Capítulo 62: Liberdade

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Draco

- Eu achei que você não viria me visitar nunca. - Pansy reclama assim que entro no seu quarto. Harry foi levado para fazer alguns exames, os quais não fui autorizado a entrar junto, por isso aproveitei a oportunidade para finalmente vir ver a morena, afinal com toda a confusão ainda não tinha conseguido vir.

- Em minha defesa minha vida está bem caótica. - Respondo, e ela revira os olhos, mas percebo como se demora a olhar para minhas pernas, para a cadeira, Blásio provavelmente já havia contado para ela sobre essa situação, porém deve ser diferente ouvir e ver pessoalmente, não a culpo por parecer tão chocada. - Olha, você pode me olhar chocada, mas se olhar com pena eu não vou mais vir te visitar.

Acabamos rindo, desmanchando um pouco do clima tenso que se formou por conta dessa observação nada discreta.

- Como está se sentindo? - Pergunto, me aproximando mais da cama, sorrindo satisfeito quando ela entrelaça nossas mãos. Estava com saudade das suas demonstrações excessivas de afeto, ainda mais agora que estou começando a gostar dessas coisas num sentido geral.

- Como quem acabou de ficar dois meses em coma.

- Então deve estar ótima. - Não quero deixar o clima tenso de novo, não quero fazer nós dois começarmos a chorar ou algo do gênero, mas sinto que preciso falar o que está preso na minha garganta há meses. - Obrigado, Pansy, de verdade. Você poderia ter morrido, mas não nos entregou. Obrigado.

- Desde quando você fala tantos obrigados numa frase só? Meu Merlin, eu perdi muita coisa. - Reviro os olhos, dando um soco leve no seu braço, enquanto ela cai na risada. - Não precisa me agradecer, Dray, eu faria tudo de novo se precisasse, nunca entregaria você, literalmente nem sobre tortura.

Ficamos algum tempo em silêncio, apenas nos olhando, a conexão vibrando entre nós, dizendo tantas coisas que provavelmente diríamos em voz alta se isso fizesse parte do nosso estilo, mas não faz, nunca fez.

- Mas e você, como está?

- Nesse momento? Acabado. - Falo com sinceridade, estou completamente acabado, por alguns minutos senti a perda de Harry, senti toda a dor de perde-lo, o desespero, a maior tristeza que já vivi.

Aqueles minutos em que todos estavam me olhando com pena, seus olhos implorando para que eu parasse, aqueles em que Harry não reagia de jeito nenhum, eu senti como se uma parte de mim estivesse sendo arrancada a força. Não podia o perder, demorei tanto tempo para aceitar os meus sentimentos, tanto tempo para ser livre para o amar, o mundo não poderia ser tão cruel comigo, mas naqueles minutos desesperadores minha mente só se perguntava "ou poderia?" Nem a dor que senti quando descobri que havia perdido os meus movimentos se compara a dor que senti naquela hora.

Além do mais, sempre que fecho os olhos vejo o corpo sem vida de Lucius caindo sobre Harry, o medo em seus olhos. Não quero me imaginar como um assassino, mas minha mente não consegue me fazer pensar em outra coisa. Eu sabia que em algum momento Lucius acabaria morto, esperava por isso, de certa forma ansiava por esse dia, porém nunca imaginei que sua morte sairia das minhas mãos. O amor realmente matou Lucius Malfoy.

- Quer conversar?

- Meu namorado quase morreu e acabei de matar meu pai.

- Juro que não queria comentar, mas não acredito que acabei de ouvir você falando meu namorado. Por Merlin, como eu pude perder isso? Passei sete anos aturando seus surtos por conta do Cicatriz e perdi você se dando conta do quanto é apaixonado por ele. Que decepção. - Qualquer outra pessoa me daria conselhos sobre a situação, mas Pansy não é qualquer pessoa, é o tipo que prefere me fazer rir, prefere extrair minúsculas partes boas das situações mais dolorosas possíveis.

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