Alerta gatilho: Crise de pânico/ansiedade
Harry
Paro segundos antes de bater na porta para entrarmos na Toca, porque Draco parece prestes a sair correndo assim que alguém aparecer diante de nós.
— Eu já disse que vai ficar tudo bem. – Afirmo novamente, segurando seus ombros o fazendo me olhar, porém, seus olhos tremem e ele rompe o contato, visivelmente nervoso.
— Harry, você entende que eu estava do lado que matou amigos da maioria dessas pessoas?
— Os Comensais também mataram meus amigos, Draco, mas mesmo assim eu não estou tentando te matar. – Dou uma batidinha no seu ombro. — Pelo menos não agora.
A descontração parece funcionar, porque seu corpo fica um pouco menos tencionado, mas ele continua se movendo de um lado para o outro, o que quer dizer que ainda não está completamente calmo.
— Sinceramente, acho melhor eu ir embora. – Draco se vira indo na direção contrária a entrada, porém seguro seu braço antes que possa se mover para longe.
— Você é meu convidado, ninguém aqui vai te expulsar ou tentar te amaldiçoar.
— Mas eles podem se sentir desconfortáveis, Harry, e eu não quero ser o causador de um Natal arruinado.
— Então não arruíne o meu Natal. – Draco me lança um olhar meio confuso, tentando compreender o sentido da minha frase. — Não posso simplesmente ir embora e deixar os Weasley's na mão.
— Eu não estou te pedindo para ir comigo. – Aproximo-me dele, soltando seu pulso e entrelaçando nossas mãos, sorrindo como quase de imediato ele parece relaxar um pouco em resposta ao contato.
— Meu natal será horrível sem você, querido. – No começo chamava Draco assim por zoação ou em situações onde eu me sentia deliberadamente nervoso, mas notei como pareceu satisfeito quando o chamei assim agora a pouco, a maneira como o seu sorriso se alastrou e seus olhos brilharam, então não me sinto nem um pouco incomodado em tornar esse apelido raro em algo rotineiro, principalmente sabendo que isso o alegra.
— Você tem total noção do quão baixo é esse seu golpezinho, né? – Sorrio, porque sei que ele não vai mais embora e suas mãos parecem menos trêmulas, além de estar mais relaxado ao ponto de deixar um sorriso transparecer no rosto.
Mantenho nossas mãos entrelaçadas o puxando até finalmente tocar a campainha, Draco dá uma última conferida na sua roupa e no seu cabelo, revirando os olhos quando repito pela centésima vez que ele está indescritivelmente lindo.
Assim que a porta se abre, Molly me puxa para os seus braços, apertando-me fortemente em um abraço carinhoso e saudosista, enquanto Draco continua discretamente agarrado na mão que não levei até as costas da senhora Weasley.
— Senti sua falta, Harry querido.
— Também senti, Molly. – Ela sorri, cessando o abraço, satisfeita por eu finalmente não a chamar de senhora Weasley, o que Molly sempre considerou uma forma muito formal para referir a "minha quase mãe", como ela mesmo se identifica.
Seu olhar pende sobre Draco, provavelmente Rony avisou que o convidaria, porém, mesmo assim me sinto congelar da cabeça aos pés assim que os seus olhares se cruzam. Não sei o grau de culpa que Molly considera que Draco possui, logo não tenho nenhuma ideia sobre como será sua reação diante dele, e é claro que ele também se sente inseguro, algo visível pelo jeito que aperta fortemente a minha mão.
— Seja bem-vindo a família. – Molly o puxa para os seus braços, o dando um abraço quase tão carinhoso quanto o que me deu. Draco parece perplexo demais para ter qualquer tipo de reação, sua mão se solta da minha e ele me olha como se perguntasse o que deve fazer, apenas dou de ombros, fazendo um sinal para que retribua o abraço, o que para o loiro é um ato meio desconhecido.
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Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...