Capítulo 055

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Anahi acordou lentamente, o torpor do sono profundo que tivera a noite inteira abandonava seu corpo aos poucos. Ela se sentou, olhando ao redor. Para sua surpresa, o lençol escorregou e revelou seus seios. Anahi o recolheu de volta, confusa. Tinha certeza que havia ido dormir vestida, não podia simplesmente ter acordado nua. Não deveria, pelo menos. A não ser que... Alfonso...

Ela procurou pelo marido, varrendo o quarto com os olhos, mas o único resquício de que ele havia passado por ali era a colcha amassada ao seu lado. E ele nem deveria ter dormido em seu quarto! Bom, a discussão teria que esperar, mas ela ia acontecer. Realmente ia, isso era um fato. Dessa vez Anahi não iria evitar.

Ela se enrolou no lençol, erguendo-se para ir até o banheiro. Então quando abriu a porta, o susto quase a matou: Alfonso estava lá, enchendo a tina de água, o roupão aberto pendendo em seus ombros deixando a mostra tudo o que Anahi não precisava exatamente ver tão nitidamente, embora conhecesse bem.

– Meu Deus!!! – ela gritou, tapando os olhos com uma mão – Que... – gaguejou, constrangida – Que droga! Você me assustou!

Alfonso ergueu uma sobrancelha, mas ela não viu o gesto, simplesmente o ouviu gargalhar.

– Você quem invadiu o banheiro, Ana – protestou, divertido.

– Eu não sabia que você estava aqui! – ela argumentou – Nu, ainda por cima!

– Eu tomo banho nu. Você não?

– Sim. E também acordo nua sem explicação – replicou, sarcástica. Zangada, Anahi girou na direção de Alfonso, mas ele estava bem a sua frente com as mãos posicionadas na cintura, abrindo ainda mais o roupão. Ela girou de volta, chocada, o rosto quente de vergonha – Por favor, cubra-se!

Outra vez ele riu, atando o nó do roupão.

– Feito – avisou.

Primeiro Anahi o olhou de esguelha, desconfiada. Depois cruzou os braços, encarando-o com o queixo erguido um nível acima do normal.

– O que aconteceu com meu vestido?

– Ora, eu o tirei ontem a noite – explicou, óbvio.

– Tirou minha roupa íntima também?

– Tirei.

– Podia ter me acordado para que eu mesma fizesse isso – ela grunhiu, mal contendo a indignação.

– Para quê? Eu sei como fazer isso sem a sua ajuda – ele deu de ombros, amparando-se pelo quadril no tonel – Você estava desconfortável e tão cansada que nem se moveu, nem percebeu. Atrapalhar seu sono seria uma covardia, anjo.

Você...? – ela riu, olhando-o com desdém – Falando em covardia?!

– Ana... – Alfonso suspirou, rolando os olhos – A essa hora da manhã? Sério?

– Você abusou de mim também, Alfonso? – ela perguntou, ríspida e maldosa – Não duvido que o tenha feito. Você não consegue entender que não tem mais direito nenhum sobre mim, sobre o meu corpo! Você desconhece os limit... – subitamente Anahi se interrompeu, sentindo um jato de água gelado bater de maneira violenta contra seu peito, respingando em seu rosto e cabelos. Ela cambaleou para trás, fechou os olhos e abriu a boca, afônica, até finalmente entender que Alfonso havia arremessado um balde de água contra ela – O quê???? – gritou, incrédula e esganiçada, vendo-o dobrar-se de rir.

– Esse lençol caiu bem em você, meu amor – ele gracejou, deixando os olhos percorrerem o corpo da esposa. O tecido branco empapado grudara em seu corpo, revelando-o através da transparência. Ela olhou para si mesma, observando o estrago, mas antes de qualquer reação, Alfonso já estava perto dela, sussurrando: – Mas nada é melhor que te ver nua sem nada para cobrir.

Com isso, ele puxou o lençol pelas bordas, arremessando longe do alcance da loira, deixando-a sem nada. Pasma Anahi estava; pasma ela continuou. Imóvel, não esboçou reação alguma além do reflexo de se encolher para se cobrir com os braços. O que era completamente inútil, claro. Alfonso, por sua vez, estava obviamente deliciado. Há tempos ele não tinha um dia tão proveitoso.

– Seu... – ela rosnou, furiosa, respirando fundo – Desgraçado!!! Eu vou arrancar os seus olhos!!!

Ruas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora