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MK.

A minha prisão foi a coisa mais estúpida e imbecil que eu já vi em toda a minha vida. Pelo ódio que o 16 tem de mim, o mínimo que podia acontecer era eu aparecer morto, só que isso só vai acontecer no dia que o cara lá de cima permitir e pelo que eu tô vendo não é agora.

O pior de tudo era ver minha filha, pequena pô, gritando e chamando por mim enquanto eu trocava tiro. Pelo menos um foi pra casa do caralho na hora e o outro foi rebocado pro hospital.

Minha cabeça também tava a mil pensando na Fabiana e no meu filho que eu nem cheguei a descobrir o sexo. Era o momento que eu mais desejava estar do lado dela e eu não vou me perdoar e nem perdoar quem tá por trás disso nunca.

Antes de me levarem pra delegacia, me exibiram pra imprensa igual um troféu. Pra vocês verem que o papai aqui não é pouca merda.

Já lá dentro da delegacia eu apanhei igual um desgraçado, até sair sangue de várias parte do meu corpo, queimado com ponta de cigarro e os caralho a quatro. E tudo isso porque os cu azul me algemaram e me acorrentaram com as mãos presas num gancho.

No mesmo dia, fui levado pra Bangu 3, o reduto do CV no sistema presidiário. Tava mais que óbvio que até o juíz tinha sido comprado pra assinar a sentença tão rápido.

Era óbvio que eu não ia ficar lá por muito tempo, isso seria como cagar e não limpar o cu. Então logo logo o papai aqui ia pro presídio federal.

Quando eu cheguei em Bangu, fui levado direto pra sala do diretor.

Eu virei o que? Celebridade do crime nessa porra? Só que eu sou debochado e mesmo na merda agora eu não perdia a pose de brabo.

— Finalmente a gente colocou as mãos em você, seu merda. – o diretor disse assim que eu entrei – Eu sabia que teu dia ia chegar.

MK: Tem que me achar muito gostoso pra perder tempo só pra esperar eu chegar aqui. – sorri mostrando todos os meus dentes.

— Tu se acha muita coisa não é mesmo, Murilo Falconi? – debochou quando disse meu nome.

Tá vendo que eu sou doce?

MK: Se eu não fosse nego jamais ia perder tempo agilizando a papelada pra me trazer pra cá. – pisquei e ele cuspiu na minha cara.

Eu fiquei com maior nojo, mas não ia demonstrar então eu gargalhei igual um louco e ele me deu um soco no rosto e outro na barriga.

Cadeia é pra homem e eu era um.

MK: Eu gosto de apanhar, tá ligado? Então qualquer coisinha não dá em nada. – gargalhei – Espero que a tua filhinha tenha seguro de vida, tá? – pisquei.

— Se tu encostar na minha filha eu tiro a vida até a décima geração da tua família, inclusive aquela gostosa da tua namoradinha que está grávida, Fabiana o nome dela né? Não vai ficar um que tenha teu sangue, verme. – ele disse com ódio e eu me transformei no capeta quando ele tocou no nome da preta.

MK: Encosta na minha mulher e nós dois vamo ver quem que fica vivo nessa porra. – falei bolado e com sangue nos olhos – Eu posso até perder a mulher, mas não vou ser o único a ficar de luto. Já pensou a princesinha rodopiando na mala do astra ou do meriva da tropa? É uma pena ela queimando em algum microondas.

— Leva esse filho da puta daqui. – ordenou nervoso.

No fundo ele sabe com quem tá lidando e sabe que eu não tô de bobeira.

Me levaram pra cela e enquanto eu passava os cara fazia barulho e me cumprimentava. Me botaram pertinho dos parceiros, eu não estava em casa, mas me sentia.

O que eu tinha de aliado aqui dentro não era mole. E tinha o dobro de inimigo, eu ia ter que ficar esperto e bem esperto. O cheiro daqui não era o dos melhores, eu preferia o cheiro do meu quarto e do creme importado que a pretinha usa.

Inclusive, meu pensamento o tempo todo era só nela. Pelo tempo ela já deve estar sabendo e se eu a conheço vai tocar o terror.

E o meu terror era ver ela envolvida de novo.

Charles: Tá maluco, quando fiquei sabendo nem acreditei que os cana te pegou. – fiz um toque com ele – Tu deu um vacilo mermo, parceiro?

MK: Porra nenhuma, alguém deu o papo e fechou emboscada com os cana. Mas é só questão de tempo e eu volto. – sorri de lado.

Ja-rule: É nessas memo. Não vai ficar um pra contar história nessa porra.

MK: Não mermo. – balancei a cabeça positivamente.

Charles: E pelo que eu soube, tá rolando operação lá pra ver se pega o resto da tropa.

Eu sorri porque eu confiava muito na disposição dos moleque, não tinha nenhum amador na gerência.

Barão e Guto sempre foram meus fechamento na minha ausência e eles eram brabo tanto quanto eu. Duvido muito que consigam passar do Areal.

E se passar é pedir pra morrer e o meu exército não vai negar esse pedido.

O traficante não tem um minuto de sossego.

Chegou um filho da puta, parente de um ronca lá que tava fedendo a álcool e a droga, começou a falar muito no meu ouvido. Ele achou que os cara ia comprar o barulho dele, dei logo uma surra e quase estrangulei.

Só não terminei o que eu comecei porque o Charles se juntou com mais três pra me soltar do cara. Mas já deixou avisado que se voltasse a ocorrer, ele ia morrer na minha mão.

Me sentei lá no meu canto, abaixei a cabeça por um tempo e a minha mente começou a trabalhar até chegar numa explicação de como eu vim parar aqui tão fácil.

Tinha cheiro x9 no bagulho e cheiro de terceiro envolvido.

DO JEITO QUE A VIDA QUER.Onde histórias criam vida. Descubra agora