Capítulo 69: Três anos

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Harry

Se alguém me falasse no auge dos meus onze anos que no futuro eu estaria completando três anos morando e namorando com Draco Malfoy, certamente eu teria chamado a pessoa de doida ou até mesmo de psicopata, mas como minha vida sempre foi repleta de loucuras e situações inesperadas, aqui estou vivendo mais uma loucura inesperada. Hoje faz três anos que decidimos morar juntos, 1095 dias dormindo com ele todas as noites, acordando todos os dias com seus braços em volta de mim, 36 meses o ouvindo reclamar semanalmente da forma como sou extremamente desorganizado. Três anos que eu não imagino mais a minha vida sem ele.

Fizemos juntos das coisas mais básicas até as mais memoráveis. Draco começou a ler para mim todas as noites, dizendo que isso me estimularia a ser mais inteligente, tenho que admitir que de certa maneira acabou funcionando porque comecei a me interessar consideravelmente pelo ato de leitura, mas como não quero que ele pare com essa rotina agradável gosto de fingir que ainda sou cem por cento desprovido de conhecimento.

Draco aprendeu a ir no mercado sozinho e depois de milhares explicações sobre como voltar para casa carregado de compras não era necessário, ele aprendeu a comprar somente o desejado ou quase isso, da última vez comprou uns três cactos aleatórios.

Toda semana, na sexta-feira, vamos na psicóloga - do mundo bruxo, afinal seria difícil explicar para uma trouxa porque somos duas pessoas traumatizadas com uma guerra que ela nunca teve conhecimento da existência - não é uma terapia de casal, nem do gênero, nós dois atendemos em horários separados, foi ideia de Hermione, claro, ela disse que nós dois somos muito trincados emocionalmente e que seria bom se consultássemos com alguém que realmente entende do assunto. Draco rapidamente concordou, o que foi bem chocante já que o loiro nunca concorda rapidamente com nada, nem coisas que são sugestões dele mesmo, sua justificava para tamanha concordância é que "não precisa ser um gênio pra perceber que estamos bem ferrados da cuca", foi o melhor argumento que eu poderia ter ouvido, então acabei concordando.

As sessões realmenteajudam, comecei a entender e a lidar melhor com as marcas da guerra e as perdasque ela ocasionou na minha vida, de acordo com a psicológica passei a entenderporque eu me culpo tanto e porque tenho tanto medo de prejudicar ou perder aspessoas ao meu redor. Draco gosta de dizer que a psicóloga o fez entender comoele é incrível, mas sei que na verdade ela tratou bastante dos seus problemas comrelacionamentos, culpa e sentimentos, ele tem evoluído dia após dia suasrelações com as pessoas, tornando-se cada vez mais sociável, além de estar demonstrandomais seus sentimentos

Um dia em que eu já estava cansado de ler regras e mais regras sobre o funcionamento do esquadrão de aurores, sugeri que nós saíssemos para dar um passeio, aproveitar o raro tempo livre. No meio do caminho um gato começou a nos seguir, Draco que sempre foi apaixonado por bichos o pegou no colo e ficou com ele a caminhada inteira, porém voltamos para casa e tivemos que deixar o bichano no térreo, afinal inicialmente o plano não era adotar um animal.

Pode-se dizer que o gato se apegou no loiro, porque ele permaneceu uns quinze minutos miando na no térreo, Draco que já estava surrealmente carente ouviu os miados e começou a chorar, também durante quinze minutos consecutivos, desatou a dizer que era um monstro que havia abandonado um animalzinho indefeso, iniciou uma lógica conspiratória de que o bicho na verdade era para o relembrar de sua infância. Chegou num ponto que eu já não entendia o que estava sendo falado, entendia apenas que com certeza ele estava triste e que eu precisava fazer alguma coisa em relação a isso.

Depois de um tempo eu já não tinha mais nenhuma ideia do que fazer para animá-lo, já tinha tentando lhe dar comida, tocar piano, ligar para os amigos dele e mais um trilhão de coisas. Foi aí que uma luz se acendeu na minha cabeça, inventei que ia buscar uma coisa no mercado, mas na verdade fiquei andando durante quase quatro quadras procurando pelo bendito gato. Quando finalmente o achei, sentado tranquilamente em um banco, o levei até o veterinário para tomar um banho e verificar sua saúde, claro que antes disso tive que sobreviver ao ataque mortal que o animal tentou executar contra mim.

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