Capítulo 59: História

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Harry

Quando estou nervoso sempre tento pensar em motivos para continuar fazendo o que estou fazendo, me agarrar em algo que não me faça ter vontade de surtar, nesse momento me dedico em me agarrar na ideia de que tudo isso, toda essa exposição é por Draco, é para que o mundo veja que todos - menos pessoas como Lucius Malfoy - merecem uma segunda chance. Não existem monstros que se criam do nada, não existem péssimos alunos, existem péssimos professores, o melhor exemplo disso é que assim que Draco foi colocado para fora de um ambiente absurdamente abusivo, ele mudou. Antes de olharmos apenas para os erros e problemáticas das pessoas às vezes é bom nos questionarmos sobre o motivo pelos quais eles existem. Uma vez lutei contra alguém que queria destruir tudo, hoje luto contra os próprios ameaçados, contraditório.

Direciono-me para a cadeira na frente dos jurados, um pouco afastado de Draco, porém mesmo assim quando passo próximo dele deixo nossos dedos se roçarem por alguns segundos, o suficiente para ninguém perceber, o suficiente para ele sentir. Quando me sento percebo o suor nas minhas mãos. Respiro fundo antes de erguer a mão e jurar dizer somente a verdade, nada mais que a verdade. Espero que dessa vez alguém acredite nela.

- Senhor Potter, pode começar me dizendo o que você estavam fazendo quando foram invadidos?

- Protesto, relevância? - Estou tentando fazer um esforço para entender que Russell está apenas fazendo o seu trabalho, que não sabe de toda a armação em cima de Draco, mas cada vez que ele abre a boca esse pensamento se esvai da minha mente.

- A relevância é dar um contexto a invasão, precisamos compreender a situação como um todo. - Arthur argumenta com convicção com o Ministro, que olha para os jurados que concordam com a cabeça.

- Protesto negado. - Solto o ar que nem sabia que estava segurando, tentando não olhar para Draco porque sei que vou acabar sorrindo para ele.

- Draco e eu havíamos acabado de almoçar, estávamos lavando a louça quando Monstro, nosso elfo doméstico, nos comunicou que tinha alguém na sala procurando por nós...

- Essa pessoa havia sido convidada? O elfo permitiu sua entrada?

- Não, não havia sido convidada e forçou a entrada porque Monstro não tinha liberado.

- Essa pessoa, quem era?

- Theodore Nott. - Ainda lembro dele parado de costas olhando para os quadros na sala, a arrogância no seu tom de voz, o desdém, a forma como Draco segurou descontroladamente a minha mão, nervoso, asssutado.

- E o que ele queria?

- Inicialmente eu não entendi muito bem o que ele queria, depois começou a contar sobre o passado dele com Draco e como isso havia o afetado. Quando houve recusa na sua presença vindo de mim e de Draco ele me lançou um Petrificus Totallus.

- Você havia o atacado antes disso? Ou foi ele quem deu o primeiro passo?

- Não, achei que não seria necessário.

- E por que achou isso?

- Porque achei que os aurores que estavam sempre de guarda na nossa porta perceberiam que estávamos sendo invadidos. - Não consigo ocultar a repulsa na minha fala, o que imediatamente Russell usa a seu favor.

- Protesto, especulação. Ele está dando a entender que os aurores mentiram nas suas versões sem nenhuma prova.

- E realmente mentiram, estavam lá todos os dias, todos os domingos iam até lá fazer a checagem, é impossível que não tenham visto um estranho entrar, afinal todos que entravam passavam por eles antes. - O meu tom de voz sai um pouco mais elevado do que eu esperava, a raiva reagindo a contragosto, Arthur me dá uma olhada repreendedora, essa não é boa hora para prender o controle.

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