Pequenos grandes avanços

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Assim que deixei a Soso na escola fui para o escritório, onde trabalhei sem intervalo para compensar a falta do dia anterior. O que quase me faz perder o horário da saída da Sofia, mas graças ao aviso da minha secretaria puder largar o que estava fazendo e correr para o seu encontro. Assim que a deixei em casa, retornei para a empresa, ainda precisando fazer alguns reajustes, ainda mais por ter que diminuir a carga horaria de trabalho para que Sofia, Gizelly e eu fossemos para a consulta com a psicóloga, antes de finalmente dar o dia como encerrado.

Um pouco mais das trezes horas, voltei para casa.

- Pensei que iriamos almoçar juntas, mas quando cheguei aqui você tinha acabado de sair. – Ouço Gizelly questionar enquanto estou no finalizando o meu banho.

Fecho a válvula do chuveiro e me estico para pegar a toalha, assim que me enrolo a vejo se posicionar no batente da porta cruzando os braços na frente do corpo.

- Você almoçou, Rafaella?

Reviro os olhos pelo fato dela me chamar dessa maneira, ela sabe o quanto eu odeio que me chamem pelo meu nome.

Mas não consigo ficar realmente zangada quando ela o faz.

- Tive alguns probleminhas para resolver. – Digo me encarando no espelho, enquanto seco meus cabelos com a tolha evitando encara-la. Se ela souber que não parei parar comer irá ficar zangada comigo, então evito contato visual. – Tive que apertar o meu horário um pouco mais para poder ficar com o resto do dia livre. Ninguém te conta sobre o peso de se tornar uma CEO de uma empresa em acessão.

Tento soar casual.

- Boa tentativa... – Ela se aproxima ficando atras de mim. – Mesmo evitando responder, sei que você não parou para se alimentar. Então assim que terminar você vai comer algo antes de sairmos.

- Vamos chegar atrasadas, não dar tempo. – Tento argumentar.

A verdade é que eu estou tão ansiosa por esse primeiro encontro, não só pela Soso, mas também por mim.

Depois de todas as conversas que tive, sinto que eu estou um pouco mais positiva em relação a toda a situação, mas ainda sinto que precisamos desse apoio externo. Juro que eu estou tentando lidar da melhor forma sobre tudo isso, pela Sofia, por Gizelly, pelo Tato, por nossa família e principalmente por mim.

- Isso não foi uma sugestão. Você vai comer. – Ela diz de forma autoritária, antes de se retirar e me deixar sozinha no banheiro sem que eu possa rebater.

Uma hora e meia depois estamos as três sentadas no sofá no consultório da dra. Martins, que na verdade é a sala da casa dela. Chegamos quarenta minutos depois do horário, o que pareceu não ter sido problema para a mulher.

A "conversa", como ela rotulou, iniciou com as três presentes. Gizelly foi a primeira a falar, contanto toda a história de modo resumido, o que me levou a concluir que de certa forma a terapeuta já deveria estar a par do motivo de estarmos ali. Em seguida cada uma teve seu momento de compartilhar seus sentimentos perante a tudo.

Passado esse primeiro momento, a Dra. Martins decidiu que deveria conversar durante dez minutos com cada uma a sós, o que me pareceu algo mais do que aceitável. O que eu não sabia era o efeito que isso causaria quando chegasse a minha vez.

Assim que me encontrei sozinha com a mulher, sentir um enorme constrangimento.

Por mais que fosse a sua sala, o ambiente era bastante aconchegante, aconchegante ate demais, pois eu estou sentindo um enorme constrangimento por estar sendo encarada por essa estranha.

Na minha cabeça as coisas serias mais suaves e fáceis, erro meu de achar que não ficaria encabulada por estar sendo "julgada" por uma desconhecida. Sentada, agora sozinha, sinto como se o sofá estivesse me engolindo. Como se ele fosse uma grande área movediça.

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