Alerta gatilho: Alcoolismo
Harry
24 de dezembro de 2000
Horas, é o tempo que demoro vagando aleatoriamente pelas ruas, os carros e seus sons, que antes até poderiam ser ensurdecedores, agora parecem indiferentes, uma mera gota de água em meio a um temporal, o som das vozes alheias também me parece distante, assim como alguns corpos que esbarro enquanto continuo andando, não tendo capacidade de pedir desculpas pelo empecilho, como se minha voz tivesse simplesmente parado de funcionar.
A certo ponto foi assim que me senti no dia que comemos cachorro-quente sentados no meio-fio, mas agora essa mesma sensação do mundo ser indiferente me ataca de uma forma cruel, de um jeito que a indiferença não é por estar absorto em seus olhos, é por estar justamente sem eles e sem o seu brilho.
Andar pelas ruas confusas e lotadas de Londres, sem sentir os seus dedos roçando na minha mão é desconcertante, olhar para as pessoas rindo e pensar no sorriso dele é como cair em um poço e não saber se há formas de escalar de volta para cima.
Eu deveria manter a esperança de que ele vai voltar, deveria ir para casa e preparar uma enorme janta, servir a mesa e esperar com duas taças de vinho, mas não tenho essa esperança, porque esse já o último dia do prazo que o dei para retornar e até agora não recebi nenhum sinal, nada indique que não o perdi de vez.
Sinto como se ele já houvesse partido, não há mais nada para acreditar, além da dor dilacerante que acabou, nosso nada acabou antes de poder virar um tudo.
No primeiro dia que Draco sumiu, o Ministério não se deu conta, aparentemente eles aliviaram a pressão após perceberem que ele não é um risco para a sociedade. Nesse dia minhas esperanças ainda estavam altas, arrumei a casa inteira, fiz uma bela faxina para me distrair e a noite dormi na sala, certo de que Draco iria voltar de madrugada... ele não voltou.
Afastar o Ministério no segundo dia foi mais fácil do que eu imaginava, quando vieram fazer a vistoria rotineira, disse que ele estava tomando banho e os levei até a porta do banheiro dele para ouvirem o barulho da água caindo, o que foi simples considerando que só tive que abrir o chuveiro, trancar a porta por fora, retirar a chave e colocar algumas roupas em cima da cama para parecer que ele sairia do banho e trocaria de roupa. Rápido e fácil, exatamente como deveria ser a sua decisão de voltar.
Complicou um pouco quando eles disseram que iam checar a localização da varinha de Draco para conferir se ele estava mesmo em casa, não consegui impedir, entrei em desespero, já estava pronto para sei lá coloca-los em cativeiro até ter algum sinal do loiro.
Contudo, Draco aparentemente já estava pensando na possibilidade de não voltar quando foi embora, porque ele deixou a varinha em casa, afinal a localização dela realmente estava na Mansão Black's, assim que os aurores foram embora, subi até seu quarto para conferir e realmente sua varinha estava embaixo do travesseiro, ele calculou direitinho como ludibriar o Ministério.
Quando vi sua varinha, meu pensamento inicial e esperançoso foi me convencer de que se ele a deixou provavelmente voltaria para busca-la, Draco nunca conseguiria viver uma vida de trouxa por muito tempo, logo voltaria para buscar a varinha, mas meu pensamento mudou quando ele não voltou nem de dia, nem de noite, nem de madrugada.
Então hoje acordei assim, dominado pela dor, pela mágoa, pela saudade, pela aflição, estou preocupado com ele, quero saber onde está, como está se virando sem a varinha, como tem sido seus dias e estou com saudades, do seu rosto, do seu abraço, do seu toque, da sua voz, tudo isso em conjunto só me faz querer gritar e correr para todos os cantos do mundo atrás do meu loiro, mas prometi que o daria espaço, sendo assim, só me resta aceitar.
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Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...