68.

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MK.

Eu ainda estava com a noção de quanto tempo eu estava fora de circulação, não chegava a ser uma semana mas tava quase. A real que é que pra quem tá aqui dentro, cada minuto é uma hora e uma hora é a eternidade.

Minha cabeça vivia a milhão e não parava um minuto pensando nas coisas, principalmente na Fabiana e nos meus filhos.

Durante esse tempo que passou, ninguém deu sinal de vida, por enquanto também recusei um celular descartável porque eu tinha certeza que no mínimo o celular de algum dos meus poderia estar sendo rastreado. Não precisava de mais ninguém preso depois de mim.

Já tinha passado do almoço e a minha visão começou a mudar quando um Zé buceta lá me avisou que eu teria uma visita.

Fui levado pra uma salinha lá e quando entrei de cara com um homem engravatado. O cana tirou as minhas algemas e eu me sentei diante do cara lá que estava sentado.

Era um coroa já, pique ancião. O lugar desse maluco no mínimo era no cemitério.

MK: E aí. – falei sem muito interesse.

— Boa tarde, Murilo. Eu sou o dr. Luís Avelar, eu tô aqui porque fui contratado pela sua namorada, a senhorita Fabiana Carvalho e a minha missão é te representar. – disse sério.

Quando ele falou no nome da pretinha, eu já sabia que eu não estava tão na merda assim.

O velhote abriu o jogo da minha real situação e é papo de que até durante o meu tempo que eu fingi que estava morto rolou vários b.o que levam meu nome a ser apontado como mandante e enfim.

Eu não fiquei nenhum pouco surpreso, porque 98% de todos os casos que ele citou durante a nossa conversa eu realmente estava envolvido.

Matei, roubei, sequestrei, esquartejei muita gente, forjei minha própria morte e não tenho nenhum pingo de arrependimento por isso. Muito pelo contrário e se eu tivesse que tocar o terror novamente, eu não mediria esforços.

O velhote continuou falando umas paradas que se eu não entendi errado, são ordens da Fabiana.

Ou seja, por minha culpa ela estava se envolvendo nas porras do morro e apesar de estar sendo provado por zero a dez que ela estava fechando comigo arriscando a própria cabeça e a liberdade, estava me dando mais preocupação ainda.

Tanto por ela quanto pelo nosso filho.

Quase fiquei maluco quando vi a papelada da ultra que ela mandou trazer pra que eu pudesse ver, ainda escreveu embaixo.

"Se um dia achei que você estava maluco,
quem estava maluca na verdade era eu...
Nosso menino está ótimo e com saudades
de você. Assim como eu! Eu te amo. "

Eu me emocionei, vou mentir não pô. Mas me segurei porque eu não sou de chorar na frente de ninguém.

De todas as notícias que eu poderia ter recebido, a melhor foi saber que eu teria um herdeiro e da mulher que eu amo.

O velhote foi embora e eu voltei pra cela.

No mesmo dia durante a noite, chegou um celular descartável na minha mão daqueles que só liga e recebe ligação, tá ligado? Não só isso como umas notinhas de cem pra garantir o sigilo.

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