Harry
— Eu já disse que eu vou, pare de perguntar a cada cinco segundos. – Falo, levando a mão até as têmporas, buscando manter a paciência estável e não pular no pescoço do meu amigo que está há uma hora me perguntando se vou à festa de natal dos Weasley's.
— Eu tenho que perguntar, porque desde que você começou a morar com o doninha, você falou conosco pouquíssimas vezes. – Rony argumenta, enquanto Hermione apenas dá de ombros, decidida a ignorar essa discussão após passar quase uma hora tentando apartar.
Como hoje falta apenas quatro dias para o Natal, Minerva liberou os dois para virem me visitar, Draco se trancou no quarto, comunicando que não irá sair de lá até que os dois já tenham ido embora, no passado eu acharia isso arrogância e antipatia, hoje em dia, conhecendo-o como conheço, diria que Draco está apenas com vergonha.
Ele não sabe como reagir ao convite para a festa de Natal, também não sabe como interagir com os meus amigos, não tem ideia se deve me tratar como nos tratamos diariamente, ou fingir que somos reclusos e não conversamos. Resumindo, Draco está fazendo algo que tem um dom excepcional de fazer: Fugindo.
— Caso você não se lembre, eu não tenho uma coruja e não quero ter que ficar pedindo Orion emprestada toda hora. – Orion é a coruja de Draco, ele vive a oferecendo para mim, mas já é muito complicado enviar as próprias cartas, não quero causar ainda mais complicação.
— Malfoy manda cartas para os amigos deles. – O ruivo revira os olhos, se levantando e adentrando o cabelo com os dedos, engolido por uma onda de irritação desnecessária.
— Monstro vai até à casa de Narcisa e envia as cartas de Draco para Hogwarts de lá, para o caso da coruja ser interceptada, pareça que ele está hospedado na Mansão Malfoy, olha a confusão que é, não quero complicar ainda mais as coisas.
— E por que você não pode enviar cartas por lá também?
— Ah, sim, Ronald! Porque faria muito sentido eu estar hospedado na Mansão Malfoy.
— De acordo com a última matéria do Profeta Diário, faria sentido sim, meu senhor. – Tomo um susto ao ouvir a voz rouca de Monstro que se materializou ao meu lado.
— De onde você saiu? – Pergunto, levando a mão ao peito, tentando tranquilizar meu coração depois do pulo que deu.
— Eu estava aqui o tempo todo, senhor. – Ele diz, me entregando o jornal e sumindo na cozinha.
— Ele sempre faz isso? – Hermione questiona, parecendo tão apavorada quanto eu.
— Ele nem sequer aparatou. – Rony acrescenta, também assustado.
— Esse elfo me impressiona diariamente. – É única coisa que consigo dizer, enquanto desço os olhos para o jornal.
Um mísero dia foi tempo suficiente para Rita Skeeter criar uma matéria com mais de dez páginas sobre meu relacionamento "questionável" com Draco Malfoy. A foto de capa do jornal é uma em movimento, mostrando o momento exato que entrelacei nossas mãos, com a seguinte manchete: A linha tênue (ou mágica?) entre o ódio e o amor.
As primeiras páginas apresentam breves explicações sobre quem somos, como se todo o mundo bruxo já não soubesse, depois em outras três páginas ela explica detalhadamente cada pequena rixa pública que tivemos, afirmando que foram todas encenações para afastarmos a mídia do nosso relacionamento amoroso. Mais algumas páginas para frente ela começa a contar como presenciou a maneira que nossas mãos se entrelaçaram, deixando claro que não foi um ato para chamar a atenção, que pareceu algo natural e sincero.
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Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...