· Perspectiva de Rafa
Enquanto observo Sofia sentada no chão da sala de estar de Bianca brincando com Mariana, sinto que tomei a decisão corretar. Mesmo que para isso tenha que mentir para a mulher que mais amo nesse mundo.
Eu entendia a minha filha e a sua recusa em não querer ir ao hospital, pois também estava me recusando a acompanhar a minha esposa em sua primeira visita ao meu irmão, irmão esse que não sabia de nada do que se passou durante seu longo coma.
Eu não poderia simplesmente encara-lo ao lado da mulher que ambos amam, mas que somente um de nós teve a oportunidade de viver esse amor. Não quando ele mal saiu do seu estado.
Eu sentia que precisava dar esse espaço a eles, precisava deixar que esse primeiro encontro acontecesse sem mim. Pois eu sei que quando tudo vier à tona correrei o risco de perder o amor do meu irmão.
- Meu Deus, Rafa, eu não estou acreditando. Essa é a história mais incrível que já ouvir em toda a minha vida. – Bianca leva a mão a boca, não conseguindo acreditar em tudo o que eu acabei de contar para ela.
Bianca, além de uma excelente funcionária, vem se tornando uma amiga excepcional.
Eu nunca tive amigas antes de Gizelly aparecer em minha vida. Minhas primeiras amizades nasceram por conta dela. E estar criando algo tão forte com Bianca me deixou bastante a vontade para lhe revelar tudo o que aconteceu e que vinha acontecendo em minha vida. Me sentir a vontade até mesmo para contar sobre os meus medos.
Então estar ali, lhe contando que finalmente o meu irmão finalmente acordou, me pareceu fácil e certo.
- Meu deus. Eu nem sei o que dizer. Eu estou tão feliz que uma tragedia como a que vocês passaram finalmente pode estar tendo um final tão feliz. – Continua ela.
- Eu sei, eu sei. – Eu sorrio, pois é inevitável não me sentir feliz ao compartilhar a notícia maravilhosa que é ter meu irmão de volta. – Mas acontece que...
Mas isso não me impedir de sentir medo pelo que virá pela frente.
- O que foi, Rafa, o que está te angustiando tanto?
Desvio meu olhar para a Soso, Mariana está fazendo cocegas nela, arrancando uma gargalhada tão gostosa da minha filha. Minha vontade é de me juntar a elas, mas voltou a encarar uma Bianca, agora apreensiva, sentada ao meu lado.
- Ao mesmo tempo que estou sentindo uma felicidade, uma felicidade enorme, Bianca. – Eu faço uma pequena pausa, pois sinto um grande nó se formando em minha garganta. – Meu irmão está recebendo a vida dele de volta, mas... mas o que vai acontecer agora, Bi? O que vai acontecer com a gente? Eu a Gi e a Soso? Eu estou com muito medo.
- Calma, Rafa. Calma pelo amor de Deus. Uma coisa de cada vez.
Eu olho novamente para a Soso, tento controlar minha vontade de chorar por medo qe ela possa perceber que não estou bem. Não quero lhe causar preocupação. Ela me parece tão feliz ao lado de Mari, brincando, a margens da real situação.
- Eu nunca sentir tanto medo, como estou sentindo agora. – Admito.
- Me conta sobre esse medo. Fala comigo, Rafa. – Bianca segura a minha mão, fazendo com que eu volte a encara-la.
- Eu não sei o que fazer, Bi. Eu realmente não sei o que fazer.
- Você precisa se acalmar. – Bianca olha em direção a Sofia, e eu faço o mesmo.
Eu sei o que o olhar dela estar querendo me dizer, ela também está preocupada que a Sofia note o meu estado.
- Me conta. – Ela pede voltando a me encarar.
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A vida da gente
FanfictionPoderia começar dizendo que este não é apenas mais um conto clichê, mas não pretendo começar com falsidades. Afinal, é verdade que este romance tem suas raízes no clichê, mas permita-me destacar que, mesmo sendo inevitavelmente familiar, ele reserva...