Draco
20 de novembro de 2000
Acordo cedo para enviar uma carta a Zabini, chama-lo para vir para cá, com toda a confusão do quase ser preso, mudança e tudo mais, não tive tempo para conversar sobre o que prometi conversar, sobre como tenho sido um babaca desde que nos conhecemos e que quero me desculpar por isso.
Zabini não demora mui to tempo para responder a carta, diz que irá gazear a primeira aula, porque não suporta Adivinhação e aproveitará para vir aqui, isto é, daqui menos de uma hora.
- Acordado a essa hora? - Harry pergunta ao me encontrar sentado na mesa da cozinha, tomando um café.
- Chamei Zabini vir aqui, se importa? - Jogo a informação rapidamente para não ter que pensar muito sobre como formulá-la.
- Depende, vai transar com ele? - A piada vem tão inesperadamente que me engasgo com o café, cuspindo-o desconsertadamente, demoro algum tempo para recobrar a postura e conseguir retrucar na mesma moeda.
- Eu deveria te xingar ou dizer que prefiro você? - Ele cora, tentando disfarçar coçando o nariz de uma forma que eu considero bem fofa. - Ganhei, você corou.
- Era uma disputa?
- Sempre é uma disputa, pelo que eu me lembro não acabou o ano então ainda estamos jogando. - Não sei se já não estou em desvantagem nesse jogo já que praticamente me ofereci em uma bandeja para vir morar com ele, mas confiança é o que importa.
- Quando foi que combinamos que o jogo seria até o final do ano?
- Acabei de criar essa regra, mesmo sabendo que você já perdeu. - Olha a confiança.
- Como você consegue ser tão convencido às sete horas da manhã?
- Você não consegue? Devo ter um dom. - Dou de ombros. - Mas e você? Por que acordado tão cedo?
- Ah, pesadelos, nada fora do comum. - Harry também dá de ombros, e a naturalidade com que fala sobre seus pesadelos me remete ao jeito que eu falo dos meus.
- Você tem pesadelos?
- Tenho, desde o fim da guerra, muitas mortes para uma cabeça só.
- Entendo, também tenho - Admito, também com naturalidade, é confortável isso, esse clima de nós dois contando coisas pessoais como se estivéssemos falando sobre qualquer banalidade. - Café?
Ofereço, me levantando e pegando o bule.
- Não sou o único a tentar curar pesadelos com café. - Ironiza, dando risada e se sentando na cadeira a minha frente.
- A maior arma do homem é tomar café quando quer ignorar seus problemas, aprendi isso com nove anos. - Essa é a piada mais realista que eu já contei.
- A gente muito problemático, sabia?
- Está surpreso? Achei que era óbvio. - Rimos os dois, contagiados pela nossa semelhança traumática, opostos em quase tudo, menos em como não aprendemos a lidar com nossos traumas.
- Quer que eu saia quando Zabini chegar? - Indaga, depois de algum tempo em que ficamos apenas rindo e tomando café.
- Não precisa, só...
- ... Ficar longe para você ter coragem de se desculpar?
- Pare de completar meus pensamentos, é estranho.
- Ó, me desculpe por você ser tão previsível. - Harry força uma atuação de desculpas, que se qualquer outra pessoa fizesse eu acharia ridículo, mas é ele fazendo, então ela se torna automaticamente engraçada.
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Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...