Draco
- Por que toda vez que eu te encontro você está com essa cara? - Sou abruptamente retirado dos meus pensamentos quando reconheço a voz tão comum aos meus ouvidos.
- Você anda me perseguindo mais do que o normal hein, Potter. Amor repentino? - Replico, arqueado as sobrancelhas e fechando o livro que estava folheando até então.
- Claro, descobri que sou apaixonado por você, Malfoy. - Ele revida, fazendo um coração com os dedos e dando risada. Reviro os olhos tentando segurar o riso que também se materializa na minha garganta.
- Descobriu só agora? Achei que você já tivesse percebido algo tão óbvio.
- Não estrague minha declaração. - Protesta sorrindo, simulando estar magoado. Viro a cabeça para o lado buscando disfarçar o sorriso que dessa vez não consegui segurar. Só volto a olhá-lo quando ele puxa uma cadeira e a coloca na minha frente, sentando-se nela.
- O que você pensa que está fazendo, Potter? - Pergunto, empenhando-me em transparecer indiferença apesar da enorme surpresa em estar presenciando Potter conversando comigo sentado em uma cadeira na minha frente. Será que estou alucinando?
- Me sentando? - Responde, dando de ombros com naturalidade, ele espicha as pernas, levando os braços até sua nuca, extremamente relaxado e indiferente com toda a situação.
- Lhe dei autorização para ficar tão perto de mim assim? - Indago, envolto por um misto de indignação e surpresa.
- Malfoy, a biblioteca não é sua para eu lhe pedir autorização para me sentar.
- Nada que eu não possa comprar. - Sinceramente, com o bloqueio dos nossos bens eu não posso comprar nem uma cadeira dessa biblioteca, mas Potter não precisa saber disso.
- Até você comprar ainda tenho direito de me sentar sem pedir sua autorização.
- Você não pode sentar em outro lugar? - Argumento, apontando para todos os lugares vazios.
- Em você? Claro que posso. - Potter refuta, me lançando uma piscadinha e um sorriso de canto malicioso.
O choque faz com que eu me engasgue na minha própria saliva e acabe tossindo constrangidamente. Agora eu tenho certeza que estou alucinando.
- Meu deus, Malfoy, é uma brincadeira, não vá morrer por causa disso. - Potter acrescenta, mordendo o lábio para não começar a gargalhar.
- Definitivamente você bateu a cabeça, Potter. - Comento, quando recupero o fôlego e endireito a postura novamente. O que há de errado com esse homem?
- Você tira a roupa na minha frente, joga minhas roupas no meu colo na frente dos meus amigos colocando propositalmente um duplo sentido na sua frase, sussurra coisas ilógicas no meu ouvido, mas não aguenta um comentário? Eu mexo tanto assim com você, Malfoy?
O sarcasmo é tão ativo no seu tom de voz que me faz pensar em diversas formas de asfixiá-lo, porém quando me sinto prestes a azará-lo Potter dá uma risada gostosa, pendendo a cabeça para trás e levando a mão até o cabelo de uma forma muito esbelta.
Nunca o vi sorrindo assim tão verdadeiramente na minha presença, também nunca havia realmente prestado atenção na sutileza dos seus movimentos e na beleza do seu sorriso.
Seu sorriso é plenamente proporcional ao seu rosto; seus lábios rosados entram em harmonia com sua pele preta não tão retinta, e o vento que adentra o local, por conta da janela aberta, leva um rubor agradável as suas bochechas. Seus óculos pendem moderadamente sobre a ponta de seu nariz e algumas mexas travessas do seu cabelo caem sobre o início de seus olhos. Sua cicatriz parece ter sido desenhada para se encaixar em seus traços, porque sua presença ali torna a beleza dele ainda mais harmoniosa.
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Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...