capítulo 24 - Águas desconhecidas

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Tomura está agitado.

Ele cai no chão no momento em que pisa na névoa de Kurogiri, plantando o rosto no velho piso de madeira do bar. O vilão solta um silvo e se contorce o resto do caminho para fora do portal, fervendo. Os eventos de hoje estão atormentando sua mente e lotando seus pensamentos, e ele permanece em sua posição amassada para tentar conter sua frustração.

“Fui baleado”, relata Tomura, sabendo muito bem que a pequena televisão no balcão está ouvindo. “Ambos os braços e as duas pernas. Ficamos esmagados.” Ele move a cabeça para tentar se sentar, mas um pouco do sangue que escorre de seu ombro cai na mão do pai e o faz arrancar freneticamente o apêndice do rosto para limpá-lo. “Meu Nomu foi derrubado em um piscar de olhos. Até aquelas crianças eram fortes.”

O desgosto volta à sua voz perto do fim, e Tomura muda de posição para olhar para o teto empoeirado. Seus ferimentos serão curados em breve, então ele ficará bem. Ele está mais focado na raiva que agora está queimando em sua pele, nos dedos arranhando seu pescoço com um vigor recém-descoberto.

“O Símbolo da Paz goza de perfeita saúde! Você estava errado, mestre.”

O monitor estala. “Não, eu não estava.” Uma pequena pausa; Tomura se contorce no chão por um momento para conter sua irritação. “Nós simplesmente nos antecipamos. Sim, nós o subestimamos. É uma coisa boa que os vilões tenham saído baratos.”

Isso é um eufemismo. Esses pequenos criminosos não tinham nada a ver com a Liga dos Vilões. Na verdade, se Tomura tivesse feito o que queria, eles nem teriam contratado tais bandidos de baixo nível. Os chamados vilões apenas fizeram a Liga parecer ruim com a facilidade com que foram derrotados por um herói profissional. Eles eram NPCs simples, não importantes para nada, exceto para manter o background ativo e interessante, e Tomura odeia que a Liga tenha que se rebaixar tanto apenas para falhar no final.

“E quanto à nossa criação? Você o resgatou?

Tomura apenas rosna e se vira de lado, olhando para Kurogiri enquanto o vilão se manifesta em seu traje habitual e responde por ele.

“Ele foi enviado voando. E a menos que verifiquemos suas coordenadas precisas, nenhuma distorção nos permitirá encontrá-lo. O barman começa a limpar o interior das taças de vinho penduradas na parede do fundo, uma de cada vez. “Eu não poderia perder tempo lá atrás.”

A estática recomeça. “Depois de todos os problemas que passamos para torná-lo tão forte quanto All Might, hm? Bem, isso é muito ruim. Uma verdadeira vergonha.

"Certo. Forte." Tomura se mexe de seu lugar no chão, suas próximas palavras saindo de sua boca antes que ele possa pensar melhor nelas. Não que ele tivesse ficado quieto mesmo se tivesse, é claro. "Havia um. Um garoto que parecia tão rápido quanto All Might.”

"Oh?"

Falso. Mesmo através dos alto-falantes, Tomura pode ouvir a inclinação divertida do tom de All for One. O menino sibila de novo, praticamente ganindo. "Sensei, você sabia que ele estaria lá, não é?" É mais uma acusação do que uma pergunta. “Ele merece pagar pelo que fez, então por que você não me contou? Não teríamos falhado!”

"Agora, Tomura, seu irmão é muito independente." O vilão centenário soa como se estivesse sorrindo, com dentes afiados e lábios manchados de sangue. “Tê-lo trazido de volta hoje ou mesmo matá-lo teria sido contraproducente. Além disso, acho que o pequeno Izuku precisa de mais tempo para ficar sozinho antes de sua punição.”

Ah. Tomura está começando a entender agora. A única razão pela qual Midoriya Izuku não está em suas garras agora é porque o All for One assim o deseja. Já se passaram alguns anos desde a fuga do pirralho, o que teria sido tempo mais que suficiente para o vilão recuperá-lo. Claro, Izuku é muito esperto quando quer, e também é muito difícil de encontrar, mas no final não há nada que alguém possa fazer contra a inteligência e o poder de All for One. É simplesmente assim que as coisas são.

Hero's shadow (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora