· Perspectiva Rafa
- Oi, Rafa. – Ouvir a voz animada do Renato me faz sorrir involuntariamente.
- Oi, Tato. Está tudo bem? – Pergunto com uma pontinha de preocupação, ainda era cedo para nossas chamadas.
Me sento na beirada da cama da Sofia, que neste momento está em seu banheiro terminando de se apronta para descermos. Eu a aguardava quando sentir meu telefone tocar.
- Está sim, fora a mamãe querendo cultivar um Renato que... enfim. Está tudo certo.
- Fora isso, está tudo bem mesmo?
- Sim, está. É que... – O ouço soltar um longo suspiro antes de prosseguir. – Por mais absurdo que pareça, você acredita que estou começando a sentir falta do hospital? Eu fiquei tanto tempo naquele lugar, que sei lá, parece meio que minha casa. Sabe?
- Eu entendo. – Eu sabia que estava sendo difícil para ele voltar a se adequar a sua nova realidade. Fora as sessões de fisioterapia, Renato ainda se encontrava preso a uma rotina escassa de atividades empolgantes. – Eu sei que você ainda está se adaptando as coisas, pensei que poderíamos fazer algo diferente hoje. Que tal eu te buscar e tirarmos o dia para fazer um passeio divertido, o que me diz?
- Nossa, esse é o melhor convite que você poderia me fazer, Rafa. Eu estou morrendo de vontade de sair um pouco dessa casa. Nem que seja para ir na esquina ver o movimento da rua, ou até mesmo ir enfrentar uma fila enorme em um banco. – Ele rir empolgado.
- Não vamos fazer nada disse, mas garanto que você irá amar o que tenho em mente. Então se apronta que em uma hora passo ai para te buscar. – então lembro que ele ainda não está cem por cento. – Ei, não tem nenhum problema você sair do descanso, não? O que eu tenho em mente vai nos roubar a amanhã inteira, você não ficará cansado?
- Rafa, fazer o que eu quero e o que vai me deixar feliz são duas coisas que só podem me fazer bem, você não acha?
- Claro que sim. Então eu passo ai para te pegar, beijo.
Feliz era pouco para definir meu estado de humor neste momento. Sentir que o Renato e eu, aos poucos, estamos nos unindo novamente era o que eu mais desejava. Ter minha família reunida era meu maior desejo, e sinto que estamos caminhando nessa direção.
- Mama. – Soso grita do banheiro, o que me faz dar um pulo da cama e ir em sua direção.
- O que houve, meu amor?
- Eu não consigo limpar. – ela aponta para uma mancha enorme de creme dental em sua camisa.
Provavelmente era pequena, e sua tentativa de limpeza só fez com que a sujeira se espalhasse ainda mais.
- Vamos trocar, essa não tem mais salvação. – Digo sorrindo.
- Foi sem querer, mama. – Ela se justifica.
- Eu sei amor, essas coisas acontecem. Vamos lá procurar uma limpinha para você vestir.
Enquanto ela se senta na beirada da cama, pego uma outra camisa e depois a ajudo se trocar.
- vamos descer que a mamãe já deve estar se perguntando por que estamos demorando tanto. – A pego no colo e então saímos do seu quarto em direção a cozinha.
Como sempre, Gizelly estava nos esperando com a mesa do café já posta.
- Olá, você. – Digo depositando um beijo em sua bochecha.
- Olá, vocês. – Ela diz também nos beijando na bochecha. – Pensei que tinham decido me deixar sozinha com toda essa comida. – Ela diz de forma dramática.
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A vida da gente
FanfictionPoderia começar dizendo que este não é apenas mais um conto clichê, mas não pretendo começar com falsidades. Afinal, é verdade que este romance tem suas raízes no clichê, mas permita-me destacar que, mesmo sendo inevitavelmente familiar, ele reserva...