Pode me chamar de pai

232 50 49
                                    

- Não, mama, eu não quero entrar sem você. – Sofia bati o pé, os bracinhos cruzados a frente do seu corpo.

- Amor, eu não vou demorar. Só preciso conversar alguns minutinhos com a medica do Renato, prometo que logo estarei de volta. – Explica Rafa pela milésima vez a pequena.

Rafa estava agachada, de maneira que ficasse na altura dos olhos da pequena, que por sua vez se recusava em entrar no quarto do Renato sem a maior.

- Meu amor, a mama só vai demorar uns minutinhos. Já tínhamos combinado isto na bisa, você concordou. – Digo tentando manter a paciência.

- Juro de dedindo. – Rafa estende o dedo mindinho em sua direção.

- Jura juradinho? – Pergunta uma Sofia manhosa.

Eu juro que queria ter a paciência da Rafa, a mesma parece bem serena com a manha da pequena.

- Sim. De todo o meu coração. – Diz, com o dedo ainda esticado no ar.

Sofia finalmente descruza os braços e estica o seu dedinho minúsculo e entrelaça com o da Rafa.

- De todo o seu coração. – Ela repete.

Rafa deposita um beijo em sua testa, depois se endireita e anda ate mim.

- Não demoro. – Diz antes de depositar um beijo em minha bochecha.

- Tudo bem. – Digo, quase em um sussurro.

Pegando na mão da Sofia começo a andar em direção ao quarto do Renato, que por sua vez já está a nossa espera. A dra. Dani o tinha deixado ciente sobre a nossa visita, e principalmente sobre a presença da Sofia. Seria o primeiro encontro dos dois, e por mais que o Renato agora tivesse ciência do tempo em que passou em coma, ver a Sofia era algo mais concreto do quanto tempo ficou naquele estado.

Antes de entrar dou duas batidas de leve na porta para anunciar a nossa chegada.

- Podemos entrar? – Digo assim que abro a porta, tendo uma Sofia escondida atras de mim.

- Claro. – Responde Tato.

Ele está sentando em sua cama, seus olhos brilham de emoção quando avista a Sofia atras de mim. Então a puxo para o meu lado enquanto caminhamos para mais perto de sua cama. Assim que nos aproximamos, a coloco em minha frente.

Tato não consegui conter a emoção, seus olhos, antes repleto de emoção, agora estão sendo tomados por lagrimas prestes a cair. Ele leva às mãos a boca, tentando abafar o barulho que escapa de sua garganta.

Não digo nada, na verdade não sei o que dizer, só sentir. Assim como ele, a emoção desse momento me domina me deixando em um estado catatônico.

O vejo rir e chorar ao mesmo tempo, enquanto encara a Sofia.

- Ela... – Sua voz embarga. – Ela é tão linda. – Ele finalmente consegue dizer.

- Sim, muito. – Concordo. – Vai dar um beijo nele, meu amor.

Incentivo a Sofia a se aproximar.

Ela alterna o olhar entre o Tato e eu, ponderando se realmente iria fazer o que lhe pedir. Eu apenas a espero decidir, não quero força-la a nada.

Por fim, ela decidiu ir. Ainda que esteja relutante, ela sobe na cama e o abraça. O abraço se prolonga por um longo minuto, ate que se desfaz.

Sofia se mantem na cama, agora se sentando de frente para o Renato.

- Tudo bem com você? – Ele pergunta para a pequena.

Ela nada diz, apena acena com a cabeça em confirmação.

A vida da gente Onde histórias criam vida. Descubra agora