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FABIANA.

Sábado, 07:30 am. — Vila Cruzeiro, Complexo da Penha.

Cheguei do pagofunk no Rodo loucona na ponta do pé, tentando não fazer qualquer barulho. Eu estava tão chapada ao ponto de dar risada pro nada e sozinha.

Minha sorte é que hoje era feriado e eu não ia abrir a loja hoje, caso contrário, estaria na merda.

Subi pro meu quarto de fininho, corri pro banheiro e com dificuldade tomei um banho e pelada mesmo eu caí em cima da cama e apaguei.

Despertei com o meu celular tocando sem parar.

Só de levantar a cabeça eu já estava sentindo a dor, estava mais furiosa que a bateria do Salgueiro.

Não se deram por vencidos em só me ligar, passaram a invadir meu quarto.

Adriana: Não acredito que tu ainda tá deitada nessa cama. – minha mãe disse meia bolada – Tu chegou agora, filha da puta? – me sacudiu.

Fabiana: Não, nem sei. – falei embolada – Que horas são? – me virei e abri os olhos.

Adriana: Uma e meia da tarde. Hoje é aniversário da tua vó, tu tá lembrada? – colocou a mão na cintura.

Fabiana: Tô. – passei a mão no rosto.

Adriana: Irresponsável do caralho tu, hein garota. Bora levantar, ela tá esperando a gente pra almoçar. – deu dois tapas na minha coxa.

Fabiana: Tá bom. Gabriela, cadê? – me sentei na cama.

Adriana: Yara passou aqui e já levou, quem tá aí embaixo é a Diana.

Fabiana: Diana tá de carro? – cocei a cabeça.

Adriana: Não, ela vai com a gente.

Minha mãe abriu as cortinas do meu quarto e saiu batendo a porta.

Eu já sabendo o que isso significava, me levantei e fui tomar outro banho bem caprichado. Me arrumei bem linda e maravilhosa pra minha mãe não botar defeito e não ofuscar o amor da minha vida que é a minha vó, a paterna, claro.

Dei uma última olhada no espelho depois que eu terminei de me arrumar, coloquei meus acessórios, arrumei minha bolsa e peguei o presente que eu tinha comprado pra minha vó desde o início da semana.

Graças a Deus, hoje eu tinha condição de me bancar e comprar tudo do bom e do melhor pra mim, pra minha filha e pros meus.

Meu pai era traficante, morreu quando eu tinha doze anos e desde então minha mãe teve que batalhar pra terminar de criar eu, a Diana e o Pedro. Que também já não está mais aqui, porque morreu numa emboscada por vingança dos inimigos do meu pai.

E lidar com momentos difíceis não é só especialidade da minha mãe.

Me tornei viúva aos dezesseis com uma filha nos braços pra cuidar. Sim, meu ex-marido era frente do Complexo da Penha. No começo foi muito difícil, eu pensei que não daria conta, mas Deus escreveu certo por linhas tortas e com ajuda de poucos eu consegui dar a volta por cima.

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