Clarena- Uma história de amor...

Capítulo 25

Pov Clara

Eu não sei em que momento eu cheguei ao quarto de Helena, mas estava deitada em sua cama com ela me olhando preocupada.

- Toma, meu bem, bebe. - Me entregou um copo com água e eu bebi.

- Obrigada, amor. - Forcei um sorriso.

- Você está melhor, Clara? O que aconteceu? Você me deixou preocupada. - Ela se sentou ao meu lado passando os dedos pelo meu rosto.

- Estou bem, minha linda, deve ter sido só uma queda de pressão. - Falei

- Você não comeu nada, amor, eu falei para você comer, vou preparar um prato para você agora e você come, ok? - Concordei com a cabeça e ela colocou uma mecha da minha franja atrás de minha orelha. - Ela não devia ter feito isso, a Carmem não tinha esse direito. - Ela olhou em meus olhos se referindo a tia. - Quem ela pensa que é para te tratar daquela forma, trazendo de volta aquele assunto. Mas isso não vai ficar assim, ela vai me escutar, ah se vai. - Disse e eu senti a raiva nas suas falas.

- Amor, eu não quero que você tenha problemas com sua família por minha causa. - Falei cabisbaixa.

- Você também é minha família agora, Clara. Eu vou te proteger até o meu último suspiro. - Ela me abraçou e eu escondi o rosto em seu pescoço emocionada. - Eu te amo, e não vou nunca deixar alguém te tratar mal.

- Eu te amo, Helena. - Falei sinceramente olhando em seus olhos. - Obrigada por ser você. - Ela sorriu para mim e me deu um beijo cheio de amor e carinho, até que ouvimos batidas na porta e logo Vilma entrou com uma feição preocupada.

- Clara, querida como você está? - Se aproximou e se sentou na beirada da cama.

- Estou bem, Vilma. - Suspirei - Foi apenas uma queda de pressão.

- Isso porque você não comeu nada, né meu amor? Inclusive aproveitando que você está aqui, mãe eu vou fazer algumas coisas para ela comer. - Disse e saiu.

- Eu sinto muito, Clara. - Segurou em minhas mãos e eu me encostei na cabeceira da cama. - A Carmem sempre foi assim, sempre se achou melhor do que os outros, acha que pode tudo. Ela não deveria falar aquelas coisas para você.

- Sabe Vilma, aquele assunto ainda me machuca tanto. - Falei sentindo as lágrimas invadirem meus olhos e ela apertou minhas mãos.

- Você quer conversar? Eu sei que não temos tanta intimidade ainda, mas eu estou aqui para te ouvir se você quiser. - Ela falou. - Mas se não quiser falar, tudo bem também. - Sorriu.

- Eu e o Theo fomos casados por 20 anos, no começo do nosso namoro era tudo tão perfeito, ele me tratava como uma princesa, me enchia de mimos, de carinho, de palavras bonitas, enfim. E nossos pais decidiram que seria bom a gente se casar, por conta da empresa e da parceria que eles tinham. A gente se casou, e depois disso tudo mudou, e quando eu engravidei então, piorou mais ainda. - Respirei fundo e engoli o choro. - Eu deixei a minha carreira de modelo para cuidar de casa e do meu filho, e foi aí que o Theo começou a me tratar mal. Ele saia cedo e voltava de madrugada cheirando a álcool, com manchas de batom pelas roupas, eu sabia que ele me traia, ele não fazia questão de esconder isso, mas eu não me separava dele porque de certa forma eu ainda era dependente do Theo. Eu tinha medo do meu filho sofrer com a ausência do pai, então eu suportei tudo isso pelo Rafael e também por achar que ele iria mudar. Sabe quais eram as únicas vezes que ele me tratava bem? - Ela negou. - Quando precisava que eu assinasse algo relacionado a empresa, e de pouquinho em pouquinho ele foi me roubando, até que a empresa estivesse grande parte no nome dele, a maior parte da culpa foi minha porque eu me deixava levar pela carência e nem fazia questao de ler as coisas que ele me pedia para assinar. - Vilma me escutava atentamente e eu continuei. - O Theo despertou tantas inseguranças em mim, tantos traumas. Ele falava do quanto eu me descuidei, do quanto eu estava gorda, ou o quanto meu corpo estava feio, aquilo me feria por dentro, e as desculpas das suas traições, eram que ele não tinha em casa o que ele achava na rua, uma mulher bonita, jovem e com um corpo perfeito.