Alerta gatilho: Comentários sobre tortura e tentativa de suicídio
Draco
— Lucius, se eu fosse você não faria isso. – Consigo reconhecer claramente a voz de Theodore, que até então estava ausente desde do meu... pedido de desculpas? Da minha declaração? Não sei exatamente como explicar o que eu falei.
— E por que não? – Lucius responde sem abaixar a varinha, a mantendo em posição de ataque.
— Porque quando eu orquestrei toda sua fuga nós tínhamos um combinado, não é?
Theodore se aproxima a passos sublimes, parecendo surpreendentemente bem mais superior que Lucius, bem mais convicto, decidido, porque enquanto Lucius aparenta estar agindo impulsivamente, banhado pelo ódio, Theo parece saber exatamente o que fazer, porque nesse momento seu ponto principal não é ódio, é alguma outra coisa que ainda não consigo identificar.
— Nosso combinado era que você poderia fazer o que quisesse com os dois, desde que o resultado fosse meu. – Ele desce a mão até a varinha de Lucius, a arrancando, sem aviso, de suas mãos. — Sou o único com direito de mata-lo. Essa honra é minha.
Theodore lança a varinha para o outro lado da sala, não sei exatamente se é para afastar Lucius do local para podermos ficar a sós enquanto me mata, ou por algum outro motivo como querer mostrar que aqui quem está no poder é ele. Acredito na possibilidade de serem as duas opções em consenso.
Lucius encara fortemente Theo, ambos disputando uma autoridade com o olhar, tentando se amedrontar sem dizer uma única palavra, quase como se estivessem brigando para saber quem pisca primeiro, depois de alguns segundos que pareceram horas de desafio, finalmente Lucius recua indo em direção a sua varinha.
— A honra é toda sua. – Afirma, contrariado.
— Sei que não estou em condições de pedir muita coisa, mas se puder me matar o menos dolorosamente possível eu ficaria muito agradecido, Lucius fez questão de garantir a parte do dolorosamente. – Peço sarcasticamente, jogando a cabeça para trás quando rir causa uma dor ainda maior no meu tórax.
— Apenas cale a boca.
Não consigo descrever com clareza o que acontece diante dos meus olhos, apenas sei que vejo Lucius voando longe, batendo violentamente na parede sobre a lareira, caindo no chão com um impacto estrondoso.
Viro o rosto para Harry, convicto que essa atitude foi executada por ele, mas ainda parece desacordado pela força da Maldição, então giro os olhos para frente, congelando ao encontrar Theodore ainda com a varinha em punhos, parecendo tão chocado quanto eu por ter a audácia de fazer isso, ainda mais para me defender, justamente... eu?
— O que acabou de acontecer? – Pergunto, ainda escandalizado, me dedicando em entender esse momento.
— Vamos, você precisa sair daqui. - Theodore engancha as mãos no meu braço e tenta me levantar, mas a dor na minha barriga é insuportável, em contraponto também não consigo sentir minhas pernas, simplesmente nenhuma movimentação, como se elas tivessem simplesmente desistido de fazer parte do meu corpo.
— Tira-o daqui. – Aponto com a cabeça para Harry. — Deixa que eu me viro. Tudo que quero é que Harry fique bem.
— Draco, eu não ferrei toda a droga meu plano para deixar você morrer aqui. Olha para mim! - Ele leva as mãos até meu rosto com uma delicadeza inesperada, deixando seus dedos percorrerem alguns machucados que consigo sentir ali, um arrepio de dor transpassa pelo meu corpo, mas decido ignorar, não quero perder esse momento.
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Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...