MK.
A hora de ir visitar a minha pretinha chegou, talvez hoje fosse a nossa despedida mas independentemente a certeza que eu tinha é que ela é eterna na minha vida e no meu coração.
Nada que fizeram com ela ia passar batido, eu ia cobrar um por um e ia causar uma dor pior do que ela sentiu quando aconteceu e a que eu estava sentindo agora.
Arrumaram a Gabriela que continuava triste e não saía dos braços da Yara. Jaqueline ia ficar de olho nos meus filhos junto com o Formiga e o restante também ia pro hospital ver a preta.
O tempo todo eu dirigi calado, ninguém também não falava nada a não ser a Diana explicando o caminho e me informando onde era pra estacionar. No meu caso, nos fundos do hospital.
Entramos todos por lá, eu e os caras fomos vestidos de enfermeiros e passamos pelos corredores graças a Deus e a enfermeira que nos guiou com maestria.
— Tá na hora da visita. É melhor que os familiares entrem primeiro por conta do médico e da enfermeira chefe que vão conversar com a mãe e a irmã. Vocês vão aguardar um pouco no quarto de repouso e assim que eles saírem eu venho buscar vocês. Tudo bem? – a enfermeira disse.
MK: Por mim tudo bem. – falei sem muito ânimo.
Ela saiu e eu continuei tomando um chá de cadeira insano. Cada minuto pra mim parecia mais uma eternidade.
[...]
— Vem comigo. – a enfermeira me chamou finalmente.
Quando eu cheguei no corredor que levava até a UTI, dei de cara com a dona Adriana com a Gabriela no colo se debatendo e morrendo de tanto chorar chamando pela mãe. A Diana chorava ajoelhada no chão abraçada com a Yara e a Karina que tinha adiantado as férias pra não correr o risco de sequestro.
Gabriela: Não me deixa mamãe. – gritou – Mamãe, mamãe.
Meu coração apertava mais a cada passo que eu dava, a sensação é que eu não ia aguentar e ia acabar morrendo junto com ela, literalmente.
Parecia um pesadelo.
Os moleques entraram primeiro, mas não passaram nada além de cinco minutos e saíram. Eu preferi entrar sozinho porque o que eu tinha pra falar só ela precisava ouvir.
Minha pretinha estava imóvel, de olhos fechados, sua pele estava gelada e seus lábios estavam num meio termo mas estava ficando roxeados.
Os aparelhos já tinham sido desligados.
Seu semblante era de calma, seus batimentos iam caindo lentamente a cada minuto que passava.
Minha preta estava indo embora aos pouquinhos.
MK: Pretinha, eu cheguei. – me sentei e encostei minha boca próximo ao seu ouvido – Por que tu tá indo embora pra longe de mim? Pra longe dos nossos filhos? Da nossa família? Nosso filho tem os seus lábios e é a coisa mais linda do mundo. Eu confio nos planos de Deus pretinha, Ele deve querer alguém que é linda por dentro e por fora e tu realmente é alguém assim e foi por isso que eu me apaixonei por você e continuo até hoje. A gente se prometeu que esse dia só ia chegar com nós dois velhinhos e de preferência comigo morto porque eu prefiro estar morto do que viver o resto da minha vida sem você. Eu te prometi que a gente ia viver tranquilo e quando eu cumpro a minha parte, tu me abandona assim. Eu sempre vou te amar, Fabiana Carvalho Falconi. Não deu tempo da gente se casar, mas eu tô te dando meu sobrenome assim mesmo. Quem liga que a gente não assinou? Tu é a minha mulher e sempre vai ser. – encostei meu rosto no rosto dela, dei um cheiro e beijei sua bochecha que estava gelada igual freezer – Eu sei que muitas vezes eu fui egoísta, principalmente quando você comia o seu chocolate e ainda queria comer o meu quando a gente estava a sós e tô sendo agora enquanto tô aqui te pedindo pra reagir e voltar pra minha vida. Eu fui imperfeito e demorei pra cair na real sobre nós dois, mas o amor que vive aqui em mim é enorme e você não tem noção. Mas se não der, vai em paz minha pretinha, minha onça braba, minha tanajura.
O monitor do troço lá disparou e a linha do seu batimento cardíaco já em linha reta já me dava indício que ela tinha ido.
Afundei meu rosto em seu pescoço, o meu choro se intensificou e abracei ela mais forte.
MK: Eu pensei em falar pra tu que eu tava com outra, só pra ver você ficando com raiva e pegar no meu pescoço. Eu preferia ver você com raiva de mim do que assim... Fria, calada e agora morta. Perdão por não te proteger, pretinha. – contornei seu rosto com a ponta do meu dedo.
Senti o corpo dela se mover pra cima, ouvi o som dela puxando o ar, levantei o rosto e ela estava com os olhos arregalados e abertos me encarando imóvel.
O monitor começou a apitar e os batimentos dela foi de zero a noventa e nove numa rapidez que se eu não estivesse vendo, eu não ia acreditar.
Fabiana: Arruma outra e eu te faço ir pra cova mais rápido do que você imagina. – ela disse com a voz fraca.
MK: Eu me declarei e tu só ouviu a parte da outra? – falei indignado.
Fabiana: Eu tenho uma família pra cuidar e um homem pra colocar na linha. Eu nem morri ainda e tu já tá tentando colocar outra no meu lugar? Não quero outra criando os meus filhos não. – sua voz começou a pegar timbre aos poucos.
MK: E quem foi que te falou que eu quero outra? Eu quero é essa onça que tá na minha frente. – abracei ela com um pouco de força.
Fabiana: Murilo meu ombro tá doendo, solta um pouquinho pelo amor de Deus. – choramingou e eu afrouxei – Cadê o nosso filho, Murilo? Tô cheia de dor pelo corpo todo, até a minha buceta tá doendo, pretinho. Onde é que eu tô? – disse agoniada e tudo de uma vez.
MK: Relaxa a pussy, gatona. Nosso filho tá melhor que nós dois juntos, pode acreditar. Moleque parece que tá comendo chumbo, tá pesado filha. – dei uma pausa e ri – Foi registrado como Matheus, porque segundo Guto e Barão foi o nome que você escolheu. Eu mantive porque não queria contrariar a sua vontade porque eu sempre vou ser obrigado a fazer o que tu quer. – alisei o rosto dela – Tá tudo bem, o que importa é a sua recuperação pra gente voltar pra casa.
Fabiana: Jaqueline contou que teu nome ia ser Matheus, mas teu pai na hora lá mudou, aí achei que combina com o nosso filho. – sorriu fazendo careta por causa de seu ombro – Te falar aqui um negócio, não sei se tu acredita ou não, eu tava atravessando o túnel e eu encontrei meu pai e o meu irmão. Tu acredita que o Pedro disse que ele queria sossego? Meu pai disse que ainda não tava na hora de me aturar, fiquei puta de ódio. – disse inconformada.
MK: Quando a pessoa morre Fabiana, ela quer sossego. – falei tentando me manter sério.
Eu não consegui controlar o riso não e gargalhei.
Não desacredito de quem acredita nessas coisas, mas a maneira que a Fabiana falou foi muito engraçada.
Fabiana: Eu vou quebrar tua cara na porrada Murilo, sai daqui. Nem acordei e já tô me estressando, traz minha filha vai que eu tô ouvindo ela gritando daqui. – ela disse braba e eu só sabia rir – Para de rir, filho da puta. Eu vou te matar, cara.
MK: Bem vinda de volta, pretinha. – beijei sua testa e dei um selinho demorado em seus lábios – Eu te amo, amor.
Fabiana: Eu te odeio, desgraçado. – fez bico, mas correspondeu ao meu selinho.
Essa era a minha preta bolada e periculosa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DO JEITO QUE A VIDA QUER.
FanfictionNinguém sabe a mágoa que trago no peito Quem me vê sorrir desse jeito Nem sequer sabe a minha solidão É que meu samba me ajuda na vida Minha dor vai passando esquecida Vou vivendo essa vida Do jeito que ela me levar... História de Fabiana & Murilo.