Draco
- Você vai fugir do discurso, não vai? - Pergunto quando conseguimos ficar sozinhos por alguns minutos enquanto os patrocinadores fazem suas propagandas.
- Amarelo? - Ele diz, distribuindo beijos pela minha bochecha para reforçar seu pedido. Seus olhos ainda estão meio avermelhados pelo choro anterior, e eu não quero nem me olhar no espelho para descobrir como os meus estão. - O seu discurso foi a coisa mais perfeita que alguém já me disse na vida, não tenho a menor capacidade de competir com isso ainda mais em público.
- Você vive fazendo discursos amorosos praticamente desde do primeiro mês que moramos juntos no Largo Grimmauld. - Seria mentira se eu dissesse que estou brincando.
- É diferente, lá não tinha centenas de pessoas me olhando, esperando que eu diga algo a sua altura.
- Para alguém que literalmente matou um bruxo das trevas enquanto estava sobre pressão você lida muito mal com ela.
- Também é diferente, naquela situação ou eu lidava com a pressão ou metade da população bruxa morria, agora não tem uma população em risco, só a minha reputação e ela pode morrer. - A voz do moreno fica um pouco mais eufórica, o que me induz a o abraçar mais forte contra meu peito.
- Sua reputação não vai ficar em risco se você não discursar. Acho que você está começando a surtar, devo pegar uma água?
- Até deveria, porém não estou interessado em ficar sozinho e ter que lidar com repórteres e pessoas.
- Ok, antissocial, eu só vou avisar Pansy para que dê um jeito na lacuna que a falta do seu discurso vai gerar e já volto. Aguenta dois minutos interagindo com seres vivos?
- Se você demorar dois minutos e cinco segundos, eu vou evaporar. - Harry ameaça em tom de brincadeira, ou nem tanto, colocando discretamente a mão sobre a varinha.
- Entendi, sem atrasos então. - Dou um selinho rápido em seus lábios antes de sair pelos corredores a procura de Pansy.
No meio do caminho me esbarro em alguém que acaba derrubando champanhe no meu terno, em tempos passados eu provavelmente reagiria agressivamente a isso, porém agora me contendo em apenas levantar os olhos para poder identificar o sujeito.
- Me desc... - Sou interrompido pela visão inesperada que tenho diante dos olhos, tanto que dou alguns passos para trás me afastando em um ato quase involuntário, procurando Harry com os olhos no mesmo segundo. - O que você está fazendo aqui? Como entrou?
- Calma, Malfoy... - Dessa vez sou eu que o interrompo, deixando de lado o pequeno medo que começa a gritar no meu peito, o substituindo pela raiva que sua presença me causa.
- Black - Corrijo, dando um passo à frente. - Não me chame de Malfoy. - Por incrível que pareça sua expressão não possui mais nojo ou repulsa como possuía nas ultimas vezes que nos vimos, contudo ainda assim é o seu rosto, o que em si já é motivo o suficiente para me causar desgosto.
- Ok, desculpe. - Ergue os braços em sinal de paz. - Se acalme, Black, não vim aqui cometer um crime.
- Não me interessa o que você veio fazer aqui, Córmaco, o que me interessa é que você vai sair imediatamente. - Desisto de procurar por Harry e me foco em achar Ronald para retirar esse ser indesejado daqui, assim que encontro o ruivo começo a erguer a mão para chama-lo, mas McLaggen a segura colocando-a para baixo novamente. - Não encoste em mim!
Algumas pessoas olham curiosas para nós, o que me obriga a forçar um sorriso ao puxá-lo para o lado, distante dos convidados que estão prontos para tomarem conhecimento do que está acontecendo com o anfitrião.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dois Opostos
FanfictionDizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. Foi isso que a Segunda Guerra Bruxa fez com Harry Potter e Draco Malfoy. Um sobreviveu a pressão de ser o eleito, aos traumas de presenciar...