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Maite abanou uma mão rapidamente em frente ao rosto de Anahi, apreensiva, mas a loira não se moveu. Ela tentou também sacudi-la, no entanto Anahi continuou sem reagir. Maite gemeu, largando os ombros numa postura deprimida. Isso era ruim; ruim demais. Quando Alfonso soubesse ia querer torcer o seu pescoço. Precisava acordar aquela criatura inconsciente antes que ele chegasse, além de precisar de tempo para convencê-la a não contar nada do que havia acontecido entre as duas. Mas estava justamente preparando um copo com água fria quando Alfonso apareceu no quarto. Largando uma mala no chão, ele fitou a loira inerte sobre o colchão antes de fixar os olhos na morena. Estava suave e calmo, contudo o olhar transmitia mensagens que fizeram Maite lhe dirigir um sorriso amarelo e sem graça, antecipando tentativas de amenizar a sua situação. Pela primeira vez, estava constrangida pelo que provocara.
– Vai parar com essa mania ou eu vou precisar esganá-la? – indagou, severo, erguendo uma sobrancelha. A jovem soltou uma risada.
– Meu amor, você como sempre é tão amável... – retrucou, adiantando-se até Alfonso – Eu senti saudade.
Poncho revirou os olhos.
– Eu no seu lugar não me aproximaria.
– Acontece que sei que você está louco para me abraçar e não resistirá a mim – ela declarou, puxando-o euforicamente pelo braço. Alfonso girou o rosto para o lado oposto, tentando se afastar, mas Maite parecia achar aquela reação muito engraçada. Ela agarrou os dois braços de Alfonso e os colocou ao redor de seu próprio pescoço, fazendo-o abraçá-la forçadamente. Ele bufou.
– Como é que você veio parar aqui?
– Você mandou uma carta de Los Angeles para cá. Antes que a enviasse, vi o endereço. Peguei o expresso para Londres, o que você não quis esperar. Saí de Los Angeles quase um dia depois que você! Cheguei antes! – orgulhou-se, astuta.
– Veio de tão longe para dar esse espetáculo? Bom, parabéns – ironizou, impaciente – Mas agora que acabou, volte para lá.
– É claro que não vou voltar! Você sumiu! E você não pode simplesmente desaparecer, Alfonso Herrera. Você pretendia esquecer novamente que tem uma linda família?
– Se ouvirem você falando assim, pensarão que abandonei meus pais e uma penca de irmãos passando fome – ele repreendeu, aborrecido – Você sabe se virar sozinha, flor.
Então os braços de Alfonso, ainda repousados sobre os ombros de Maite, se contraíram mais, estreitando o enlace ao redor do pescoço da morena o suficiente para deixá-la com a respiração alterada, sobretudo quando ele a obrigou a afundar o rosto delicado em seu peito. Maite se debateu sem ar, gargalhando.
– Estúpido! – ela reclamou, afastando-se para arrumar os cabelos – Eu estava preocupada com você, Poncho.
Alfonso desistiu. Esticou os lábios num semi sorriso, levando uma mão para acariciar o queixo de Maite com carinho. Da cama, um par de olhos azuis já muito bem abertos observava os dois.
– Eu lamento, mas você não pode ficar aqui, Maite – disse ele, inclinando-se para beijar a morena sobre a testa. Um pigarro, no entanto, o fez virar para o outro lado antes que Maite o respondesse. Anahi, pálida e petrificada, estava encarando os dois. Herrera sorriu, aproximando-se. Posicionou-se ao lado da cama e flexionou as pernas para estar da altura da esposa – Oi, meu amor. Finalmente você acordou. Eu estav...
Ele ia continuar, mas foi interrompido por um forte tapa que irradiou calor e ardência em sua bochecha. Maite cobriu a boca com a mão, estarrecida.
– Estava o quê? Ocupado com a sua linda família? – Anahi ergueu uma sobrancelha, sarcástica. Alfonso levou segundos de silêncio para absorver o impacto da situação e, sobretudo, da bofetada que levara. Nem sequer conseguira pensar em argumentar contra a ira da esposa, porque quando Maite aprontava, era sempre esse tipo de reação que ele podia esperar.

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Ruas de Outono
Fanfic[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...