Capítulo 20: Hipócritas

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Harry

Após tomarmos o café em um clima ainda chocantemente agradável me levanto para seguir até a primeira aula, que não é na mesma turma que Draco, quando já estou saindo ele segura meu braço, fazendo com que eu me vire abruptamente na sua direção.

- Você sabe que pode simplesmente me chamar ao invés disso, não é? - Falo, apontando para nós dois e a curta distância entre nós.

Solto-me disfarçadamente do seu contato, me afastando alguns passos, atordoado pela aproximação repentina.

- Você realmente vai tomar café comigo todo o santo dia? - Pergunta, com sua conhecida mania de cruzar os braços na frente do corpo e arquear as sobrancelhas.

Apesar de estar tentando parecer incomodado é perceptível um pequeno sorriso no canto de seus lábios, seu tom emburrado discordando de sua expressão animada.

- Todo o santo dia não, porque preciso dar um pouco de atenção para Rony e Hermione, mas garanto que aparecerei na sua belíssima mesa um dia sim, um dia não.

- Olha, Ha... Potter, eu sei que falei coisas intimas demais da última vez que nos vimos, mas isso não quer dizer que somos agora melhores amigos e que você pode ficar me seguindo, pensei que sua fase de me perseguir pelos corredores já tivesse passado.

- Lembra o que eu te disse semana passada? - Digo, enfim a vontade para me aproximar os mesmos passos que havia me afastado anteriormente, parando há poucos centímetros de seu corpo. - Você pode me mandar embora quinze vezes, que vou voltar outras quinze vezes, então acho melhor ir se acostumando com a minha doce presença matutina.

Draco revira os olhos e respira fundo, aparentemente fazendo um enorme esforço para não sacar sua varinha e me amaldiçoar ali mesmo, ainda assim não consigo acreditar que não existe nenhuma parte dele que esteja adorando isso tudo.

- Ok, mas você só vai me perseguir dessa forma durante o café, depois por favor me deixe em paz.

- Vou pensar no seu caso. - Fico na ponta dos pés, vendo uma expressão de confusão se formando no rosto do loiro. - Boa aula, querido.

Seguro-me nos seus ombros para obter apoio o suficiente para depositar um beijo sutil na sua bochecha, a atitude faz Draco ficar estático, julgo que não está nem respirando mais, pelo jeito ele acabou de falecer temporariamente.

Quando me afasto a expressão que vejo em seu rosto é impecável, e se Hogwarts permitisse o uso de celulares na escola eu registraria esse momento eternamente.

Draco está com os olhos arregalados e as maçãs do rosto estão coradas em diversos tons de vermelho, enquanto seu corpo permanece imóvel.

Dou-lhe uma piscadinha marota antes de virar as costas e seguir meu caminho até a primeira aula, rindo durante todo o percurso, jamais esquecerei esse momento.

Chegando me sento do lado de Rony e Hermione, que me olham esperando que eu conte todos os detalhes do "momento em que eu desafie todos os limites da lógica e da razão". Faço um sinal para que eles se acalmem, que irei contar todos os detalhes assim que tivermos um intervalo entre as matérias.

- E aí, Malfoy te amaldiçoou? Zabini tentou te matar? Pansy o xingou até não poder mais? Goyle tentou enfiar uma faca em você? - Rony questiona, desesperadamente, assim que nos sentamos nas cadeiras da biblioteca, fitados de forma negativa por Madame Pince pelo tom de voz exacerbado do ruivo.

- Por incrível que pareça tudo correu muito melhor do que eu esperava. - Hermione bate palmas animadas, enquanto Rony continua desconfiado, supondo que estou lhe pregando uma peça. - Zabini pareceu animado em me dar espaço, Goyle e Pansy pareceram verdadeiramente indiferentes, e Draco... bom Draco continua sendo o mesmo de sempre.

Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora