Capítulo 23: Ofego

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Draco

Minha cabeça lateja de uma forma quase destrutiva, olho no relógio, já passa das onze, isso quer dizer perdi o café, e com toda essa minha animação provavelmente perderei o almoço também.

A noite passada foi um inferno, depois da discussão com Harry e as infinitas afirmações de Zabini, acordei várias vezes com pesadelos nada agradáveis envolvendo Potter, para cessá-los me dopei com vários remédios diferentes, o que já estou acostumado a fazer devido as repetidas noites mal dormidas que vivo tendo, e agora me sinto com uma espécie de ressaca de medicamentos.

Levanto e sou obrigado a me escorar na ponta da cama ao sentir a tontura pesar minha cabeça, após alguns minutos recuperando-me enfim consigo me levantar, então arrumo meu cabelo, colocando a roupa preta mais comum que encontro, camisa, calças, bota e a capa padrão.

Desço as escadas chegando até a comunal, encontrando o trio parada dura dos meus amigos sentados no sofá.

- A bela adormecida finalmente acordou. - Pansy fala, se levantando do ombro de Blásio e depositando um abraço caloroso em mim, seguido de um beijo na bochecha.

- Depois dos quilos de remédio que você tomou pensei que fosse acordar só amanhã. - Blásio diz, um tom misturado com sarcasmo e incômodo, não consigo entender o motivo da irritação, considerando que ele sabe que já faz anos que faço isso quando preciso fugir de alguma coisa.

- Acho que isso não é da sua conta. - Sei que Blásio só está preocupado com meu bem-estar, mas não consigo reagir educadamente quando alguém se intromete na minha vida com tanta naturalidade, principalmente quando ainda estou meio dopado de remédios.

Arrependo-me assim que respondo, porém, não posso mais retirar o que disse.

- Claro, só é da minha conta quando é útil para você. - Zabini rebate irritadamente, em seguida se levanta e sai da comunal, deixando-me completamente perdido.

Eu sempre sou grosso impensadamente, tanto que os três sempre fizeram piadas com isso, por que hoje Blásio está tão incomodado com isso?

- O que está acontecendo? - Pergunto para os dois que sobraram na minha frente, que me olham com feições reprovadoras.

Goyle é quem toma a palavra, suspirando e deixando a cabeça pender sobre a mão.

- Zabini está se sentindo substituível, Draco, você, eu e Pansy temos anos de história, você pode agir com esse seu jeito grosseiro de sempre, que vamos rir e te infernizar até vossa senhoria parar de ser tão irritante, mas apesar de conhecermos Blásio há anos também, ele sente que você só dá liberdade para ele quando precisa de ajuda, senão ele é completamente descartável.

- É lógico que não, Blásio não é descartável. - É a única coisa que consigo falar, nunca parei para pensar que Blásio podia estar se sentindo desconfortável pela maneira que eu o trato, por um instante meu peito se aperta por novamente estar magoando alguém sem nem perceber, deve ser um dom.

- O problema, Draco, é que ele não está errado, - Pansy afirma, voltando a se sentar no sofá, parecendo tão cansada quanto Goyle.

- Como assim? - Questiono, confuso.

- Quantos vezes você me procura por dia? - Goyle pergunta, mas não me deixa responder. - 90% do seu dia você disfarçadamente me procura só para ficar ali do seu lado, mesmo sem falar nada ou sendo totalmente irritante.

- Quantos vezes você me procura? - É a vez de Pansy perguntar e também se auto responder. - Toda vez que você quer ir à biblioteca, mas não quer ficar sozinho, isto é, quase toda hora.

Dois OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora