39.

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FABIANA.

Algumas horas ali se passaram, nem sinal do Coronel e nem de ninguém. Confesso que a minha garganta já estava seca e eu com uma fome de leoa. Já sentia meus braços dormentes devido tantas horas naquela mesma posição, mas não tinha muito o que fazer.

Do nada apareceu um soldado do Coronel. O mesmo me olhou e logo pegou o celular e parecia mandar mensagem pra alguém.

— Chefe mandou trazer essa quentinha pra tu. – me olhou sério.

Fabiana: Se preocupa não eu vou comer por telepatia. – me virei e fiquei de bruços mostrando que estava acorrentada.

— Bem que o MK disse que tu era debochada. – riu – Aí, geral me chama de Formiga.

Eu tô ficando louca ou esse cara acabou de falar no vulgo do Murilo?

Fabiana: É, parece que sim e desde quando tu conhece o Murilo? – o encarei.

Formiga: Só a vida inteira. – ele disse colocando a quentinha em cima da cama e puxando a chave do bolso e abriu os cadeados.

Fabiana: Inimigos? – me sentei na cama e estiquei meus braços.

Formiga: Tu acha mesmo que eu ia ser inimigo daquele lá? É o mesmo que se suicidar e isso eu deixo pro idiota do Coronel. Mas é o seguinte, MK vai invadir pra pegar você e a garota. Tu só vai precisar de paciência. Te explico quando der.

Fabiana: E onde tá o Coronel? – olhei pra ele.

Formiga: Foi pra uma reunião lá em Lucas, deve demorar até a noite. – me entregou a sacola e os talheres.

Fabiana: Gabriela? Onde que ela tá? – perguntei desesperada.

Formiga: Gabriela tá em outra casa, mas te garanto que tá bem. – olhei feio pra ele – Bem ela não tá, te chama direto, chora e grita pra caralho, mas tá viva e é o que importa.

Coitada da minha bebê. Eu me sentia uma mãe de merda, as palavras da Sueli ecoavam na minha cabeça e por um instante eu cogitei se eu também não era mesmo responsável pelo sofrimento dela. 

É óbvio que eu era.

Eu não sabia se podia confiar no tal do Formiga então não falei que eu pretendia fazer. Por outro lado, eu ia adiantar um bocado a vida do Murilo envenenando esse verme. Eu só precisava de tempo e oportunidade.

Comi a comida e confesso que já comi melhor, mas eu não estava em posição de reclamar de nada.

Formiga: Eu vou te acorrentar, mas vou deixar um pouco mais folgado, pode ser? E os pés eu não vou acorrentar não.

Fabiana: Melhor ainda. Se tu ver Gabriela, diz que eu tô aqui e que eu vou buscar ela, por favor.

Formiga: Pode deixar. Aí, evita peitar o Coronel. Ele é um desequilibrado e não tem nada a perder.

Fabiana: Percebi. – neguei com a cabeça.

Formiga: Bora lá pra baixo e se comporta. Não tô aqui toda hora.

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