Capítulo 3: Cretino

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Draco

Sinto o peso do olhar de Potter nas minhas costas enquanto me distancio, voltando ao meu vagão. Desde que chegamos, ele tem me observado de uma maneira diferente, como se algo em mim tivesse mudado. Não há mais aquele ar de desconfiança, como se eu fosse atacar ou lançar uma maldição a qualquer momento. Acabo sorrindo ao pensar nisso, mas logo afasto o sorriso; não posso me permitir parecer vulnerável, especialmente na frente de Potter.

Ao entrar no meu vagão, percebo que Goyle não está. Provavelmente, foi trocar de roupa em outro lugar. Com o vagão vazio, fecho a cortina e começo a vestir meu uniforme. Quando estou tirando as calças, a porta se abre abruptamente. Dou um pulo, mas logo me contenho ao ver Potter ali, completamente surpreso ao me encontrar sem camisa e com o cinto aberto.

A expressão de choque e vergonha em seu rosto é impagável. Ele está vermelho como um tomate, o corpo rígido, e a boca entreaberta, como se não soubesse o que fazer. Admito, sou uma visão agradável e qualquer um poderia ter a mesma reação, mas ver Potter assim... é surreal.

— Ou entra ou fecha a porta, Potter. Não estou com muita disposição para exibir meu corpo para o expresso inteiro. — Digo, deixando a provocação transparecer. Sei que ele está desconcertado e quero aproveitar isso, se ele está assim tão surpreso em me ver sem camisa mesmo estando a uma boa distância, quanto mais perto ele estiver, mais envergonhado vai ficar, e isso é impagável.

Ele cora ainda mais, porém, em um gesto inesperado, fecha a porta e entra decidido.

— Draco Malfoy não querendo chamar atenção? Isso sim é chocante. — Potter responde, provocando de volta. Fico atordoado. Ele entendeu o que eu estava pensando.

— Quer dizer que meu corpo não te deixa chocado? — Retruco, dando dois passos em sua direção. Seus olhos tentam manter o foco no meu rosto, mas percebo quando eles deslizam para baixo.

Esse é mais um momento que estarei registrado na minha memória como "o momento que Harry Potter não teve capacidade de manter seus olhos longe do meu corpo".

— Está me confundindo com alguém, Malfoy? Ou esqueceu que sou bem mais gostoso que você? — Ele replica com um sorriso desafiador.

O riso escapa naturalmente dos meus lábios, mas me contenho assim que noto que Potter me olha de uma maneira intrigante quando percebe o som escapulindo, apesar disso ele solta um sorriso meio bobo.

"Vulnerável, Draco" repito para mim mesmo, para me lembrar que estamos falando de Harry Potter e não de qualquer pessoa, se já não posso perder minha postura diante das outras pessoas quem dirá diante dele, tenho que parar de ficar soltando risinhos assim.

— Se você é mais gostoso, eu não sei. — provoco, lançando-lhe um olhar malicioso. — Mas quem está babando aqui não sou eu. — Ele revira os olhos, rindo.

— Eu sei que sua autoestima é alta, Malfoy, mas você acha que estou babando?

— Você se trancou aqui comigo, um lugar isolado, enquanto estou sozinho e sem camisa, mas continua insistindo que não está babando? — Me aproximo ainda mais, aproveitando cada segundo para vê-lo corar e desviar o olhar. — Cadê a sinceridade dos grifinórios, Potter?

— A única coisa sincera que foi dita até agora fui eu quem disse, Malfoy.

— É? E o que foi?

— Que sou mais gostoso que você. — Ele ri, e é quase impossível não acompanhá-lo. Seu riso é contagiante, tanto que deixo escapar um sorriso, mas logo viro o rosto, tentando disfarçar.

— Deixe-me trocar de roupa, Potter. — digo, esperando que ele saia. Porém, para minha surpresa, ele se senta, cruza as pernas e joga os braços para trás da cabeça.

Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora