Meu irmão estava em coma, minha mãe tinha acabado de me expulsar do quarto dele e da vida dela. Eu estava sem chão. Assim que Gizelly me puxou para o corredor, eu escorreguei até o chão e me entreguei as lagrimas. Deixei que elas viessem e liberasse toda a dor que eu estava sentindo. Ela se afastou, somente para solicitar uma enfermeira, que me ajudou a voltar para o meu próprio quarto. Onde eu continuei chorando e me entregando a dor de saber que meu irmão não iria acordar, não tão cedo.
Horas se passaram até que o meu choro não passasse de leves soluções.
Gizelly permaneceu ali, no quarto, a meu lado.
Sofia agora dormia calma em seu colo.
- Ele não vai acordar. – Foi o que saiu da minha boca tempos depois.
Ela se aproximou de mim, sentando ao meu lado.
- Eu sinto tanto. – Ela baixou o olhar para a pequena em seu colo. – Eu sinto muito...
As lagrimas também escorriam do seu rosto, mas de forma silenciosa. Eu a abracei, e ficamos ali em silêncio, deixando que as lagrimas falacem por nós.
Dois dias após a notícia que o estado de coma do meu irmão era irreversível, eu recebi alta. Minha avó e a Gi estavam lá no momento da notícia.
- Aproveitando que sua avó não estar por perto, queria te fazer uma proposta. – Gizelly sorria. – Queria que você viesse morar comigo e com a Soso. Sei que você pretendia ir morar com sua avó, mas isso implicaria em você mudar de cidade, ir para longe da gente. E por mais que você a ame, eu sei que você não deseja ir embora. Além de que, a Soso iria odiar ficar longe da titia dela. – Disse ela, fazendo um biquinho.
- A Soso?
- E eu.- Nos encaramos por alguns instantes, antes que ela continuasse. – Sei que nos distanciamos, que não te procurei quando tudo aconteceu, mas eu nunca deixei que te considerar uma das minha pessoas. Eu pensei que queria criar minha filha longe do pai, de você... Mas hoje eu sei que esse não é o meu desejo. Eu quero que ela cresça rodeada por aqueles que a ama. Por aqueles que eu amo. Quero que você e o Tato faça parte da vida dela, e também da minha.
- Eu... – Eu não sabia o que dizer. Voltar a morar com ela iria me cobrar muita força, e eu não sabia se possuía. Eu a amava como mulher, não como irmã. Muito menos como a mãe da minha sobrinha. O que ela estava me pedindo, eu não sabia se era capaz de dar.
- Por favor! Vem morar com a gente.
E aqueles olhos, como o gatinho do gato de botas, me fez soltar um sim mesmo antes de me tocar que tinha dito aquela bendita palavra. E assim recomeçou a nossa vida, voltando para aquela casa, a qual eu conheci aquela que se tornou o amor da minha vida.
Três meses se passaram. Mesmo com um clima ainda triste e pesado por conta do estado do Tato, Gizelly e eu estávamos organizando o primeiro aninho da nossa pequena Soso. Com a permissão da Gi, comecei a escrever um blog, onde passei a registrar cada passo da Soso para quando o meu irmão acordar ele poder ver o seu crescimento e não poder cada fazer que ela passasse.
Três dias após o seu aniversário de um aninho, quando levamos ela ao parque para brincar, a Sofia deu seus primeiros passo. O que deixou a Gizelly em estado de estrema euforia, me fazendo rir feito boba de tudo aquilo.
Ao completar 18 meses, a Soso passou a chamar de mamãe a Gizelly e a mim de mama, fomos até uma psicóloga infantil, que nos orientou a não proibi-la, mas sim explicar de uma forma leve quem era realmente a sua mãe e qual era o meu papel ali. Também nos ajudou a explica-la sobre o Tato e o estado que ele se encontrava.
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A vida da gente
FanfictionPoderia começar dizendo que este não é apenas mais um conto clichê, mas não pretendo começar com falsidades. Afinal, é verdade que este romance tem suas raízes no clichê, mas permita-me destacar que, mesmo sendo inevitavelmente familiar, ele reserva...