Depois de um longo tempo encarando o pouco que conseguia enxergar do abajur a minha gente, decido me levantar, desistindo de tentar forçar o sono a chegar.
Quando vejo, já estou indo para o quarto da Soso. Ela está dormindo tão tranquilamente, agarradinha a sua girafinha de pelúcia.
Me aproximo com todo cuidado para não a acordar, me sentando em sua cama deposito um beijo em sua cabeça e fico a observando dormir enquanto a batalha de pensamentos continua sendo travada em minha cabeça.
Acordei com minha princesinha deitada com a cabeça no meu peito, agarrada em mim como se eu fosse fugir a qualquer momento.
Levantei devagar da cama para não a acordar, ela se mexeu um pouco, resmungando algo. Fiquei parada, segurando a respiração, com medo de qualquer movimento a arrancasse dos seus sonhos. Assim que tive certeza que ela não corria mais perigo de despertar sair do seu quarto.
No corredor, parei em frente a porta do nosso quarto, de Gizelly e meu, segurando a maçaneta levei alguns segundos para finalmente girar e abri-la.
Gizelly ainda estava dormindo, não conseguir evitar o sorriso que se abriu de forma involuntária em meu rosto ao perceber que ela estava agarrada ao meu travesseiro e ocupando o meu lado da cama. Me deitei ao seu lado, comecei a beijar suas costas para acordá-la enquanto minha mão passeava pelo seu copo, em toques suaves.
Ela se virou para mim, ainda sonolenta tentando manter os olhos abertos. Dei um beijo nos seus lábios de forma lenta, o que a fez gemer em minha boca.
- Bom dia! – sussurrei, nossos lábios a poucos centímetros de distância.
Sentir mais o seu sorriso do que vi.
- Hum. – Ela gemeu, se espreguiçando. – Lindo dia.
- Desculpa. – Disse me sentando na cama.
Ela acompanhou meu movimento e também se acomodou, sentando-se apoiada na cabeceira.
- Pelo quer? – Perguntou confusa.
- Por eu ser esse caos. – Não conseguir evitar a tristeza em minha voz. – Eu estou tentando não surtar, mas está difícil. Fico com medo de que as coisas mudem, mas minha reação a tudo isso que está fazendo as coisas mudarem.
- Não precisa se desculpar. – Ela se aproximou mais de mim, apoiando a cabeça em meu ombro. – Você me disse para não esquecer o quanto me amava, mas parece que você mesma não lembra do quanto eu te amo.
Me virei, segurando o rosto dela com as mãos. Seus olhos tinham ficados tristes, isso me fez sentir um terrível gosto amargo na garganta. Ela estava certa, deixei que o medo de perde-la sobressaísse ao nosso amor. Tinha pedido para que ela não esquecesse, mas no final era eu quem estava o fazendo.
- Estou sendo uma completa idiota. – Lamentei. – Eu te amo tanto.
- Também te amo. – Ela deu um longo suspiro. – Sentir sua falta. Nossa cama não é a mesma sem você, nem eu sou a mesma sem você.
Ela fez um biquinho que me deu vontade de começar enchê-la de beijos.
- Eu não tinha a intenção de dormir fora dela. Estava sem sono, fui ver como a Soso estava e acabei dormindo com ela. Também sentir sua falta, apesar de amar ter dormido com nossa pequena.
- Vou soar egoísta se disse que sentir ciúmes da minha própria filha por ter dormido com você? – Ela me encarou com um olhar sapeca.
Eu sorrir para ela, não resistindo. Naquele momento sentir que nada mais importava além de nós, além da nossa família. Minha vida não teria mais sentido sem aquelas duas. Por mais que eu estivesse com medo do que estava por vir, naquele momento me entreguei ao prazer e felicidade de tê-la como minha mulher. De sentir como o nosso amor me fazer senti a pessoa mais feliz e sortuda da face da terra.
- Primeiro me responda. – Ergui uma das sobrancelhas. – Ciúmes de mim ou da Sofia?
- E importa de qual parte?
Olhei para o nada, como se estivesse realmente ponderando sobre o assunto até finalmente me virar para ela e abrir um largo sorriso.
- Não. Realmente não importa.
- Muito bem. Só não faça mais isso, não me deixe só nessa cama, se não você irá sofrer as consequências. – Ela disse pressionando o dedo na ponta do meu nariz.
- Consequências? – Perguntei contendo o riso que ameaçava sair das profundezas da minha garganta.
- É, consequências! – Ela falou rindo e começou a me cutucar na barriga para que eu risse.
- Para, Gi! – Disse tentando me esquivar das mãos dela e comecei a rir.
Mesmo com tudo acontecendo em nossas vidas, nada tirava o seu sorriso. Era o que mais me admirava e o que me fazia sentir-se segura ao lado dela. Ao vê-la sorrindo novamente, voltei a sentir essa segurança.
- Então desfaz esse bico. – E continuou me fazendo cócegas.
- Para, Gi! – Falei começando a gargalhar.
- Não, não paro, não paro, não paro.
- Ah é? Então você vai ver.
Ajoelhei-me na cama e comecei a fazer cócegas nela. Mas ela não sentia e continuava a fazer em mim. Tentei segurar as mãos dela, mas não conseguia. Nós duas já estávamos rindo muito. Até que consegui segurar as duas mãos dela acima da cabeça dela. Comecei a dar beijos estralados em seu pescoço enquanto continuava fazendo cócegas, o que a fez começar a rir ainda mais alto.
Ela estava deitada na cama. Minhas duas mãos estavam travando as dela enquanto ela tentava me empurrar com o quadril. Até que ela desistiu. Fomos aos poucos parando de sorrir. Meus olhos oscilavam entre a boca e os olhos dela, que não preciso descrever o quão perfeitos são. Ela umedeceu os lábios e depois mordeu o lábio inferior. Na hora que fui beijá-la, meu celular tocou.
- Melhor você atender. – Gizelly falou desviando o olhar, encarando o telefone tocar em cima da mesa de cabeceira.
Pensei em não fazer o que ela sugeriu, mas sim continuar com o meu objetivo, que era beija-la. Mas àquela hora da manhã, uma ligação não era um bom sinal.
Soltei-a e peguei meu celular, era a minha avó. Atendi, mas não conseguir entender o que ela estava falando, tinha uma outra voz sobrepondo a sua.
Levantei, mas não dava para entender uma única palavra. Ela tentava falar comigo ao mesmo tempo que tentava responder a pessoa que estava ao seu lado. Gizelly percebeu a minha preocupação e ficou em pé, do meu lado. Até que a outra voz pareceu se afastar e minha vó começou a falar com mais calma.
- Rafaella, minha filha. – Ela falou com a voz embargada.
- O que está acontecendo? – Perguntei firme.
- É a sua mãe. – Senti meu coração parar de bater quando ela falou. – Ela está aqui, ela me contou. Me contou sobre o Tato. Ela está dizendo que nos quer longe, que você fez algo contra o Tato, o que deixou pior. Eu preciso que você venha aqui, minha filha.
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A vida da gente
FanfictionPoderia começar dizendo que este não é apenas mais um conto clichê, mas não pretendo começar com falsidades. Afinal, é verdade que este romance tem suas raízes no clichê, mas permita-me destacar que, mesmo sendo inevitavelmente familiar, ele reserva...