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Londres, 1874
Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, ele ponderava sobre algumas decisões...
Ela era uma mulher sensual, quente, quase sempre sem que desejasse ser. Mas era também voluntariosa demais, esperta, desafiadora e muitas vezes mais atrevida do que ele poderia suportar mudo, mantendo a calma e o respeito por ela. Além de tudo, era romântica. No fundo, uma londrina tradicional, algo apavorante.
Esse não era exatamente o tipo de mulher que Alfonso desejaria. Por isso fora surpreendente descobrir que a desejava, que a queria intensamente, todas as horas de seu dia, cada vez mais. Tocar o corpo, beijar a boca, acariciar a pele... Tudo que só ele tinha ao alcance o envaidecia. Apenas não gostava de como ela parecia querer chorar quando o encontrava depois nos braços de outra. Ficava realmente zangado.
Anahi era um genuíno ultraje a seu modo de vida e Alfonso não estava necessariamente atrás de afrontas para suas determinações. Isso era motivo suficiente para levá-lo a hesitar.
Porém grande parte do que vinha acontecendo nos últimos meses fora muito inesperado. Ele tinha sorte de viver preparado para se adaptar às mais diversas situações. Agora, outra vez, estava prestes a se meter em algo que sempre estivera a vida inteira fora de seus planos. Não havia alternativa, porém; tudo que lhe sobrava era a consciência de que aquilo também fazia parte de uma mudança vantajosa, à qual ele tinha de se acostumar. Se havia de mergulhar, então mergulharia de cabeça. Era um difícil meio para se chegar a um glorioso fim.
Ele escorregou a mão pela nuca de Anahi em um toque suave e dúbio, enquanto seu corpo ia se moldando ao dorso nu dela, onde estivera encaixado horas antes. Depois deslizou mais à frente, na curva do delicado queixo e lá foi onde ele pôs o rosto para depositar um beijo carinhoso.
Assim que o fez, pôde perceber o leve estremecimento que sacudiu os músculos de Anahi.
Com essa mesma mão, trilhou um excitante caminho pela cintura da loira, onde afastou os lençóis e a contemplou completamente nua.
– Acorda, meu amor – sussurrou para em seguida mordiscá-la no lóbulo da orelha. Ela se contorceu graciosamente quando uma onda quente de excitação correu por seu corpo. Alfonso insistiu, afetuoso e sedento, e ela finalmente deixou que escapasse uma risada de seus lábios.
– Por que não me deixa dormir? – disse, preguiçosa – Eu estava tentando, fingindo há um bom tempo...
– Não deveria. Você é mais interessante acordada – Poncho sorriu, inclinando a cabeça para puxar a sensível pele dos ombros de Anahi com os dentes – No que estava pensando?
– Em nós dois – ela respondeu, sabendo que as maçãs de seu rosto estavam muito provavelmente se tingindo de vermelho. O que apenas se agravou ao cruzar os olhos com os de Alfonso. Ele estava concentrado nela. A expressão do rosto, outrora cansada, agora repleta de paixão.
O coração de Anahi disparou no peito. E ela mal sabia que não seria pela última vez naquela noite.
– Chegou a alguma conclusão? – perguntou, contornando os lábios da loira com o polegar.
– Não. Você saberia o que dizer sobre isso?
– Eu quero você – ele falou, sério. Anahi sentiu o coração tremer – Desejo você como nunca cheguei a desejar uma mulher nessa vida. E quero não ter que dividi-la com ninguém, Ana. Eu sei também que poderia dormir e acordar desta maneira todos os meus dias. Você é uma mulher maravilhosa. O que aconteceu aqui foi importante para mim. Não posso deixar que seja de outra pessoa senão minha.
Anahí ergueu-se na cama, emocionada, levando junto o cobertor para cobrir os seios. Pôs uma mão sobre o rosto de Alfonso e sorriu ternamente, transparecendo toda a paixão que sentia por ele. Estava tão contente com tudo aquilo, com aquele homem, com suas novas descobertas.
– Eu não quero ser de outra pessoa, Alfonso – disse, esfregando os lábios sobre os dele – Eu não vou ser. Nunca. Eu sou tua.
Ele fez uma pausa, tomando ar. Depois segurou o rosto dela próximo ao seu e continuou:
– Então case-se comigo, Ana. Seja minha esposa.
Ela emudeceu, tamanho choque. Diante daquele silêncio, Alfonso se sentiu esmagado pela insegurança. Então para se certificar de que não havia ido longe demais, pôs-se a relembrar toda a trajetória que o levou à Londres. Toda ela, desde o início.
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Ruas de Outono
Fanfiction[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...