Mais um ano se passou e o aniversário de 15 anos do tato estava próximo, Gizelly e eu estávamos organizando uma pequena festinha para ele. Mas estava se tornando uma tarefa quase impossível, ele teria um campeonato no sexta-feira e seria em outro estado, o que não garantia que seu retorno seria antes do domingo.
Dependendo do resultado, ele sempre ficava um pouco mais para participar de algum evento publicitário. Então ficamos sem saber se iriamos conseguir comemorar com ele, mas isso não nos desmotivou.
Gizelly, mas do que eu, estava bastante animada e determinada a fazer nosso plano dar certo.
- Pensei em irmos para a casa de praia, meu pai não precisa saber. Podemos falar que vamos dormir na casa de alguma das meninas para fazer um trabalho. – Sugeriu Gizelly.
- E como vamos conseguir ir até lá sem que seu pai ou a minha mãe suspeite? – Quis saber.
- Podemos pedir ajuda a Thais, garanto que ela não irá dizer não. – Gizelly sorriu em convencimento.
Thais fazia tudo o que Gizelly lhe pedia, exceto algo que colocasse seu emprego em risco. Todos sabiam o quanto ela temia o pai de Gizelly. Quando chegamos na casa, ela já estava. O pai de Gizelly iria demiti-la por acreditar que ela não precisava mais de uma babá, mas Gizelly fez um escândalo imenso que seu pai acabou desistindo.
As vezes eu usava isso para tirá-la do sério, quando ela insistia muito em algo que eu não queria.
- Sua babá não vai querer se meter em encrenca. – Alfinetei.
- Ela não é minha babá. Você quer fazer a festa ou não? – Disse emburrada.
Segurei o riso para não piorar a situação a deixando ainda mais irritada.
- Quero, mas não a esse ponto. O tato não vale o risco. – Debochei.
- Claro que vale. – Disse ela com um brilho no olhar.
Isso sempre me irritava, eu não sabia explicar o motivo, mais odiava quando ela ficava com esse olhar idiota quando estávamos falando no meu irmão ou quando ele estava por perto.
- Não vale, e fim de assunto. Vamos pensar em algo menos complicado ou desistir de uma vez por todas dessa ideia estúpida. – Disse irritada.
Ela me encarou, e eu desviei o olhar.
- E outra, como vamos saber se ele irá chegar a tempo de ir para a casa de praia? Essa ideia é estúpida em diversos níveis. Não tem como fazer isso lá.
Comecei a me concentrar em um livro qualquer que peguei na sua estante.
- Não podemos fazer aqui, você sabe muito bem como sua mãe é. Ela não vai deixar a gente fazer nada, e se fizer vai querer ficar o tempo todo em nossa cola. Já basta os amigos do Tato não querer a gente por perto por nos achar uma dupla de pirralhas, ainda dá mais motivos para eles tirarem com a nossa cara só vai piorar as coisas. – Disse Gizelly num tom apertado.
Eu pouco ligava para o que aquele bando de idiotas pensava sobre nós, eu odiava andar com eles na escola. Era obrigada por conta de Tato, e por Gizelly sempre pedir para ficarmos juntos o máximo de tempo que puder. Isso nos obrigada a dividir o tempo com os babacas dos amigos de classe do Tato. Eles eram um ano mais velho, mas se achavam os adultos.
Dei de ombros.
- Não sei motivo que te faz se importar com que os outros pensam. – A fuzilei com o olhar.
- Eu não ligo para o que eles pensam, mas sim para o que o Tato irá pensar. – Ao dizer o nome do meu irmão, eu pude perceber um pequeno tremor em sua voz. Aquilo fez sentir uma pontada no peito. - Prometemos que inventaria algo para comemorar o seu aniversario, não quero decepcionar.
Desde de o dia em que estivemos em cima da árvore, que quase dei com a cara no chão, eu a via com outros olhos. Não como uma irmã, mas com alguém muito importante para mim. Como alguém que eu desejar amar para toda a vida, mas também puder perceber que ela sentia isso pelo meu irmão. E que tola eu seria em sonhar que isso pudesse acontecer comigo. Ele também a olhava diferente, e por mais que nenhum dos dois admitissem, eu sabia que eles se gostavam. E eu não podia entrar no caminho deles, então também guardei meus sentimentos trancados a sete chaves.
- Tanto faz, ainda assim acho uma bobeira. – Dei novamente de ombros.
Ela veio até onde eu estava, me abraçando por trás disse:
- Eu sei que você também quer fazer algo legal para o seu irmão, e sabe que sua mãe não iria permitir. Então me ajuda com alguma outra ideia, já que a casa de praia estar fora de cogitação. Nossa sagrada trindade merece comemorar a nova idade de um membro ilustre longe das regras chatas da sua mãe, com todo respeito. – Gizelly era um pouco mais baixa do que eu, apesar de termos a mesma idade, mas seu corpo se encaixava perfeitamente no meu.
- Tudo bem. – Cedi. – Que tal na casa vazia do caseiro? Ninguém vai lá, podemos organizar uma social e chamar somente aqueles que sabemos que não vai nos causar grades problemas. Além do mais, Thais pode nos ajudar na distração, ela pode inventar algo para roubar a atenção da minha mãe. Seu pai não estará na cidade mesmo, então ele não será um problema. – Disse enquanto me desvencilhava do abraço dela.
Quando chegou o grande dia conseguimos organizar tudo sem que chamasse atenção da minha mãe. A chegada de Tato e a treinadora seria um pouco depois das quatro da tarde, então estava tudo indo muito bem.
Gizelly e eu, passamos a tarde inteira deixando tudo organizado na casa do caseiro para a festinha de logo mais. A Thais tinha se encarregado de comprar tudo o que precisamos para a decoração, já que não podíamos sair e ir até a cidade sem levantar suspeita.
Deixamos tudo organizado e voltamos para a casa principal.
Thais conseguiu convencer a minha mãe a sair para jantar fora, já que o pai de Gizelly não estava na cidade, seria um jeito legal de se distrair na sua ausência. Então ela combinou com uma amiga, nos avisando que iria chegar tarde. Quase que tudo iria por água abaixo, pois ela queria muito esperar pela chegada de Tato, mas conseguimos, não me pergunte como, enganá-la e dizer que ele só chegaria no domingo.
As cinco e vinte, Tato já estava em casa. Alertamos a ele sobre o plano, então ele arrumou um jeito de se livrar da sua treinadora vindo para casa sozinho. Ao invés de vim direto para a casa principal, ele se dirigiu para a casa do caseiro, onde a festa iria acontecer.
Assim que minha mãe saiu, Gizelly e eu corremos para lá. A festa já estava rolando, um grupo de dez pessoas reunida naquela casa longe da vigilância de adultos. Alguns trouxeram bebidas alcoólicas, o que não estava nos planos. Parecia que eu era a única que estava com medo de que as coisas fugissem do controle por ter álcool envolvido naquela comemoração.
Minha mãe tinha planejado um pequeno evento no domingo para comemorar o seu aniversário, se ele aparecesse de ressaca iria nos colocar em uma encrenca enorme.
Eu estava sentada no canto, jogada em um dos sofás observando o grupo se divertindo ao meu redor. Alguns rindo, outros paquerando. Alguns bebendo.
- Dez centavos pelos seus pensamentos. – Disse Gizelly ao senta-se no meu colo.
Meu rosto queimou no mesmo instante. Tê-la ali, tão perto, sentada daquela maneira me deixava sem graça. Ela estava especialmente linda, tinha escolhido um conjunto que valorizava por demais o seu corpo. Nossos olhares se encontraram, e eu sustentei o olhar, até que ele chegou e fez com que o contato fosse quebrado.
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É isso pessoal, aqui estou eu novamente trazendo mais uma história do mundinho Girafa🦒 Espero que se interessem pela narrativa e me acompanhar na construção dessa nova narrativa sobre as piticas.
Não deixem de fazer um feedback através dos comentários, assim poderei saber se estou indo no caminho certo.
Beijos, e até breve😘
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A vida da gente
Fiksi PenggemarPoderia começar dizendo que este não é apenas mais um conto clichê, mas não pretendo começar com falsidades. Afinal, é verdade que este romance tem suas raízes no clichê, mas permita-me destacar que, mesmo sendo inevitavelmente familiar, ele reserva...