Capítulo 46: Ação e Reação

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Harry

Tentar fingir não estar sedento de raiva ao saber que Rufus estava no hospital foi com certeza a parte mais difícil disso tudo, eu não o comuniquei sobre Draco ter acordado, logo ele tinha total noção que ainda não era bem-vindo ali, principalmente por fazer pouquíssimo da recuperação - ainda incompleta - do loiro. Queria que Draco tivesse um tempo para absorver a paraplegia antes de ser colocado contra a parede sobre a sua participação no ataque, porque sabia muito bem que o Ministro faria de tudo para coloca-lo em contradição nas suas respostas, foi exatamente isso que ele fez de acordo com a expressão cansada que Draco deixou transparecer no seu rosto assim que o "depoimento" acabou.

- Tem certeza que ainda quer chamar isso de depoimento? - Perguntei quando chegou a minha vez de responder seus questionamentos.

- E como eu deveria chamar, senhor Potter?

- Acredito que interrogatório, não é? Quando se interroga um suspeito é assim o nome correto.

- Ninguém aqui é suspeito. - Sua frase não condiz com o bloco de notas na sua frente com as anotações do Draco para serem comparadas com as minhas, muito menos com os aurores na porta do quarto do loiro, quase como vigias.

- Não foi o que você deu a entender na ultima vez que nos vimos, nem o que está dando a entender agora.

- Se está tentando receber informações sobre a investigação, infelizmente não poderei lhe ajudar com isso.

- Estou tentando entender o porquê de toda essa ansiedade em interrogar o Draco, ele acordou ontem, não deu nem tempo de respirar antes de você já vir aqui o fazer se recordar de uns dos piores momentos de sua vida.

- Seria muito fácil criar um conluio para vocês forjarem um depoimento semelhante se eu demorasse demais. - Bingo, extrair de Rufus o seu pensamento sobre a investigação foi bem menos complicado do que eu achei que seria, ele realmente quer encontrar algo que incrimine Draco, apenas não entendo porque todo essa obsessão repentina.

- Você acha mesmo que Draco fez tudo isso? Ficou paraplégico por livre e espontânea vontade? Que planejou a morte de um amigo apenas para cair nas graças do povo? Em que mundo psicótico você vive, Ministro? - Tentei manter o tom de voz o mais pacifico possível, a postura ereta, calma, conviver com Draco tem trazido seus bens, mas foi impossível conter o desprezo que começou a se pronunciar no meu peito.

- Uma pessoa é capaz de tudo para reduzir sua culpa perante seus atos no passado. - Ele levantou a sobrancelha dando a frase um ar de dubiedade que optei por ignorar, aquilo não era sobre mim.

- Ah, sim, ele mata uma pessoa para perder a culpa por ter matado outras, essa sua lógica é tão racional que me choca.

- Se ele não tiver nada a esconder, então estará livre, não entendo porque você está tão nervoso com isso, senhor Potter.

- Porque você parece empenhado demais em culpabilizar Draco sobre isso, e por que? Por que tanto interesse nele agora? - Cruzei as mãos sobre a mesa, aproximando-me um pouco mais de seus olhos, que pareceram dançar com uma resposta na qual ele não pode oferecer.

- Porque sabemos muito bem que ele não foi inocentado dos crimes como Comensal porque era inocente, foi porque alguém manipulou o júri. - Joguei-me para trás na cadeira, rindo falsamente da mentira explicita na sua resposta, me atacar para se desviar do verdadeiro motivo, quase impressionante.

- E alguém ofereceu propina para uma das famílias mais ricas do mundo bruxo em troca da localização de Lucius Malfoy. Vamos falar sobre manipulação, tem certeza?

Esse limbo de pagar para um e para outro foi bem pertinente na época do julgamento de Draco, paguei Rufus para que pagasse os Greengrass para que Draco não fosse obrigado a casar com Astoria, para com isso entregar o endereço de Lucius para o Ministério, ai entrei em um acordo com o Ministro para que Narcisa não fosse condenada a pena máxima, porém não consegui fazer com que ele inocentasse Draco, o que levaria o loiro a um julgamento onde ambos sabíamos que iria perder, então fiz um voto perpétuo com o júri me responsabilizando por todos os atos dele se concordassem com sua soltura, o que funcionou, entretanto bem a contragosto do Ministro que sempre se mostrou contrariado sobre a decisão dos jurados.

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