74.

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FABIANA.

— Sua pressão arterial está alta, Fabiana. Anda tendo estresse constantemente não é? – a médica disse depois de aferir minha pressão arterial.

Karina: Ela anda sim, doutora. – disse antes mesmo que eu pudesse abrir a minha boca.

Fabiana: Obrigada, Karina. – falei fingindo ânimo.

— Eu já conversei com você sobre o risco que você corre com o aumento elevado da sua pressão arterial. O risco da pré eclampsia e da eclampsia é real e não é brincadeira. Você sabe disso, Fabiana. – a médica disse calma e me olhando – Se eu não conseguir te parar, eu vou ser obrigada a te manter internada até o nascimento do bebê. É isso mesmo que você quer?

Fabiana: Não quero não. – fiz biquinho.

— Então, está terminantemente proibida de se estressar. Eu sei que você é empresária, é mãe de uma menina e é quem movimenta tudo. Mas faça as coisas devagar. Repouso é a palavra chave nessa reta final que estamos entrando. Se for possível, aluga uma chácara, viaja pro interior e esquece o celular. É ótimo pra acalmar você e o bebê. Toda emoção que tu sente, o teu filho sente o dobro até.

Fabiana: Eu vou procurar me acalmar, prometo. – sorri tentando parecer convincente – Esse garoto vai me dar trabalho, tô sentindo uma azia infernal. Gabriela foi do mesmo jeito e o cabelo dela é daquele jeito. – sorri e fiz careta.

Se ela soubesse cem por cento a luta que eu tô passando, jamais me mandaria viajar. Fiz uma porrada de exames e por fim fomos ver o meu bebê numa nova ultra.

— Por incrível que pareça, o seu bebê está completamente formado, está bem grande e se ele nascesse hoje, não teria qualquer tipo de complicação. Apesar do risco que corre com essa mamãe nervosa, ele está ótimo. – disse sorridente.

Os sons do coração do meu filho eram música pros meus ouvidos e me deixa muito mais calma. Ali eu prometi pra mim mesma que até o nascimento do meu filho, nada mais ia me abalar e nem me tirar do sério.

Fiz o mesmo procedimento das outras vezes, mandei ela imprimir lá a foto da ultra porque eu ia levar pro pretinho ver e a gravação eu guardaria pra quando ele saísse. Eu já conseguia ver ele todo bobão.

Saí da clínica com a Karina e voltamos pro Alemão. Pedi pra ela parar na casa da vó, eu precisava de sossego e eu não conhecia outro lugar a não ser lá.

Ouvi risos conhecidíssimos vindos da cozinha, era Keila deixando a Gabriela fazer ela de cavalinho.

Fabiana: A farra aqui pelo visto tá maravilhosa. – falei alto e as duas pararam pra me olhar.

Keila: Tá sensacional, viada. – riu e colocou a Gabi em cima da mesa.

Gabriela: Ô manhê, eu preciso ir no shopping comprar aquela boneca lá. – estava se referindo a um bebê reborn que custava três mil reais.

Estava na hora de dar uma lição de consciência na minha filha.

Não é porque eu não queira dar, ou não tenha condições de dar, pelo contrário.

Estava na hora da Gabriela aprender que nem tudo lhe convém.

Fabiana: Bebê reborn de três mil? Espera mais dois meses e eu te dou um de verdade. – falei colocando a bolsa de lado.

DO JEITO QUE A VIDA QUER.Onde histórias criam vida. Descubra agora