Capítulo 48: Aviso

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Draco

Começar a fisioterapia foi uma coisa a qual eu evitei com todas as minhas forças, ludibriar minha mãe durante um mês após o ano novo, inventando desculpas fajutas para continuar na Mansão quieto em meu canto sobre os cuidados dos medimagos que vão me ver uma vez por dia, foi muito fácil para falar a verdade, mas como não é somente minha mãe que está acampada ao meu lado, ludibriar Harry com certeza não foi nem um pouco fácil. Desde que nos beijamos no ano novo, e o St. Mungus me liberou para ser atendido em casa, Harry praticamente ou literalmente se mudou para cá, mais especificamente para o meu quarto, sendo ainda mais especifico para minha cama, mas no sentido bem puritano da palavra.

As coisas entre nós não mudaram muito, como eu tinha medo que acontecesse já que nossas lábios entraram em bastante contanto sobre uma chuva de fogos de artificio, nossa relação continua a mesma, provavelmente porque já agíamos como namorados bem antes disso, agora somos apenas pessoas que agem como namorados e também se beijam como namorados, mas não são namorados. Toda hora, o tempo todo. Acho que até desaprendi como é ficar tempo demais longe dos lábios de Harry. Porém por mais que eu saiba que meu beijo é incrivelmente contagiante, não foi o suficiente para Harry me dar um mero segundo de paz sobre iniciar de uma vez o tratamento.

- Por que você está fugindo? - Harry disse, gritando de forma abafada, na porta do banheiro, por causa da escova de dentes na boca.

- Vamos iniciar esse assunto enquanto você não está nem acordado direito? Ainda por cima babando pasta de dente no meu carpete? - Seus cabelos estavam ainda mais bagunçados que o comum, sua roupa de dormir, camiseta cinza com sua calça de moletom branca, ainda estava colada no seu corpo e seus olhos pareciam prestes a se fechar a qualquer momento, mesmo assim ele continuava lindo. Esse dom, de ficar bonito num estado que qualquer outra pessoa ficaria deplorável, é único de Harry.

- Estou tentando conversar sobre isso de manhã, de tarde, de noite, em nenhum dos momentos você parece estar me ouvindo.

- Eu simplesmente não vejo necessidade de começar uma coisa que tem uma grande porcentagem de chance de não funcionar. - Deixei que a verdade finalmente escorressem dos meus lábios, usei todas as desculpas esfarrapadas possíveis, estar cansado, estar traumatizado, estar abalado demais para começar algo tão grandioso quanto isso, mas a realidade é que estava, e ainda estou, com medo, com medo de criar expectativas sobre uma possível melhora e as coisas não saírem como o planejado, medo de depositar todos os meus últimos resquícios de positividade em algo que poderia me levar para o mais fundo dos poços novamente, simplesmente medo de acabar perdendo toda a aceitação que criei por nada, um resultado negativo, uma decepção que poderia facilmente ser evitada se fosse ignorada.

É muito mais fácil aceitar que Lucius destruiu minhas pernas e seguir em frente. Estou paraplégico, ok, o que temos para o café da manhã?

- Querido, a porcentagem de funcionar também é bem grande. - Harry saiu do banheiro, o cabelo um pouco mais endireitado e o bafo matutino eliminado com sucesso, ele pegou seus óculos da mesinha do seu lado da cama colocando-o para ser capaz de enxergar alguma coisa diante de si. - Eu sei que é assustador iniciar uma coisa que pode não dar certo, mas tudo na vida pode dar errado de uma hora para outra, então por que não tentar?

- Porque vai ser desgastante, me esforçar dia após dia para dar um passo que pode não levar a nada. Eu já aceitei que não vou mais andar, para que preciso retroceder ao ponto de ter esperanças para elas serem destroçadas novamente?

- Ter esperanças não é um retrocesso, Draco, é ir para um direção mais amigável do que a aceitação das coisas ruins. Você quer voltar a andar, sabe que quer, dê uma chance para isso. - Desviei o olhar, cruzando os braços, tendo total conhecimento que aquela atitude parecia de uma criança birrenta, assim como Harry também tinha, por isso o riso acabou saindo nasalado da sua garganta, o moreno levou a mão até meu rosto, me induzindo a olhá-lo.

Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora