Harry
Estou nervoso, talvez nervoso seja uma palavra até meio falha para representar o que estou sentindo nesse momento, hoje Teddy vem passar o dia aqui em casa, em outras palavras, hoje vamos conversar com ele sobre James, não sei como ele vai reagir, tenho medo que se sinta magoado, ou que não saibamos explicar as coisas como gostaríamos.
Draco também está nervoso, disfarçando um pouco melhor que eu, mas ainda assim nervoso, é perceptível pela forma como está limpando o balcão da cozinha descontroladamente a cerca de uma hora, seu jeito sutil de demonstrar nervosismo.
Ontem passamos a noite inteira revisando como vamos falar, hoje de manhã acordamos mais cedo para revisar novamente, a maior parte da explicação gira em torno de "amamos você", "amamos você" e "amamos você".
Essa insegurança toda vem praticamente pelos mesmos motivos, Draco passou grande parte da vida sem reais relações com as pessoas, em contramão, eu perdi a maior parte das relações que tinha, por conta desses passados tanto eu quanto Draco, não queremos perder Teddy de forma alguma, o carinho que sentimos por ele continua inalterável, com a adoção ou não.
- Vai dar tudo certo, não vai? - Draco enfim abre a boca, após ter passado a manhã inteira no mais completo silêncio, sua voz demonstra está trêmula, preocupada.
- Claro que vai, Teddy é um garotinho amigável e tranquilo. - Afirmo, aproximando-me dele, soltando a sua mão do pano, entrelaçando nossos dedos.
- Tenho medo de perde-lo, ele é nossa da família, Harry. - Admite, escorando a cabeça no meu ombro.
- Eu sei, querido, e vai dar tudo certo. - Assim que termino de falar a campainha toca, anunciando a chegada do garotinho.
Antes de me direcionar até ela, dou um beijo carinhoso na testa do loiro, olhando profundamente nos seus olhos repito mais uma vez, a frase servindo de apoio para nós dois.
- Vai dar tudo certo.
- Oi, padrinhos! - Teddy grita, animado como sempre.
Como de costume ele me dá um beijo rápido na bochecha e logo me solta, correndo bem mais entusiasmado na direção de Draco, que o pega no colo dominado pelo mesmo entusiasmado.
Seguindo a rotina, eu também os olho com o mesmo olhar bobo de sempre, nunca vou me cansar de admirar a sintonia com que esses dois funcionam. Até mesmo Junior, o gato, que estava dormindo tranquilamente no sofá, ouve a voz de Teddy e pula rapidamente, correndo até o garoto, miando afetuosamente ao se esfregar nas pernas de Draco.
- Não se preocupem, ele vai ficar bem. - Andrômeda fala, dando um aperto tranquilizante no meu ombro.
A única pessoa para quem contamos sobre a decisão de adotar James foi Andrômeda, como contar para Teddy antes dos outros faz parte do nosso objetivo, achamos conivente pedir conselhos para a pessoa que convive com ele 24 horas para saber qual seria a melhor abordagem.
Ela desde do início estimulou a nossa decisão, nos apoiou e nos aconselhou sem hesitar, disse que não deveríamos contar para Teddy assim que chegasse, deveríamos esperar até a noite, porque daí quando o contássemos sobre a decisão, ele perceberia que mesmo que já tivéssemos decidido adotar quando ele chegou, as coisas não estavam diferentes, dessa forma entenderá que uma coisa não altera a outra.
Ouvindo o conselho de Andromeda passamos o dia inteiro agindo com naturalidade, assistimos filmes, comemos salgadinhos, passeamos no parque, jogamos videogame, etc. Quando a noite encheu os céus, Draco e eu nos olhamos com insegurança, nossos olhares dizendo: "Quem vai começar?".
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Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...