· Perspectiva da Gizelly
Assim que terminou a apresentação da turminha da Soso, partir novamente para a sala onde estavam usando como apoio para encontrar a minha pequena. Eu sabia antes mesmo de chegar lá que a encontraria chateada, o que não aliviou a dor em encontra-la em prantos ao atravessar a porta.
- Venha aqui. – Disse ao me aproximar e abrir os braços para que ela corresse para eles.
Ela enterrou o rostinho em minha na altura da minha barriga e apertou a minha cintura com os seus bracinhos, através do tecido fino da minha blusa pude sentir suas lágrimas a molhando.
- Você estava ótima, minha fadinha. – Disse afagando o seu cabelo. – Não chore, sei que a mamãe teve um bom motivo para perder a sua apresentação. Logo vamos a encontrar e descobrir o que causou a usa ausência.
Ela permaneceu em silêncio, continuei com as pequenas carícias e esperei que ela se acalmasse.
- Eu quero ir embora. – Choramingou ao se afastar do meu abraço.
Me abaixei para que ficasse na altura dos seus olhos.
- Ainda temos tanta coisa para ver aqui, não quer aproveitar a feirinha um pouco mais? – Perguntei limpando o rastro que as lágrimas tinham deixado no seu rostinho.
- Não, mamãe. – Ela fez que não com o movimento de cabeça.
- Tem certeza? Acho que podemos nos divertir ficando um pouco mais aqui. Você ainda não viu as coisas legais das barraquinhas montada para a feirinha, talvez encontramos algo legal por lá. O que acha? – Tentei anima-la.
- Eu quero ir embora. – Sussurrou.
- Tudo bem! Vamos só trocar essa roupinha.
Logo depois de tirar sua fantasia, fiz com que a Sofia se despedisse dos coleguinhas na esperança de que vendo a alegria dos coleguinhas ali ela resolvesse mudar de ideia e ficar um pouco mais, mas nem mesmo a euforia deles lhe contagiou.
A viagem de volta para casa foi péssima para nós duas, Soso ficou muito calada, recostada no banco de trás durante todo o percurso de volta. Mesmo as minhas tentativas de animá-la não surtiram efeito. Eu não conseguia deixar de pensar em Rafaella e em qual seria o motivo da sua falta na apresentação da nossa filha. Ela tinha quebrado uma promessa, isso tinha deixado a Sofia arrasada. Isso era horrível! Eu também estava preocupada com a Rafa por não me dar notícias, ela nunca ficava sem avisar se soubesse que iria atrasar, meu coração estava apertado não só pela Sofia, mas também pela Rafaella.
Eu continuei apreensiva durante todo o tempo da viagem de volta a nossa casa, assim que estacionei o carro a Sofia se soltou do cinto de segurança e correu para dentro de casa.
Ao contrário da minha filha, eu permaneci no carro. Não queria entrar, não ainda, e lidar com tudo o que estava acontecendo. Eu precisava de um minuto para mim, para poder lidar com o que eu estava sentindo. Vê-la naquele estava tinha partido o meu coração e me deixado com raiva da Rafa, mas também tinha me deixado bastante preocupada com a sua ausência. No fundo eu sabia que estava com medo de entrar e encontra-la ainda envolvida com o seu trabalho.
Sei o quanto pode parecer tolo, mas eu odiaria isso mais do que tudo.
Meu pai sempre priorizou o seu trabalho do que a mim, deixando a minha criação nas mãos de terceiros e isso me fez sentir um peso em sua vida. Me fez achar que eu não era amada e lamentar profundamente a ausência da minha mãe. Então jurei para mim que não iria deixar o mesmo acontecer com a Soso, que nunca iria deixar que ela se sentisse como eu sentir. Que duvida-se que fosse prioridade, e a Rafa sabia desse juramento, ela mesmo tinha me dito que não faria menos que isso pela Sofia também.
Então e encontra-la envolvida em trabalho iria me destruir tanto que isso tinha me feito hesitar por alguns minutos antes de finalmente criar coragem e sair daquele carro.
Sentir meu coração bater na minha garganta, como se estivesse preste a saltar pela minha boca enquanto andava em direção ao nosso escritório. Sentir a hesitação me atingir quando levava a minha mão nem direção a maçaneta, o medo de encontra-la sentada atras daquela mesa ainda mais forte. Depois de um longo suspiro criei coragem e finalmente abrir a porta.
O escritório estava vazio.
Sentir um peso sair de cima dos meus ombros e um pequeno aliviou aqueceu o meu coração, e aproveitando desse sentimento o usei como força para procurar a Rafa pelo restante da casa, também não a encontrando. Procurei pelo meu celular e tentei novamente entrar em contato com ela, mas mais uma vez minhas ligações chamando até cair na caixa postal. Desistir na quarta tentativa e decidir verificar como a Sofia estava.
Dando duas leves batida na porta de madeira branca do seu quarto entrei para verificar o seu estado. O seu quarto era grande, tínhamos feito uma reforma para possibilitar mais espaço para ela. Era o meu antigo quarto, onde passei a minha infância, então decidir abrir mais espaço para ela e as cor creme usado antes tinha dado lugar para os tons de amarelo.
- Vim procurar pela minha pequena fadinha, será que ela estar por aqui? – Tentei soar de forma animada.
Encontrei ela sentada no tapetinho da pequena brinquedoteca que montamos em seu quarto, entre ursos de pelúcia e uma mini mesa de chá. Com seus cabelos dourados compridos, com cachos largos nas pontas. Um prendedor colorido preso na lateral da cabeça, que combinava perfeitamente com a cor da renda da saia, Sofia parecia uma bonequinha.
Ela ergueu o rosto séria e redondo em minha direção fixando os olhos verdes-claros em mim.
Avancei para dentro do seu quarto e a levantei do chão para carregá-la no colo.
- Acho que logo não poderei pegar mais essa fadinha no colo. – Disse sorrindo para ela, enquanto me diria a sua cama.
Sorrir para ela, mas o sorriso não tomou conta daqueles lábios pequenos e rosados. Notei suas narinas se abrirem e ela ofegou, deixando sua tristeza escapar, desviando os olhos de mim. Caminhei até a sua cama sentando na beirada e a colocando acomodada em meu colo.
Ela permaneceu com a carinha emburrada olhando para as mãozinhas entrelaçadas em seu colo, evitando me encarar.
- Eu sei que você está chateada por sua mama não ter aparecido em sua apresentação, mas como eu conversei com você antes... – Capturei seu pequeno queixo com dos dedos e fiz com que ela levantasse o rostinho para me encarar. – ...ela tem um motivo sério para ter feito isso. Sei o quanto você nos queria lá, o quanto deve estar magoada. Mas você também precisa entender que imprevistos acontecem, e que sua mama, assim como eu, não seria capaz de fazer algo para lhe deixar triste assim por vontade própria. Você sabe que a mama e eu amamos você acima de tudo, que nunca iriamos fazer algo que te fizesse duvidar desse amor. Não sabe?
Ela fez um pequeno aceno com a cabeça confirmando.
- Então vamos aguardar ela retornar e nos explicar o motivo que a levou a faltar a apresentação, e até lá vamos deixar essa tristeza de lado e tratar de colocar um sorriso novamente nesse rostinho.
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A vida da gente
FanfictionPoderia começar dizendo que este não é apenas mais um conto clichê, mas não pretendo começar com falsidades. Afinal, é verdade que este romance tem suas raízes no clichê, mas permita-me destacar que, mesmo sendo inevitavelmente familiar, ele reserva...