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FABIANA.

Despertei sentindo algo gelado na minha boca e grande incômodo nas minhas mãos que por algum motivo eu não conseguia movê-la pra onde eu queria. Fui recobrando a memória e dei de cara com o Coronel com um cubo de gelo deslizando em meus lábios, contornando a forma deles.

Eu não conseguia me mover porque esse animal me acorrentou, inclusive os meus pés.

Eu estava num quarto branco, totalmente sem vida e pelo que eu estava percebendo esse infeliz morava aqui.

Coronel: Acorda, Bela Adormecida. – se aproximou de mim e tentou me dar um beijo, mas eu virei o rosto.

Fabiana: Cadê minha filha? – perguntei e minha expressão mudou de raiva pra full ódio.

Coronel: Tá pertinho de você, mas antes a gente vai bater um papinho. – gargalhou.

Ele deslizou sua mão descaradamente pela minha coxa e foi subindo e chegou a apertar um dos meus seios e segurou meu rosto pelo maxilar.

Coronel: Sabe que te olhando assim de perto, agora eu entendo o MK ter comprado essa guerra comigo? Até eu compraria, você é muito gostosa.

Fabiana: Eu não tenho nada a ver com essa briga de vocês de facção, só vim aqui atrás da minha filha. – falei ríspida.

Coronel: Acho você corajosa... Mas você tem muito a ver. Além de ser o calcanhar de Aquiles do MK, ainda é herdeira do Imperador e do FB e isso significa muita coisa. Sabia? – riu – Eu sei das suas aventuras no crime, princesa.

Fabiana: Então sabe que isso é um circo e você é um palhaço completo. Pelo que eu entendo bem de crime, você é subordinado da Coréia e é ridículo se comparar comigo e pior ainda com meu pai. Ou com qualquer outro criminoso. – o encarei – Acha que eu não sei que a tua sorte é que Murilo não cresceu os olhos pros lados de cá? Se não fosse isso, tu já tinha virado pó na mão dele. – sorri e senti meu rosto queimar com o tapa que ele havia me dado – A verdade dói né? Mas a realidade é que você nunca, me escuta bem, nunca vai botar nem os seus pés dentro da Penha e nem no Alemão.

Coronel: Sua piranha. – gritou.

Ele começou a me dar vários socos, chutes, tapas e tudo o que se pode imaginar em cima da cama. Eu não tinha jeito de reagir por estar acorrentada, então o jeito era apanhar igual macho.

Coronel: Eu não queria fazer isso contigo não, Fabiana. – me olhou e se sentou  – Mas eu já esperava que tu fosse me desrespeitar.

Fabiana: Eu só quero saber da minha filha, se não fosse ela eu jamais teria colocado meus pés aqui. – falei fazendo força pra segurar as lágrimas.

Coronel: Tu só vai ver ela quando tu aprender me respeitar. Aí eu trago ela pra você ver. – saiu de perto de mim – Vou mandar alguém trazer alguma coisa pra você comer mais tarde. Pensa melhor aí, lindona.

Ele saiu e deixou a porta do quarto aberta, mas o máximo que eu ia conseguir era cair de cima da cama. E também todo o meu corpo doía, minha boca tinha gosto de sangue e pelo tanto que eu apanhei só não morri porque não chegou a minha hora.

Mas ele não perderia por esperar.

O mal do Coronel é se achar malandro demais e pensar que só a mãe dele fez essa proeza de parir.

MK.

Tudo o que tínhamos por enquanto é que a Gabriela estava com o Coronel no Rebu e que a minha carga de arma e droga tinha sido desviada por aquele filho da puta. Já estávamos em contato com um dos meus olhos em Camará e preparando o plano pra buscar Gabriela e dar um fim nesse filho da puta do Coronel.

Já fazia três dias que eu tinha visto a Fabiana, mas soube que ela não estava comendo direito e pra dormir só na base do calmante.

Eu estava esperando o Marreta na boca pra gente terminar de combinar a invasão que já tinha dia pra acontecer. Inclusive o mesmo já estava atrasado, seis e meia quase sete da noite e nada dele. Eis que Luma entra na minha sala com toda autoridade possível.

Luma: Preciso falar com você. – me encarou.

MK: Eu tô sem tempo pra isso, Luma. – continuei olhando as imagens do Rebu pra me guiar – Boa noite pra você também.

Luma: Mas é urgente, MK, por favor. – choramingou.

Aquele choramingado entrou tão fino pelas minhas vias auditivas que pensei melhor, dei logo um pause nos vídeos e olhei pra ela impaciente.

MK: Fala Luma. – bufei.

Luma: Na verdade é uma notícia que eu acho muito boa. – sorriu – E tem muito a ver com você.

MK: Eu não tenho bola de cristal, porra. Adianta que eu tô cheio de serviço. – me alterei mesmo.

Luma: Olha esse exame aqui. – me entregou um envelope.

MK: Luma eu sou narcotraficante, exame tu leva pro médico. – eu já tava ficando sem paciência.

Luma: Eu sei, traficante que vai ser pai novamente. – abriu um sorriso de orelha a orelha.

Malandro, que porra é essa?

MK: PAI? – quase gritei – Que história é essa, maluca? Como foi isso?

Luma: Tu meteu e gozou na minha buceta e tá aqui o resultado. – apontou pro exame.

Antes que eu pudesse abrir a boca pra falar qualquer coisa, o meu celular tocou na mesma hora que Marreta, Juninho e Guto entraram na minha sala de uma única vez.

Virou bagunça essa porra?

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MK: Alô?

Formiga: Chefe, tá sozinho?

MK: Não, por quê?

Formiga: Só me escuta então e não fala nada até eu terminar. Finge que tá falando com qualquer um. A mãe da garota tá aqui no Rebu, tá na casa do Coronel e um tal de Juninho é os olhos do Coronel aí no Alemão. Então qualquer passo que tu dê a partir de agora ele vai ficar sabendo. Se tiver que agir, espera mais uns dias. Depois eu te ligo e te dou o papo de tudo.

MK: Tranquilo, é essas memo moleque. – forcei um sorriso parecendo o mais sincero possível – Fé.

Formiga: Fé.

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Além de traficante, agora eu ia ter que ser ator da globo.

Mantive a calma, mas a vontade era de queimar esse maluco vivo. Eu sabia que esse infeliz não era tão de confiança assim. Mas nem os moleque que cresceram comigo sabiam cem por cento da existência do Formiga lá em Camará, imagine porra de Juninho.

Isso era o que me diferenciava do Coronel. Eu sorria pra geral, mas confiava em quase ninguém e é por isso que eu continuo vivo até hoje.

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