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Assim que entreguei a Sofia a Rafa, as lágrimas começaram a escorrer pelos nossos rostos.

- Então ela é? – Perguntou abraçando a Sofia com ternura.

- Sim, ela é sua sobrinha. – Sorrir.

- Por que não nos contou? Não contou para ele sobre a gravidez?

- Eu o procurei, fui falar sobre ela. E o que ele fez? – Ela fez uma pausa, mantendo o olhar preso aos meus. As lágrimas escorriam pelo meu rosto em cascata. – Me mandou embora, sem ao menos escutar o que eu tinha a dizer. Eu não tive escolha, a não ser abdicar da minha própria filha para poder mantê-la por perto.

- Você só pode estar maluca em contar essa mentirada. Como se atreve vim aqui e contar mentira descabida com meu filho estando nesse estado? O que você pretende com isso? – Esbravejou Genilda ao entrar no quarto em que Rafaella estava internada.

Peguei novamente a Soso do colo da Rafa.

A última coisa que eu queria era aquela louca perto da minha filha.

Eu tinha saído esta manhã após uma briga feia com meu pai, lhe disse que de hoje em diante eu que iria tomar conta da minha filha, iria assumi-la. O que o levou a me colocar para fora da minha própria casa. O acidente tinha aberto os meus olhos, eu não iria aguentar ver a minha filha crescendo sem saber da verdade, sem saber a sua verdadeira origem. Sem eu poder lhe dar o amor de mãe, conhecer o próprio pai e tia. Mas quanto a Genilda, eu iria fazer de tudo para mantê-la longe da minha filha.

- Não é mentira. – Disse procurando não parecer abalada por sua presença. – O que eu disse é verdade, a Sofia é nossa filha.

- Mãe, por favor. Você não consegue ver a semelhança dela com o Tato, comigo? Ela é a sua netinha. – Rafa se posicionou ao meu lado, apoiando o braço em minha cintura.

A avó de Rafa volta, encontrando a Genilda na porta.

- Minha filha, pensei que estivesse sendo medicada. – Disse de forma gentil.

- Eu não pude deixar de me perguntar o que essa atrevida estava fazendo aqui com um bebê, já que o querido pai dela tinha resolvido estragar coma nossa vida. E veja só, se não bastasse tripudiar da miséria a qual nos colocou ainda veio mentir sobre o meu filho. Como se ele fosse capaz de mentir para mim, de esconder que teve um filho. – Genilda argumentou para a sua mãe.

- Minha filha, tente se acalma. Se ela veio até aqui com essa pobre criança, ela está falando a verdade. Não vejo necessidade dela ter criando essa mentira.

- Mãe, ela é sua neta. – Disse Rafa num tom baixo.

- Escute a sua filha, meu amor.

- O único filho que eu tenho se chama Renato e está dentro de um quarto, imóvel e mudo, por causa dessa pessoa que você acha que tem que defender. Ela estragou a minha vida e a vida do próprio irmão.

- Você não pode falar assim com sua própria filha, Genilda. Ela também estava naquele carro, também se machucou. – Repreendeu a avó de Rafa. – Olhe essa neném, dá para ver de longe que ela s pode ser a sua neta. É a cara da Rafa e do Renato quando neném. Lembro que pensavam que vocês eram gêmeos. Quando o Renato estava com quatro anos e você, minha querida, com apenas três. Tinham a mesma carinha e os cabelinhos amarelos e os olhinhos de anjo.

- Me poupe, mãe. Não vou ficar recordando momentos fofos enquanto o meu filho está em cima de uma cama, em coma por conta dessa daí. Desde que você nasceu, começou a sucessão de desgraças em minha vida. Eu quero que você e essa criança esqueçam da minha existência e da do meu filho, assim como eu irei esquecer. Eu fiz tudo para que o meu filho tivesse uma vida melhor, que ele fosse feliz. E agora ele está em cima de uma cama sem expectativa de quando irá acordar. Me diz onde é que eu errei? Fala se tudo que eu fiz foi pelo bem do meu filho? Está bem, deixar a Rafaella nascer talvez tenha sido realmente um erro.

Genilda ganha um tapa na cara da mãe.

- Você não tinha o direito de fazer isso! Você vai se arrepender disso, escreve o que estou falando. – Ameaçou Genilda saindo da sala.

Assim que Genilda saiu, Rafaella desabou. Sua avó correu para lhe dar apoio. Ficamos ali por um longo tempo, deixando que ela descarrega-se o choro que tinha prendido.

Depois que a situação estava um pouco mais calma, contei tudo sobre a Sofia, meu pai e o acordo. Sobre ter procurado o Renato e ter tentado lhe contar sobre ela, e principalmente a forma que ele me tratou com mais calma.

- Você é minha princesinha. – Disse Rafa dando um beijo na mãozinha da Soso.

Estávamos sentadas na cama, e a Dona Marcina na poltrona.

- A bisa está louca para encher essa gatinha de carinho. Saiba que as duas serão bem recebidas em minha casa. Não liguem para a minha filha, ela irá amolecer aquele coração duro dela. – Olhando para a Sofia ela continuou. – Quem não amolece diante de um anjo desse?

- Desculpa, Dona Mar...

- Quero saber quando irá me obedecer e parar de me chamar assim. Já disse várias vezes que você também é minha netinha, então trate de me chamar de vovó. – me interrompeu a mais velha.

Às vezes, quando Rafa ia visitá-la na infância eu a acompanhava. Sempre sentir um carinho por ela. Diferente da filha, ela era puro amor e carinho. Adorava o modo que tratava a Rafa, e sabia que ela era a responsável pela Rafa não ter perdido o seu lado doce, mas eu não conseguia chamá-la de vovó, como sempre me pedia. Hoje sei que o motivo era a Genilda, não queria chamar a mãe dela de vó. Mesmo sabendo que elas eram diferentes, era estranho para mim.

Depois da conversa, fiquei com o coração um pouco mais leve.

Eu precisava tomar as rédeas da minha vida, e começar a guiá-la com as minhas próprias mãos. Assim que me despedir da Rafa e de sua avó, com a promessa que não iria nunca mais me afastar dela, voltei para a casa do meu pai. Onde foi recebida com ofensas, mas não abaixei a cabeça. O informei que iria entrar na justiça para anular registro da Soso e assumir a maternidade, assim como iria querer o que era meu por direito. Não iria sair dali com a mão na frente e outra atrás sem ter como sustentar a minha filha. Ela dependia de mim agora, e eu precisava crescer e virar uma adulta, já tinha completado dezoito anos, não precisava mais ficar sobre as asas do meu pai. Já tinha passado mais do que dar hora.

Assim que arrumei as minhas coisas e a da Soso, desci para ir me hospedar em um apart hotel.

Encontrei o meu pai no final da escada.

- Você está jogando o seu futuro fora, por conta de uma birra de criança. Tínhamos combinado que essa criança não iria interferir no seu futuro, e olha só o que você está fazendo.

- Estou indo viver. – Disse terminando de descer os últimos degraus.

- Minha filha, não faça isso. Não estrague a sua vida desse jeito. – Pediu.

- Eu estaria estragando a minha vida, e principalmente a da minha filha se continuasse vivendo essa mentira.

E assim, sair daquela casa com a minha filha no colo para iniciar um novo capítulo das nossas vidas. 

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Gente, lembrando a vocês o motivo de ser um pouco direta em determinados assuntos: Por conta de ser a primeira fase dessa história, estou me atendo apenas aos pontos importantes para o entendimento do enredo. A segunda fase eu não tocarei mais no passado, a história passará a ser menos corrida e mais "vivida". E já dando spoiler, é onde acontece o mundo Girafa, então preciso deixar todos os pontos ligados corretamente para que a história seja coerente, fácil de entendimento e sem pontas soltas. 

Breve volto com mais 😘

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