Passei todo o final do dia na companhia do meu irmão. Conversando sobre coisas da nossa infância e seus avanços com a fisioterapia. Quando em dei conta já era noite. Eu tinha tido muita sobre da nossa mãe não ter aparecido, ou o Tato tinha se encarregado de deixa-la o mais longe possível. Mas resolvi não entrar nesse assunto. Então quando já marcava as dezoito horas nos despedimos com promessa de que nos veríamos o mais breve possível.
Quando chego em casa, encontro minha vó na mesa de jantar na companhia da Gi e Soso, o que aquece o meu coração.
- Mama. – Soso ao me ver corre em minha direção, com seus braços abertos.
- Oi princesa. – A pego no colo e dou um beijo em sua bochecha.
- Você demorou de chega, eu queria tanto te mostrar o que fiz na escola hoje.
- Oh, meu amor. A mama teve um pequeno contratempo, mas vou adorar ver o que você tem mais tarde, antes de dormir, tudo bem?
- Tudo, mama. - Ela sorrir. – A bisa está aqui.
Ela aponta para a mesa, Gizelly e minha avó nos observa.
- Estou vendo. – Sorrio de volta. – Que tal irmos lá se junta a elas?
- Vamos.
Então caminho em direção a elas com Soso ainda em meu colo.
- Como estão as mulheres da minha vida? – Pergunto depositando um beijo em suas bochechas antes de ocupar a cadeira ao lado da Gi.
- Bem. – Minha vó respondi. – Como foi seu compromisso?
Ela me pergunta em expectativa.
Sinto tanto o olhar dela, quanto o de Gizelly em expectativa sobre mim. Sei que a esta altura Dona Marcina já contou para ela sobre a minha visita ao hospital, e agradeço imensamente por isso. Com toda a euforia da notícia de que o Tato estava a minha espera, acabei não avisando a Gizelly do que estava acontecendo. Apenas fui sem pensar em nada. Espero que ela não esteja magoada com minha atitude, principalmente que não se sinta deixada de lado.
- Ocorreu tudo bem. – Sorrio de forma tranquilizadora para elas. – Mas não vamos falar disso agora. Me contem como foi o dia de vocês.
Tento mudar o foco da conversa, e elas percebem. Não quero tê-la com a Sofia presente.
- Resolvi passar a tarde com essa mocinha, já que ela não quer mais saber da bisa.
- Não é verdade, bisá. – Sofia faz um biquinho e se remexe em meu colo. – Eu quero passar tempo com a senhora. Eu fui naquele domingo para sua casa, fiquei o dia todo longe da mamãe e da mama.
- Eu sei, minha pequena. Só estou implicando com você.
Todas na mesa riem da carinha emburrada da Soso.
- Essa daqui teve a quem puxar. – Digo olhando para Gixelly. – Temperamental que só.
- Não entendi, Rafaella? – Gizelly ergue uma sobrancelha em desafio.
- Quando eu digo. – Respondo e todas voltam a rir.
E assim nossa conversa foi movida por implicâncias leves e assuntos suaves. Momentos mais tarde Sofia resolvi ir para o quarto terminar uma de suas pinturas, então aproveito o momento para falar para minha vó e Gizelly sobre a minha conversa com o Renato.
- Então, filha. Agora que a nossa pequena está distraída com seus brinquedos conta melhor como foi.
- Ai, vó, eu não sei. Foi tão. Foi tão forte. Eu fiquei tão, eu sei lá. Só amanhã eu vou entender e me dar conta do que aconteceu. – Digo em euforia ao relembrar meu encontro com o Tato. – E também, de qualquer jeito, o importante é que eu reencontrei o meu irmão. Meu irmão, vó. Meu irmão está de volta.
- Eu sabia. Eu sabia que a loucura da sua mãe não iria conseguir separar vocês dois.
- Graças a Deus, vó. E a essa mulher aqui. – Puxo Gixelly em uma abraço de lado. – Graças a ela que Tato pôde ver um pouco sobre as coisas como elas realmente são. Graças a Gi o Tato conseguiu tirar a venda que minha mãe colocou sobre seus olhos.
- Eu não fiz nada. – Ela diz meio sem jeito.
- Como não? Se não fosse você levar o ipad da Soso e mostrar para o Renato o blog que escrevi ele nunca iria aceitar me ver novamente. Você é maravilhosa, meu amor.
- Você fez isso, minha querida?
-Sim, vó, ela fez.
- Ele precisava ver o quanto você o ama. O quanto você sofreu com tudo o que aconteceu com ele, amor. O que fiz foi o mínimo. – Ela se inclina e beija a palma da minha mão. – Para ver esse sorriso lindo em seu rosto, eu sou capaz de tudo. Mostrar ao Tato o blog não é nem um terço do que sou capaz em fazer para te ver assim... feliz.
- Eu te amo... – Sussurro para ela, minha voz ficando um pouco embargada.
- E eu muito mais. Que bom que tudo deu certo ao final.
- Você não fiou chateada comigo?
- Porque eu ficaria chateada com você? – Ela me olha confusa.
- Por você não ter sabido por mim sobre a visita ao hospital.
- Larga a mão de ser boba, Rafa. Eu nunca que iria ficar chateada por um motivo bobo desse. - Ela sorrir.
- Eu não pensei muito, só fui, Acabei nem me despedindo direito da senhora vó. Eu não queria perder tempo, queria ver meu irmão o quanto antes.
- Eu entendo, filha. Vocês eram tão grudados... Passar por todo o sofrimento do coma, ainda não poder vê-lo depois de já acordado foi muita coisa para você. Mas o importante que agora tudo está tomando seu devido rumo. Tudo vai ficar bem.
- Sim, vai. – Não consigo conter minha felicidade ao lembrar das palavras do meu irmão e dar sua empolgação em querer retomar sua vida.
- Agora é só recomeçar. Um passo depois do outro até a vida dele engrenar novamente.
- Se depender do Tato, vó, é pra já. Porque ele está com uma vontade, sabe? Uma vontade de encarar as coisas, de se redescobrir. De viver. O tato tá vivo, vó O Tato tá vivo.
- Fico muito feliz por você amor, por te ver assim. – Gizelly deposita um beijo em minha bochecha.
- E eu? E eu gente? Eu não estou conseguindo me caber de tanta felicidade. – A aperto em meus braços. - Eu não estou cabendo em mim. Eu tenho vontade de sair por ai gritando que meu irmão me desculpou. Que meu irmão está bem. Que ele está de volta. Aliás, vó. Eu tenho uma outra notícia. O tato vai ter alta amanhã.
- Que coisa maravilhosa, meu bem.
- Ele vai ter alta amanhã e eu decidir uma coisa. Eu vou me afastar um mês da empresa. Vou pedir para o pessoal segurar as pontas neste tempo.
- Mas isso se não me engano tem outro nome, não é? – Gizelly se afasta um pouco, dando um sorriso de lado que tanto amo. – Férias!
O que arranca risadas das três.
- Que seja. Eu vou conversar com o pessoal, porque eu preciso de um respiro. Eu preciso esse tempo porque a partir e agora vai ser como se todo dia fosse o primeiro dia de aula, o Tato vai precisar de uma adaptação. Uma coisa era sua vida no hospital, agora ele vai ter que encarar a realidade da passagem de tempo. Ele vai ter que aprender a se adaptar ao desconhecido.
- Faça isso, filha. Faça isso porque vai ser muito bom pro Renato, para vocês dois alias.
- Assim espero, vó. Assim espero.
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Espero que tenham amado a Att, prometo voltar em breve com mais. Beijo procês :*
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A vida da gente
FanficPoderia começar dizendo que este não é apenas mais um conto clichê, mas não pretendo começar com falsidades. Afinal, é verdade que este romance tem suas raízes no clichê, mas permita-me destacar que, mesmo sendo inevitavelmente familiar, ele reserva...