se passam até que, visivelmente contrariados, eles respondam em uníssono.
- Sim, chefe.
Pachis e Kingsley, que aparentemente resolveram se isentar da discussão, se entreolham de um jeito que não consigo identificar o significado, por outro lado os dois demonstram ter compreendido muito bem essa dinâmica de olhares. Sou retirado dos meus pensamentos quando Pachis enfim se junta a conversa, mudando sua posse de observador para diretor, se pondo do meu lado da cabeceira.
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Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...