- Eu não quero sorrir, mamãe. Meu coração está muito triste para sorrir.
- E o que a mamãe pode fazer para que esse coraçãozinho volte a ficar alegre?
- Eu não sei se ele vai voltar a ficar alegre. – Disse fazendo um beicinho.
- Verdade? – Fingir espanto. – Nesse caso o meu também ficar triste para sempre, você pode lidar com isso? Com o coração da sua mãe triste como o seu?
- Eu não quero que o seu coração fique triste como o meu. – Ela cruzou os bracinhos fazendo uma carinha de brava.
- Mas é assim que ele irá ficar enquanto o seu coração também estiver triste. – Foi a minha vez de fazer beicinho.
- Não quero isso. – Ela levou suas mãozinhas até as laterais do meu rosto, o agarrando.
- Então vamos mandar essa tristeza ir embora daqui. – Coloquei o dedo indicador na direção do seu coração e depois levei na direção do meu. – E daqui?
- Vamos, mamãe.
- Vamos? – Perguntei novamente, desta vez elevando um pouco a voz com um leve toque de animação.
- Sim! – Ela gritou, no mesmo instante mudei de posição a jogando em sua cama e a enchendo de cócegas, o que arrancou várias risadas de sua garganta e pedidos de "pare" para o meu ataque.
O som das suas risadas fez com que meu coração se aquece-se um pouco e mandasse a preocupação para um canto da minha cabeça, mas não para muito longe onde pudesse esquecer de sua existência.
- Preciso de uma ajudante na cozinha, será que uma certa fadinha irá se oferecer para esse cargo? – Perguntei quando tínhamos recuperado o fôlego após o ataque de cocegas.
- Sim. – Ela levantou os bracinhos.
- Então vamos, estou faminta. – Disse me levantando e estendendo as mãos para ela.
- Vamos fazer lasanha? – Ela me olhou em expectativa aceitando a minha mão.
- Vou pensar em seu caso. – Levei a mão livre ao queixo.
- Mas mamãe, lasanha é a melhor comida, sabia? Ela tira a tristeza do coração das pessoas fácil, fácil.
Não pude evitar de rir do que a danadinha tinha acabado de falar.
Ela amava lasanha, não tinha dúvidas que essa seria sua sugestão, mas ouvir seus argumentos sempre me surpreendia.
- É mesmo?
- Sim, mesmo. – Afirmou com uma carinha séria.
Estávamos descendo as escadas.
- Hum, bom saber.
- Ainda mais aquelas que você faz com bastante molho, essas são as melhores.
- Vou me certificar que será desse tipo que iremos preparar. – Disse com o sorriso de volta as minhas palavras a ver que minha filha estava voltando a ficar animada.
Assim que chegamos à cozinha pedir para que ela me ajudasse a pegar algumas coisas que iriamos usar no preparo, fazendo com que ela se animasse ainda mais com a ideia da lasanha.
Coloquei uma música em altura ambiente para que pudesse animar ainda mais o ambiente. Deixei que a playlist tocasse no aleatório. O preparo da lasanha virou uma pequena bagunça organizada. Soso estava em cima da bancada, com o rosto sujo com um pouco do molho que usamos para o recheio, não aguentei e comecei a rir.
- Acho que uma certa sous chef está com o rosto sujo de molho.
Ela me encarou confusa.
- Soou o quer? – Perguntou com as sobrancelhas franzidas.
- Sous chef. – Repetir. – No caso, você. – Disse me aproximando i limpando o molho em seu rosto.
- Hum. – Ela me encarou e esperou que eu terminasse de concluir a tarefa. – O que é isso, mamãe? – Ela me perguntou assim que me afastei novamente.
- Depois do chefe da cozinha, no caso eu, quem manda é ele, nesse caso você.
- Então eu que mando. – Ela disse animada.
- Sim, mas só depois de mim. – Sorrir em resposta.
- Mamãe, estão falando de mim. – Soso arregalou os pequenos olhinhos verdes ao prestar atenção na letra da música.
Então eu paro para também prestar atenção na música que começava a tocar.
"Ou fada borboleta, ou fada canção"
A música se chamava Fadas, na voz de Luiz melodia e Elza Soares, ainda tocando em volume ambiente.
- Oh, sim. – Sorrir para ela que já estava com um largo sorriso em seu rosto. – Ela estar falando sobre fadas, e você é uma, não é?
- Sim, eu sou!
- Então venha, vamos dançar fadinha. – A peguei da bancada.
Então eu aumentei um pouco mais o volume, assim inundando o ambiente.
''A fada com varinha, virei condão"
De mãos dadas começamos a dançar, se bem que a o que estávamos fazendo estava bem longe de uma dança. Pulávamos mais do que qualquer outra coisa, enquanto ríamos e nos balançavamos conforme o ritmo da música.
"Um toque de sonhar sozinho te leva a qualquer direção"
Sofia só prestava atenção na letra quando a palavra fada era mencionada.
"Devo de ir, fadas"
- Fada. – Repetia ela em seguida.
O que me fazia rir ainda mais da situação.
Ela estava se divertindo, e ver o brilho voltar a tomar conta dos seus olhos, que agora nem pareciam se lembrar do que acontecera naquela manhã, tinha trazido de volta a alegria para o meu próprio coração.
"Um toque de sonhar sozinho"
- Mas que cheiro maravilhoso é esse? – Rafaella falou, apoiada no batente da porta que dava acesso a cozinha nos pegando de surpresa.
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Eu acho tão fofo o modo que a GIzelly, mesmo chateada, faz questão de lembrar a filha delas que a Rafa não seria capaz de machuca-la deliberadamente. Espero que ela também consiga lidar com tudo o que estar por vir...
Sobre a Rafa, que situação foda ela está. Felicidade? Insegurança? Medo? Ciumes? Confiança? O que sentir? De qual forma reagir perante tudo e todas as coisas?
Enfim... espero vocês logo mais, não deixem de acompanhar essa história. Beijos ;*
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A vida da gente
FanficPoderia começar dizendo que este não é apenas mais um conto clichê, mas não pretendo começar com falsidades. Afinal, é verdade que este romance tem suas raízes no clichê, mas permita-me destacar que, mesmo sendo inevitavelmente familiar, ele reserva...