Capítulo 31 - Simplicidade

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Harry

Consigo ver os sentimentos de Draco colidindo, ao mesmo tempo que parece nervoso, também parece animado durante o caminho inteiro, ele gira o anel de cobra no dedo, o que representa nervosismo, mas também está mexendo em quase todas as partes do carro, como se ele já não conhecesse tudo, o que representa animação.

Sinto-me obrigado a sorrir, olhando para fora, notando o quanto eu conheço esse homem e o quanto amo conhecer.

— Vai comprar alguma coisa para os seus amigos? – Pergunto, assim que chegamos ao Beco Diagonal e paramos no Caldeirão Furado para conversarmos sobre aonde vamos a partir de agora.

— Nunca comprei nada para eles, não sei como fazer isso. – Admite, um pouco envergonhado, o que o deixa ainda mais adorável do que o normal.

— Eu tenho muitos presentes para comprar, então enquanto compro as minhas coisas você pode me ajudar a escolher, se gostar de algo compramos para os seus amigos. – Sugiro, buscando passar um pouco de serenidade, o que funciona porque ele parece menos tenso.

— Como eu vou saber que gostei de alguma coisa? Ou se eles vão gostar? – É impossível não achar adorável o jeito como Draco parece uma criança saindo de casa pela primeira vez, nervoso e curioso sobre tudo, cheio de perguntas, ansiando pelas respostas, é lindo.

— Na hora você vai saber. – Dou um tapinha de leve na mão dele antes de bagunçar seu cabelo, vendo-o me fitar ferozmente, porque ninguém pode ver o ilustre Draco Malfoy com suas madeixas desarrumadas, sua expressão obviamente me faz dar risada.

Pago a conta, puxando-o pelo braço para sairmos, rindo mais uma vez quando ele quase cai da cadeira pelo puxão súbito.

Assim que saímos na rua os olhares repulsivos já esperados começam a repousar sobre Draco, pessoas que nunca conversaram com ele na vida, agora o olham com nojo e desgosto, como se pudessem julgar a pessoa que ele é apenas por matérias infundadas no Profeta Diário e suposições que elas nem sabem se são verdade.

Em tempos passados eu me sentiria indiferente a isso, poderia até achar que os olhares são merecidos, mas agora só consigo sentir raiva, porque ninguém aqui conhece o Draco que fica todo risonho enquanto cozinha comidas incríveis todo sábado, ninguém conhece o garoto que se joga na minha cama quase todas as tardes apenas para não ter que ficar sozinho no seu quarto, nunca o viram estudando de pernas cruzadas no meu colchão enquanto come biscoitos de polvilho, que descobri serem seus preferidos.

Ninguém conhece o quanto ele fica lindo de pijama, coçando o olho de sono, ninguém já o ouviu tocando piano maravilhosamente bem, ou o viu ouvindo Queen escondido apenas porque o contei que é minha banda preferida, ninguém conhece o Draco que guarda todas as cartas da mãe numa caixinha especial para poder ler quando se sente para baixo, nunca o viram escrevendo para os amigos todas as semanas para não os deixar preocupado.

Ninguém conhece o Draco, o meu Draco, o que eu aprendi a conhecer dia após dia e espero conhecer ainda mais, desde das coisas mais estapafúrdias até os mínimos detalhes de sua vida, queria tanto que essas pessoas pudessem sentir o mesmo.

Quando olho para Draco e enxergo o medo, a culpa, a tristeza e mais outros diversos sentimentos pejorativos expressos em seu rosto, decido tomar a única atitude que passa pela minha cabeça, uma que possa o tranquilizar e ao mesmo fazer todos desviarem a atenção dele para mim ou para fofocarem entre si, sendo assim, tomo sua mão, entrelaçando nossos dedos.

O gesto o deixa automaticamente tenso, aparentando estar nervoso e receoso, porém não recua, apenas me encara como se perguntasse silenciosamente se tenho certeza do que estou fazendo, é devido a esse olhar preocupado, não com ele, mas comigo, que eu confirmo tanto para mim quanto para ele que tenho total certeza do estou fazendo.

Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora