Mama

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Assim que minha mãe irrompe pela porta, entro logo atrás.

Meu coração começa a bater de forma descompassada ao notar que Gizelly segura uma Sofia assustada. Minha filha não se sentia à vontade na presença da minha mãe, e não a culpava. Genilda nunca demonstrou qualquer carinho ou afeto pela pequena. E sei que a forma que ela entrou no quarto, deve ter a assustado. 

- Rafa! – Meu irmão salda com alegria. – Minha irmã, como é bom tiver. Vejo que trouxe consigo a mãe. Agora sim nossa família esta completa, as quatro mulheres mais importantes da minha vida aqui.

Primeiro olho para o meu irmão, que está sentado na cama com um largo sorriso para, depois desvio para aminha mãe, essa que deu a volta na cama, se colocando ao lado do meu irmão. E por fim olho na direção da Gizelly, que está com a Sofia em seus braços, que assim que ouve o meu nome se agita descendo do colo da mãe e vindo para mim. Ela se posiciona ao meu lado, agarrada ao meu braço, como se eu pudesse protege-la. E eu sei muito bem de quem ela estava desejando ser protegida, e eu não hesitaria em dar a minha filha toda a proteção necessária.

- Família. – Minha mãe diz, com um sorriso de canto de boca, alternando o olhar entre Gizelly e eu.

Ela e Gizelly nunca se deram bem, e depois do acidente e tudo o que sucedeu depois dele a relação entre as duas, se poderia ser chamado de relação, só piorou.

- Mãe, por favor, não começa. – Digo.

- Eu não começar, Rafaella?

- Não acredito que vocês irão começar uma discursão boba agora? – interrompe Renato. – Mãe, Rafa, olha como ela é tão linda. – Ele olha sorrir para a Sofia. – Estávamos nos conhecendo, não é pequena?  Ela estava me contando um pouco sobre o que eu pedir. Sabia que ela adora desenhar assim como a Gizelly?

- Minha mamãe não gosta de desenhar, minha mama que gosta. – Diz Sofia, falando pela primeira vez desde que entramos no quarto.

- Sua mama? – Pergunta Tato, com um semblante confuso. – Gizelly não é a sua mama?

- Claro que não, né. Ela é minha mamãe. – Responde Sofia.

- Você não sabe meu filho quem é a mama? Sinto muito, Rafaella, mas esse teatro tem que acabar.

- Não é o momento para isso. – Digo.

- Conta pra ele a verdade. – Minha mãe provoca.

- Dar pra você parar? -Tento soar o mais calma possível.

- Desafio você a ser sincera para o seu irmão pela primeira vez na vida. Quero que você deixe essa sua personagem de songa monga e realmente o mostre quem você é.

- Gi, por favor leva a Soso para tomar o soverte, já encontro com vocês.

Eu sinto que preciso tirar a Sofia desse quarto o quanto antes, por mais que eu soubesse que minha mãe nos culpasse por tudo de ruim que aconteceu, nunca imaginaria que ela fosse capaz de contar, não dessa maneira, na frente da Sofia, uma criança inocente.

- Você tem certeza que é melhor você ficar aqui? – Gizelly pergunta, apenas aceno com a cabeça em confirmação. - Vem, minha pequena, der tchau ao Renato. – Diz Gizelly, já segurando a mão da Soso.

- Vamos, mama. – Ela segura a minha mão com a sua livre, me puxando.

Olho para a sua mãozinha e depois olho para o Renato.

- Vai meu amor, daqui a pouco eu encontro com vocês. – Volto a olhar para Sofia. -  Preciso conversar com o Renato, mas prometo que não demoro. Se despeça e vá com sua mãe.

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