Dois Opostos

Capítulo 12: Poder

Draco

Mantenho-me olhando para baixo almejando evitar os olhares abismados e interrogativos dos meus amigos sobre mim, acredito que estão pensando em diversas formas diferentes de me torturar até eu falar o que estava fazendo com Potter tão cedo, e o que ele quis dizer com "ficamos juntos".

A situação inteira se tornou propícia para que as desconfianças sobre o que estávamos fazendo aumentem consideravelmente, o primeiro ponto é que nunca acordo cedo e isso aparenta significar que fui me encontrar com Potter em segredo, o segundo é que eu realmente fiquei muito tempo ausente da comunal, o que pode significar que passei esse tempo todo com Potter, e claro que o terceiro e principal ponto é todo esse show que ele arquitetou contra mim. Esse canalha pensou em tudo, a forma perfeita de me colocar em uma enrascada.

Levanto os olhos lentamente, inicialmente deposito o meu olhar sobre as outras pessoas no salão, a mesa da inteira, sem exageros, da Grifinória me olha como se eu fosse alguma nova espécie de animal exótico, a mesa da Lufa-Lufa solta risos baixos, aparentemente nem um pouco surpresos com a situação, apenas achando graça da maneira que Potter expôs isso publicamente, e os alunos da Corvinal parecem bem mais entretidos em outras coisas, como se isso não fizesse nenhuma diferença na vida deles, é satisfatório saber que pelo menos algumas pessoas não estão interessadas na minha vida.

Finalmente olho para a minha mesa, e todos me fitam com desprezo por supostamente estar tendo uma relação com o homem que colocou muitos de seus parentes na prisão, posso afirmar que agora além dos motivos que eles já tinham para me odiar possuem mais um para adicionar nas suas listas imaginárias com as razões para desprezar Draco Malfoy.

Dirijo o olhar calmamente para meus amigos, Pansy me olha com os olhos arregalados, seu olhar indica que essa é a maior surpresa de sua vida, Goyle beberica seu café, tentando nitidamente conter o riso, satisfeito em apenas balançar a cabeça, entretanto Blásio, como eu já esperava, me fita com uma grande malícia nos olhos e torna-se o primeiro a falar.

- Não era você o incapaz de sentir qualquer coisa pelo Potter? - A lembrança da frase me ataca com força, me obrigando a desviar o olhar para que Blásio não perceba a confusão mental que seu comentário acaba de me causar, porém, sei que ele percebeu esse meu receio em lhe dar uma boa resposta.

- Ainda sou, apenas acabei me esbarrando com ele quando levantei hoje de manhã. - Argumento, me dedicando em explicar que a dubiedade de seu comentário foi completamente fajuta, contudo, a maneira como os três simultaneamente arqueiam as sobrancelhas deixa claro que ambos não acreditam que foi só uma esbarrada.

De certa forma não foi mesmo, nós nos encontramos sem querer, mas continuamos alimentando aquele momento por vontade própria, porém essa parte da história eles não precisam saber, e não quero ter que explicar, porque não sei nem como isso explicar para mim mesmo.

- Você nunca levanta cedo, daí quando levanta encontra justamente com Potter, parece muita coincidência hein. - Goyle é o segundo a se pronunciar, me olhando com os braços cruzados e as sobrancelhas arqueadas, enquanto continua segurando seu café em sua mão esquerda.

- Pronto! Agora eu não posso me levantar cedo que o motivo é que marquei um encontro segredo com o Testa Rachada, estamos falando de Harry Potter, vocês só podem estar me confundindo. - Realmente acabei encontrando com Potter e talvez tenha perdido um pouco da noção com ele por perto, mas estou falando a verdade quando digo que não marquei de o encontrar.

- Exatamente, estamos falando de Harry Potter, por isso não seria nada surpreendente você sair escondido para o encontrar, considerando que já saiu escondido tantas vezes para segui-lo não tem muita diferença nesse caso, não é mesmo? - Blásio volta a argumentar contra minhas respostas, e penso seriamente em qual seria a melhor maldição para fazê-lo nunca mais abrir a boca.