Draco
Minha primeira reação a sua atitude é permanecer totalmente imóvel no meio da sala, pensando no que carambolas acabou de acontecer, somente recupero a consciência da situação quando Pansy dá um tapa nada delicado na minha nuca.
- Vai atrás dele, seu imbecil. - Quando abro a boca para perguntar por que eu deveria fazer isso sendo que não fiz absolutamente nada de errado, Blásio me interrompe, empurrando-me para fora da Comunal.
- Eu vi o fogo nos olhos daquele homem e que bom que eu não sou você. - Blásio fala, fechando a porta atrás de mim, deixando-me sozinho no corredor ainda tentando entender o que está acontecendo.
Compreendo a existência desse fogo que Blásio citou, porque eu também o notei nos olhos de Harry, porém não sei o que pensar sobre isso, qual a razão de toda essa raiva? Por que ele foi até as masmorras? E por que ficou com tanto ódio?
- Potter? - Chamo, assim que reconheço a silhueta de seu corpo um pouco a minha frente, ele nem se vira para me olhar. - Harry?
Sigo o chamando e andando mais rápido para lhe alcançar, entretanto, quanto mais me aproximo, mais ele acelera o passo.
- Harry, por Merlin! Me escuta. - Clamo, quando finalmente fico perto o suficiente para puxar o seu braço, encerrando sua corrida frenética, o virando para mim.
- Malfoy, desculpe ter ido te procurar sem avisar, foi besteira minha, agora tenho coisas mais importantes para fazer, com licença. - Harry responde, com uma rispidez que não direcionava para mim há bastante tempo, é estranho o ouvir falando desse jeito, se fosse no passado até poderia ser normal, mas agora?
Ele se solta do meu toque com extrema brutalidade, voltando a se afastar apressadamente.
- Fazia um tempo que você não me chamava de Malfoy. - Comento, ainda o seguindo, empenhado em encontrar o motivo de sua ira.
- Não temos intimidade o suficiente para eu te chamar de outra forma. - Por alguma razão esse momento o faz explodir, ele para abruptamente e se vira para mim com os olhos fervendo. - Não é isso que você quer, Malfoy? Distância de mim? Então, pronto, estamos resolvidos, agora me deixe em paz.
Harry berra ao falar, gesticulando excessivamente, parecendo prestes a me amaldiçoar, o seu tom de voz é tão alto que as pessoas que passavam despreocupadas pelo corredor param para o observar o motivo de tanta gritaria, mas acabam voltando a andar quando percebem ser só Potter e Malfoy brigando, nada fora do comum.
Contudo, para mim isso já não é mais comum, tanto que sinto uma indescritível dor no peito ao ouvi-lo, ele não pode estar falando sério, não depois de termos vivido tudo que estamos vivendo.
- Harry, eu... - Começo a falar nervosamente, mas ele me interrompe sem que eu possa formular uma frase sequer.
- Eu já disse, Malfoy, me deixe em paz e pare de me chamar de Harry como se fôssemos íntimos - Ele volta a andar a passos largos, e apesar de todos os meus sentidos estarem falhando por conta de seus ataques, que para mim não estão fazendo o menor sentido, decido gritar para quem quiser ouvir, preciso que Harry me ouça de um jeito ou de outro.
- Qual o motivo de tanta raiva? - O grito o faz parar, e ele respira fundo ao pender os olhos sobre mim. - Foi na minha comunal só para destilar ódio em cima de mim?
- Não foi isso que você fez a vida inteira, Malfoy? Destilou ódio gratuito em cima de mim?
Harry grita de volta, aproximando-se irritadamente, ele para quando fica a centímetros de distância do meu corpo, apontando o dedo no meu rosto, deixando-me sem reação.
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Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...