Capítulo 27: Melhor amigo

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Draco

20 de novembro de 2000

Acordo cedo para enviar uma carta a Zabini, chama-lo para vir para cá, com toda a confusão do quase ser preso, mudança e tudo mais, não tive tempo para conversar sobre o que prometi conversar, sobre como tenho sido um babaca desde que nos conhecemos e que quero me desculpar por isso.

Zabini não demora mui to tempo para responder a carta, diz que irá gazear a primeira aula, porque não suporta Adivinhação e aproveitará para vir aqui, isto é, daqui menos de uma hora.

- Acordado a essa hora? - Harry pergunta ao me encontrar sentado na mesa da cozinha, tomando um café.

- Chamei Zabini vir aqui, se importa? - Jogo a informação rapidamente para não ter que pensar muito sobre como formulá-la.

- Depende, vai transar com ele? - A piada vem tão inesperadamente que me engasgo com o café, cuspindo-o desconsertadamente, demoro algum tempo para recobrar a postura e conseguir retrucar na mesma moeda.

- Eu deveria te xingar ou dizer que prefiro você? - Ele cora, tentando disfarçar coçando o nariz de uma forma que eu considero bem fofa. - Ganhei, você corou.

- Era uma disputa?

- Sempre é uma disputa, pelo que eu me lembro não acabou o ano então ainda estamos jogando. - Não sei se já não estou em desvantagem nesse jogo já que praticamente me ofereci em uma bandeja para vir morar com ele, mas confiança é o que importa.

- Quando foi que combinamos que o jogo seria até o final do ano?

- Acabei de criar essa regra, mesmo sabendo que você já perdeu. - Olha a confiança.

- Como você consegue ser tão convencido às sete horas da manhã?

- Você não consegue? Devo ter um dom. - Dou de ombros. - Mas e você? Por que acordado tão cedo?

- Ah, pesadelos, nada fora do comum. - Harry também dá de ombros, e a naturalidade com que fala sobre seus pesadelos me remete ao jeito que eu falo dos meus.

- Você tem pesadelos?

- Tenho, desde o fim da guerra, muitas mortes para uma cabeça só.

- Entendo, também tenho - Admito, também com naturalidade, é confortável isso, esse clima de nós dois contando coisas pessoais como se estivéssemos falando sobre qualquer banalidade. - Café?

Ofereço, me levantando e pegando o bule.

- Não sou o único a tentar curar pesadelos com café. - Ironiza, dando risada e se sentando na cadeira a minha frente.

- A maior arma do homem é tomar café quando quer ignorar seus problemas, aprendi isso com nove anos. - Essa é a piada mais realista que eu já contei.

- A gente muito problemático, sabia?

- Está surpreso? Achei que era óbvio. - Rimos os dois, contagiados pela nossa semelhança traumática, opostos em quase tudo, menos em como não aprendemos a lidar com nossos traumas.

- Quer que eu saia quando Zabini chegar? - Indaga, depois de algum tempo em que ficamos apenas rindo e tomando café.

- Não precisa, só...

- ... Ficar longe para você ter coragem de se desculpar?

- Pare de completar meus pensamentos, é estranho.

- Ó, me desculpe por você ser tão previsível. - Harry força uma atuação de desculpas, que se qualquer outra pessoa fizesse eu acharia ridículo, mas é ele fazendo, então ela se torna automaticamente engraçada.

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