Falsos fatos

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·         Perspectiva de Gizelly

Tínhamos passado o restante do dia na companhia da nossa filha, e como combinado ainda no hospital, assistindo filmes enquanto tomávamos sorvete.

Mas não antes de termos feito uma refeição decente, mesmo que a contra gosto da Sofia e Rafaella, foi eu quem decidiu pôr fim ao que iriamos comer. O que causou um certo protesto em forma de biquinho na face das duas, um biquinho muito fofo diga-se de passagem.

Quando a noite chegou, e depois de mais uma vez me certificar que o jantar fosse algo saudável, conversamos mais um pouco com a Soso sobre a visita e o que toda a cena causada pela Genilda tinha causado nela.

Por mais que eu desejasse que a minha filha tivesse sua família sempre por perto, isso não se estendia aquela mulher. Ainda mais quando ela estava disposta a passar como um trator por cima de quem fosse para alcançar os seus objetivos. O que na maioria das vezes, ou em todas elas, esse alguém era a minha esposa.

Então conversar com a Soso nos pareceu ser o melhor a se fazer naquele momento, deixar com que ela externasse seus sentimentos e visão sobre a situação.

Após uma longa conversa, e por fim, contamos uma história ela adormeceu.

Eu estava cansada, o dia tinha sido bastante exaustivo, porem estava me sentindo muito feliz.

Ele tinha sido também o dia que finalmente o Renato a conheceu, a grande razão da minha existência, a minha pequena preciosidade.

Estava mais do que feliz por ver em seus olhos, que assim como eu, Renato também a amava.

Minha esperança em que os dois se dessem bem só havia crescido ainda mais apesar de tudo o que tinha ocorrido. Não conseguir segurar o suspiro e o sorriso que veio logo depois ao relembrar do encontro deles.

Sim. Eu estava muito feliz.

Enquanto arrumava meu cabelo em uma espécie de rabo de cavalo mal feito, entro no banheiro e decido preparar um banho para a Rafa. Se eu estava me sentindo exausta, sabia muito bem que ela estaria mil vezes pior. E nada melhor que um banho para lavar toda a sujeira do dia. Então ligo a banheira de hidromassagem, verificando a temperatura da água e adicionando alguns sais de banho que Rafaella sempre abastece a bancada perto da banheira.

Eu realmente espero que desta vez eu tenha acertado a quantidade de produto, da última vez conseguir fazer com que o nosso banheiro fosse tomado por espumas.

Lembro da cara da Rafa quando fui busca-la para o banho, seu rosto primeiro foi tomado por um pânico, depois deu lugar a um semblante de divertimento ao ver o meu desespero enquanto eu dizia que não sabia o que tinha causado tanta espuma. E enquanto tentava me acalmar, ela disse que parecia que estava pisando em nuvens, que eu tinha preparado o melhor banho da vida dela, o banho das nuvens.

E com essa lembrança outro sorriso toma os meus lábios, mas desta vez o sorriso é mais largo e demorado.

Diferente da última vez, desta decidir ficar por perto da banheira até ter a total certeza que não havia exagerado em nada.

Alguns minutos depois de encarar a banheira e tendo a certeza que ela não iria explodir em espumas novamente, decido finalmente descer e ir em busca da minha esposa. Acabo a encontrado em nossa cozinha, encarando uma garrafa de vinho ainda fechada.

- Acho que nossas ideias estão mais do que conectadas. – Digo, abraçando-a por trás.

- O que você disse?  - Ela pergunta em confusão.

- Eu disse que nossas ideias estão conectadas. – Dou um beijo na pele exposta do seu pescoço, o que lhe causa arrepios, antes de continuar. -  Acabei de preparar um banho para você, juro que desta vez não fiz a banheira explodir em espumas. Se está pensando em abrir essa garrafa, concordo que será uma excelente ideia.

- Ah, sim. Desculpa. É que eu estou com a cabeça um pouco...

- Tumultuada. – Completo.

- Sim, isto. – Ela se vira, ficando de frente para mim. – Eu tinha vindo aqui em baixo com esta intenção, pegar algo para bebermos antes de dormir, mas acabei divagando sobre as coisas que aconteceram mais cedo. Mas sim, vinho e um banho parecem ser a melhor forma de terminar este dia. – Ela então se inclina um pouco mais em minha direção, me dando um beijo lento e bem mais do que bem-vindo.

- Gostei disso. – Digo assim que seus lábios se afastam dos meus.

- Não mais do que eu.

- É mesmo? – A provoco.

- Você sabe que sim. Eu sempre vou gostar mais de te beijar – Ela deu um rápido beijos para comprovar o que falava. - De te abraçar sentir. – Apertou mais os braços em volta da minha cintura. – Assim como irei sempre ser a que mais ama...

- Que absurdo, não acredito que você está mesmo convencida sobre todas essas coisas?

- Não é convencimento, são os fatos.

- Fatos esses mais do que falsos, isto sim.

- Falsos?

- Sim, muito falsos por sinal. Como se atreve a dizer que é a que mais ama, quando fui eu quem lhe preparou um banho magnifico, e que por sinal deve estar ficando frio se não nos apressamos.

- Mas foi eu que te amei desde de sempre, então eu ganho essa.

- Não sabia que se tratava de uma competição de quem amou primeiro para nos dizer quem é a que mais ama nessa história. – A encaro com uma sobrancelha arqueada.

- Não é uma competição, mas se fosse eu ainda assim iria domina-la e sair vencedora. Não só por ter sido a primeira a amar, mas sim por ser amada de volta por você, este é o mais importante em qualquer ângulo. Ter o seu amor, e eu o tenho.

- Sim, você o tem.

E mais uma vez nos perdemos entre um beijo lento, sensual e repleto de promessas que já se cumpriram, e muitas outras que ainda iriam se cumprir.

Com uma garrafa do nosso vinho preferido e duas taças, subimos para finalmente desfrutar do banho que havia preparados. Para a minha felicidade, encontrei o banheiro da mesma forma que o havia deixado.

- Sem explosão de espumas desta vez. – Sorrir ao me gabar pelo meu feito.

- Eu queria explosão de espumas. – Rafa sorriu de volta, enquanto depositava a garrafa e as taças na bancada ao lado da banheira.

- Não queria coisa nenhuma, aquilo ficou uma bagunça. – Digo começando a me despir.

- Você vai tomar banho comigo? – Ela me pergunta antes de pegar a garrafa e encher uma das taças.

- Essa era a ideia, não? – Pergunto confusa terminando de me despir.

- E aquela história de que havia preparado um banho magnifico para mim? – Ela diz enquanto enche a segunda taça. – Então essa banheira inteira é minha esta noite.

Ela entende a taça em minha direção, me oferecendo, com um sorrisinho provocador.

- Você deve está de brincadeira com a minha cara. – Cruzo os braços, o que faz com que os meus seios ganhem ainda mais volume. Não que eu tenha feito com esta intenção, mais fico mais do que feliz em constatar o efeito que isso causou nela.

O sorrisinho provocador em seus lábios é substituído por lábios entreabertos, que demonstrava o quanto ela estava afetada pela exposição das minhas queridas belezinhas aqui.

- Se é dessa maneira que você deseja que seja. – Faço menção de me abaixar para pegar minhas roupas.

- Você não vai a lugar algum. – Ela volta a colocar a taça em sua mão na bancada e com agilidade anda em minha direção.

E assim sou envolvida pelos seus braços.

- Pensei que você está dizendo que o banho era todo seu, então...

- Então nada. – Ela me interrompe. – Você não vai a lugar algum.

Giro o corpo para voltar a encara-la.

- Foi você quem começou. – A provoco.

- Então nada mais justo do que seja eu a terminar.

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