Capítulo 39: Válvula de escape

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Draco

— Veio até minha casa fazer essas afirmações que todos os jornais já fizeram? Se for esse o caso era só me trazer um, não precisava vir aqui como um berrador personificado. – Respondo, dando um passo para o lado, saindo de trás de Harry, que me olha contrariado por eu decidir me afastar um pouco de sua proteção.

Eu sei as coisas fiz, sei porque esse homem sente tanto ódio de mim, mereço seu desprezo e rancor por mais que os receber me doa muito, mas não posso deixar que meus erros e minhas atitudes coloquem Harry em apuros. Mesmo que minhas mãos tremam e uma delas agarre a de Harry com uma força sobrenatural e eu que esteja me sentindo desabar por dentro, não posso me esconder a sua sombra, não quando sei muito bem quem está a minha frente.

— Malfoy, Malfoy, Malfoy... - Ele se vira, dando passos estritamente calculados na minha direção. — Sua casa? Pelo que sei essa casa é dos Black's e pelo que também sei essa é mais uma família que você compactou com a morte de um dos últimos herdeiros, ou estou errado?

Um silêncio toma conta do ambiente, sinto a mão de Harry apertando a minha e o suor escorrendo por ela, enquanto a outra treme na varinha ainda erguida para o visitante inesperado. Não sei dizer qual de nós foi mais atingido por essa frase.

— Mas se estou errado, me diga você, senhor Potter, considerando que o morto era o seu... padrinho, não é?

Os olhos de Harry queimam com uma raiva exorbitante e ele não pensa duas vezes antes de seguir a passos largos em direção ao homem, sem hesitar e muito menos olhando para trás.

Harry para diante dele, colocado a varinha na sua barriga enquanto ergue o rosto para fitar fortemente os olhos castanhos a sua frente.

— Nott, a próxima vez que você ousar citar o meu padrinho ou der mais um passo na direção de Draco, eu juro que você vai se arrepender amargamente por pisar na nossa casa.

Harry faz questão de frisar o "nossa casa", manifestando que discorda da afirmação de Theodore. Esperava por essa resposta, ainda assim ouvi-la me faz sorrir involuntariamente, porque sei que isso foi mais uma forma de apaziguar a culpa que começou a surgir no meu peito do que uma agressão verbal a Theodore. Sorrio também por conta da maneira rápida com que ele o ameaçou somente por um mero passo dado na minha direção.

— Se você aceita um assassino em casa isso não é um problema meu. - Theodore sorri com escárnio, se virando e voltando a andar enquanto observa minunciosamente os quadros da casa.

— Como você entrou aqui? – Pergunto, voltando a estabilizar meu tom de voz e minha postura também, o que faz Harry dar um pequeno sorriso de tranquilidade, roçando os dedos na minha mão.

— Digamos que seus amigos não hesitaram em me dar seu endereço. - A maneira como Theodore sorri sarcasticamente seguida de uma piscadinha debochada faz meu sangue ferver e não hesito ao me lançar contra ele. Quando me aproximo, Harry se afasta, deixando o caminho livre.

Não importa quanta consideração eu tenho por Theodore ou quantas lembranças ainda ecoam na minha mente, se ele fez alguma coisa com os meus amigos, juro por Merlin que acabo com a raça dele.

— O que você fez com eles? – Grito, o pressionando contra a parede, prendendo seu pescoço com meu braço e apertando a varinha na sua barriga. Inesperadamente ele começa a rir ainda mais alto e mais ironicamente.

— Isso, Malfoy, mostre para o seu namoradinho quem você é de verdade... – Ele mesmo se empurra contra a varinha para que a pressão faça uma gota de sangue escorrer de sua pele. — Um assassino.

Sua intenção com essa fala funciona, porque sou imediatamente atingido por um choque intenso e desconcertante, que faz com que de relance eu me lembre do dia que infelizmente marcou o fim da minha relação com Theodore e também o fim de qualquer resquício de vida que existia em mim antes disso. O dia que eu me destruí.

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