49.

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FABIANA.

MK: Isso aqui te pertence. – ele tirou do bolso o meu anel e me entregou.

Eu peguei da mão dele e coloquei em meu dedo novamente.

Fabiana: Manda trazer um copo de água, acho que tem alguém ali com sede. – ordenei calma com os olhos presos no Coronel.

MK: Tem outra surpresinha pra tu também e essa acho até que tu vai gostar. – Murilo sorriu e fez sinal pra um de seus soldados – VAI BUSCAR UM COPO DE ÁGUA. – gritou pra outro que correu.

— Tá aqui, chefe. – se aproximou de nós com um copo de água.

Abri o anel e despejei o veneno todo na água, tornei a colocar o anel em meu dedo e fechei os olhos por uns instantes. Respirei fundo, voltei a abrir os olhos, peguei o copo da mão do soldado do Murilo, murmurei um obrigada e caminhei até o Coronel.

Fabiana: Tá tudo bem, Coronel?

Coronel: Melhor que você, sua vagabunda. – riu.

MK: Acho engraçado como tu não abaixa tua bola nem sabendo que daqui a pouco, tu tá sentando no colo do capeta. – disse ficando atrás de mim – Tu agradece teu bônus de dias vivo pra ela, porque por mim eu já tinha te mandado pra casa do caralho desde que eu cheguei.

Coronel: Se tivesse me matado, eu estava mais feliz. Te garanto. – tossiu e vomitou sangue.

Fabiana: Mas eu não. – falei secando as lágrimas – Tem que ser muito invejoso, pau no cu, covarde, infeliz e muito nojento pra tu fazer o que fez comigo e ainda com uma criança de quatro anos que não tem culpa de atitudes alheias. É por isso que você não passa de um merda, um frentezinho de uma favela fraca. – falei olhando em seus olhos.

Era notável o ódio que ele expressava a cada palavra que eu falava contra ele.

Coronel: E tu é quem? Uma piranha que se faz de criminosa, mas é igualzinha as que desfilam pra cima e pra baixo atrás de envolvido. Tu não passa de um brinquedinho novo do MK. Grita que é braba, mas na minha cama ficou molinha, molinha. – gargalhou alto e tossiu em seguida.

Fabiana: Eu tô numa fase da minha vida que o que tu fala pra mim não tá dizendo nada. Vou fazer minha boa ação do ano te dando um pouco de água pra tu se hidratar. – ri – Abre a boca desse filho da puta. – ordenei.

Ele começou a se debater, mas não foi muito difícil fazer com que ele se mantivesse de boca aberta. Despejei a água lentamente fazendo com que o corpo automaticamente fizesse ele engolir cada gota.

Me afastei e deixei que o tempo fizesse a sua parte.

[...]

A medida que ele vomitava sangue, cada vez mais sua pupila dilatava e ele se contorcia. Eu chorava, mas era choro de alívio, ali a minha justiça estava sendo feita.

Eu não me orgulhava nenhum pouco, era muito mais pelos meus filhos do que por mim mesma. Murilo apenas balançou a cabeça e os meninos jogaram gasolina nele e atearam fogo.

Mesmo assim ele gritava palavras de ódio, senti meu corpo todo arrepiar mas depois a tranquilidade veio.

Apareceram uns cinco soldados do Murilo arrastando o João. Ele estava bem machucado, provavelmente das surras diárias que também deve ter tomado durante esses dias e estava só de calcinha.

A cena é traumatizante.

MK: Essa era a minha surpresinha, Fabiana. Esse comédia aí, eu achei dando mole lá na VK. Tentou se passar de morador, mas quem tem olhos tem muita coisa e aí os meus amiguinhos me trouxeram de presente. Já deu umas voltinhas pela favela todinha só de calcinha, ficou uma gata não foi? Os amigos ficaram super alegrinhos. – disse cheio de sorrisinho debochado – Só dá a ordem e a gente executa.

Fabiana: Ele pra mim é lixo, podia ter matado desde quando foi pego. – revirei os olhos.

MK: Não, mas eu tenho uma curiosidade pra te contar, acho até que tu vai gostar de saber e olha que saiu da boca desse filho da puta. E justifica muito o fato dele estar desprovido de dentes. Abre o sorrisão pra gata aqui ver. – debochou e os soldados dele abriram a boca do mesmo.

Não sobrou quase nenhum pra contar história. Isso explica porque ele aparentava estar bem fraco e com o rosto branco igual fantasma.

MK: Então preta, numa dessas que tu dormiu em casa, tu esqueceu de trancar a porta e advinha? O gostosão aí, abriu a porta e te viu nua. Aproveitou pra te homenagear enquanto tu dormia, se é que tu me entende. – disse sério, mas o deboche estava intacto.

Eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo. A que ponto esse cara chegou? Sabe aquele sentimento ruim, aquela ânsia de vômito? Pois é, era eu nesse momento. Me senti suja novamente, mesmo sabendo que eu não tinha culpa nenhuma.

Eu estava na minha casa e ele não tinha nada que abrir a porta do meu quarto.

João: Explica muito o porque tu botou o teu na reta pra ir buscar ela, MK. Eu te entendo... – ele disse todo cheio de graça.

Sem pensar muito, puxei a minha arma que estava na cintura, destravei e descarreguei quase toda em seu rosto nojento, o último tiro foi em sua cabeça fazendo a mesma estourar.

Caí no choro ajoelhada, mas senti meu corpo ser suspenso antes mesmo de encostar os joelhos no chão e foi o próprio Murilo que me segurou e me manteve abraçada a ele enquanto eu me derramava em lágrimas.

MK: Tu não tem culpa de nada e esse pesadelo acabou. Tu vai seguir tua vida tranquila e livre de qualquer culpa. – sussurrou no meu ouvido e secou as minhas lágrimas – Procura ficar calma pra não dar b.o contigo e nem com a criança aí. – deu uma pausa – Leva ela pra casa da Diana, Guto. – ordenou – Tá sentindo alguma coisa? Quer ir pro postinho? E o bebê? – perguntou tudo rápido.

Fabiana: Eu tô bem, creio que ele também esteje e cancela o postinho. – murmurei quase sem voz.

MK: Nada, pô. Fé pra tu, preta. – se afastou e se juntou ao Barão que estava do outro lado terminando a execução do João.

Saí de lá amparada pelo Guto que ainda segurou meu cabelo enquanto eu vomitava horrores.

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