Capítulo 26: Casa

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Draco

Não sei ao certo como começamos essa guerra de neve, mas definitivamente não quero ser o primeiro a parar, nesse momento estou escondido atrás de uma pedra, pensando no porquê Harry está tão quieto, considerando que até pouco tempo ele parecia bem dedicado em me encher de boladas de neve, com essa dúvida vibrando no meu ouvido, decido sair levemente de trás da pedra para conferir.

- Desistiu, Potter? - É engraçado usar seu sobrenome novamente depois de todas as pequenas confidências que já trocamos, agora o uso dele não parece mais uma forma de demonstrar nossa indiferença um ao outro, mas sim uma provocação amigável ou... romântica? Péssima hora para pensar sobre isso.

Olho redor procurando por qualquer sinal dele, quando não o localizo, opto por voltar para trás da pedra, inesperadamente sinto um peso incomum sobre minhas costas, logo em seguida sendo jogado na neve.

- Nunca te ensinaram a prestar atenção na sua retaguarda, Malfoy? - Harry ironiza, prendendo meus punhos sobre a minha cabeça, me deixando completamente imobilizado e vulnerável a ele, incapaz de puxar a minha varinha ou tentar lhe jogar outra bola de neve.

- Você tem que ter muita coragem para ficar tão perto de mim assim, Potter. - Enfatizo, ainda perturbado pela extrema aproximação entre nós, mesmo assim não consigo deixar de observar cada minúsculo detalhe do moreno sobre mim.

Seus cabelos estão grudando na testa devido ao suor por termos corrido durante muito tempo, a roupa está ficando ainda mais colada ao seu corpo a cada segundo, suas bochechas se encontram nesse belo tom avermelhado que dessa vez foi originado por conta do calor, os seus olhos verdes parecem me invadir, tomando controle sobre todo o meu corpo sem dizer uma única palavra, francamente essa é uma habilidade de Harry... me hipnotizar e me desestabilizar sem precisar dizer uma única palavra.

- Digamos que isso é uma revanche. - Harry explica, e consigo compreender que está se referindo a minha vinda até aqui ontem, onde digamos que nossas posições eram inversas.

Por alguma razão me acostumei com a ideia de estar sempre encurralando Harry, tanto que no meio de todo esse caos que anda acontecendo entre nós desde o início considerei mais comum quando sou eu o prendendo, me sinto menos vulnerável, agora a situação é contrária, estou preso, sou o refém, então eu estar achando isso bem agradável faz uma sensação de surpresa transpassar por todo o corpo, mas não é maior que o arrepio gritante e sedento que sempre se pronuncia quando Harry está tão próximo assim.

- Eu estava mais perto... - Retruco, com a voz provocativa que só uso quando ele está próximo, me esforço para não perder a postura, mesmo sabendo que, no fundo, já a perdi completamente, no minuto que o atingi com a primeira bola.

- Você quer dizer... assim? - Harry pergunta, meio retoricamente, ao colar seu corpo com o meu, próximo demais, o suficiente para eu sentir quando todas as partes do nosso corpo se chocam.

Ambos respiramos de uma forma desenfreada, nervosos pela aproximação, porém a desejando tanto a tememos.

"O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos", não sei dizer se entendi bem o conceito que Pitágoras quis trazer com essa frase, mas de uma coisa tenho certeza, o desejo que sinto agora nunca me fez tão mortal, tão entregue a outra pessoa.

Sua mão aperta ainda mais meus punhos acima da minha cabeça, nossas respirações se unem, dominadas por um vapor comum gerado por conta do frio, tornando indecifrável saber quem é o provedor dessa "fumaça" que aparece na curta distância entre nossas bocas.

A ponta do seu nariz está a centímetros da minha, dependendo dos nossos movimentos elas se roçam, parecendo bem mais quentes do que deveriam estar em um dia gélido como esse, e a sua boca... está próxima demais, tão próxima que me sinto prestes a quebrar a lei de controle que eu criei sobre meus próprios instintos na presença de Harry, tudo que mais quero agora é não ter controle.

Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora