· Perspectiva de Rafaella
Eu estava achando tudo aquilo uma tremenda idiotice. Não queria participar da brincadeira, mas não poderia ser a única a dizer não. Eu agradecia mentalmente por ninguém ter me tirado e nem a ela até aquele momento. Mas agora era a sua vez, e iria ser inevitável presenciar a cena de Gizelly indo para o banheiro com alguém. Não estava preparada para ver ela perdendo seu bv com algum dos babacas ali. Não que eu achasse meu irmão e o Pyong babacas, mas o mesmo não poderia dizer sobre os outros.
Os minutos que a garrafa levou para parar me pareceu uma eternidade.
Não queria imaginá-la nos braços de outra pessoa além de mim, por mais egoísta que parecesse. Eu sabia que queria que ela disse não, seja lá para quem fosse. Fiquei alternando o meu olhar entre ela e o Tato, uma pontada de ciúmes e tristeza me invadiu. Eu percebi que ele desejava ser o escolhido, que ele queria o mesmo que eu.
Eu notei quando a garrafa finalmente parou, estava encarando o meu irmão e pelo seu semblante pude perceber que não era para ele que a garrafa apontava.
- Estão esperando o quer? Um convite especial para irem logo para o banheiro. – Disse Bianca.
- Vamos, não empatem o fluxo da brincadeira, quero beijar alguém ainda essa noite. – Reclamou Rodolfo.
- E você já não beijou. – Implicou Fred.
- Não, mas você deve ter ficado com ciúmes do seu amorzinho, não é Caon. – Disse Rodolfo.
- Vocês são uns idiotas. – Respondeu Caon.
- É pra hoje ou não? – Perguntou Bianca.
- Deixem-nas. – Pediu Sammy.
- Vamos meninas, a brincadeira tem que continuar. – Disse Mari.
Foi então que olhei para onde a garrafa apontava.
Sentir que o meu coração tinha parado, assim como a garrafa. Por mais que não quisesse vê-la indo para o banheiro com alguém, não imaginei que seria eu a escolhida. Desviando o olhar da garrafa encarei Gizelly, seu rosto tinha um toque de decepção, e eu sabia o porquê. Ela queria meu irmão, não a mim.
- Sabem das regras, mesmo sem gostar tem que passar sete minutos no banheiro com quem a garrafa escolheu. – Disse Pyong.
- Então adiantem, não amarrem a brincadeira. – Reclamou Caon.
Tato permaneceu em silêncio, assim como eu e a Gizelly.
- Adianta, quengas. Não estraguem a brincadeira. – Disse Bianca.
Gizelly levantou em silêncio, parando em minha frente ofereceu a mão. Eu olhei primeiro para o meu irmão, depois para todos da rota para só então a encará-la e aceitar a sua mão.
Fomos em silêncio para o banheiro, e ficamos assim por pelo menos um minuto. Eu usei o espaço da pia para me sentar, enquanto ela permaneceu encostada na parede de frente para mim. O banheiro era pequeno. Foi quando eu decidir falar e quebrar o clima tenso.
- Não precisamos nos beijar, mas ficar assim também já é demais. Sei que não sou a melhor das opções ali, mas poderia ficar feliz de ter sido eu e não o Rodolfo. – Falei tentando fazer graça da situação.
- Para de bobeira, Rafa. Você é uma das melhores opções dali. Não fala besteira. – Gizelly me repreendeu.
Eu estava dividida em querer ter o meu primeiro beijo com ela, ou não interferir no caminho do meu irmão. Mas eu gostava muito da Gizelly, e já que eu estava ali, não poderia deixar escapar aquela oportunidade. Poderia ser a única em minha vida de poder sentir a sensação dos seus lábios.
- Vamos nos beijar. – Disse tomando coragem.
Gizelly me encarou como se tivesse crescido uma segunda cabeça em mim.
- Está maluca? – Perguntou.
- Não, estou entrando no jogo. Por que não podemos fazer o mesmo que a Bia e a Mari? Vamos nos beijar, pelo menos assim quando fomos beijar um menino, pelo menos teremos alguma noção do que fazer. – Disse como se eu realmente acreditasse nessa baboseira. Eu sabia que não queria beijar nenhum menino, ou qualquer outra pessoa, a não ser ela.
- Não acho uma boa ideia.
- Eu acho uma excelente ideia. Vamos logo, daqui a pouco vem alguém avisar que o tempo chegou ao fim. – Disse tentando encorajá-la e a mim mesma.
Eu não sabia onde estava com a cabeça para fazer essa proposta para Gizelly, mas já que tinha feito, queria muito que ela aceitasse.
Ela ficou em silencio por alguns segundos, e então.
- Certo. Só não quero que isso acabe estragando nossa amizade e deixando as coisas estranhas. Eu não acredito que meu primeiro beijo vai ser com uma menina, sem ofensas, Rafa. – Disse ela, tentando não me ofender. – Então vamos logo fazer isso.
Gizelly me puxou, fazendo com que eu descesse de onde estava e ficasse cara a cara com ela, minha respiração ficou acelerada e minhas mãos tremiam, sentir aquelas mãos fortes e ao mesmo tempo márcias me puxando para junto de seu corpo, seu coração estava disparado, seus lábios tocaram os meus e apesar de não saber como fazer aquilo e se realmente era a coisa certa a fazer, não conseguir me afastar. Havia muito desejo naquele beijo, e nada do que eu tinha imaginado antes se comparava ao que eu estava sentindo nesse momento. Eu fui surpreendida por uma carga de emoção e confusão de sentimentos que tomou conta do meu ser, comecei a retribuir o beijo o tornando mais intenso e prazeroso.
Era o nosso primeiro beijo e os lábios quentes de Gizelly me levaram realmente ao céu, eu até me esqueci que havia meu irmão e, que logo seriamos interrompidas e chamadas de volta para a sala. Me entreguei completamente aquele beijo, foi magico.
O tempo pareceu parar para contemplar o que acontecia naquele banheiro.
Nosso beijo ficaria marcado para sempre em minha memória.
Não sei se beijar era assim para todo mundo, mas tossia que eu voltasse a sentir essa mesma sensação. Uma sensação de plenitude.
Logo fomos interrompidas por batidas na bota.
- Tempo. – Avisou a voz do outro lado da porta.
Nos separamos imediatamente, levando alguns segundos para recuperar o folego. Dali em diante não trocamos mais nenhuma palavra. O jogo continuou, estava na vez de Tato girar a garrafa. Ele acabou tirando a Mari.
Olhei para Gizelly, ela pareceu não se importar com quem Tato tinha tirado, ou foi o que eu desejava que ela sentisse. Ela tinha pedido que nada mudasse, mas agora eu tinha a sensação que a mudança tinha sido inevitável, ela não estava mais animada quanto antes. Na verdade, eu não sabia se isso era o que realmente estava acontecendo ou o que eu estava criando em minha cabeça.
Quando Tato estava indo em direção ao banheiro, foi interrompido por minha mãe.
- Querem me explicar o que está acontecendo aqui? – Ela esbravejou.
Todos se colocaram de pé, no mesmo momento Gizelly voltou a ser quem era. Se levantando correu para o meu lado, se colocando a minha frente como se fosse me proteger da fúria da minha mãe, assim como Tato, que largou a mão da Mariana e voltou para perto de mim. Sabíamos que eu seria o seu alvo.
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Comparado as outras, ela não tem muita visibilidade, mas estar sendo escrita com muito carinho, então deixo aqui minha gratidão a vocês. Essa história ainda é um neném começando a dar seus primeiros passos, mas já agradeço por estarem acompanhando o seu crescimento.
Ja, ja volto com mais capitulos 😘
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A vida da gente
FanfictionPoderia começar dizendo que este não é apenas mais um conto clichê, mas não pretendo começar com falsidades. Afinal, é verdade que este romance tem suas raízes no clichê, mas permita-me destacar que, mesmo sendo inevitavelmente familiar, ele reserva...