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Sem sequer entender como aquilo fora parar ali, Anahi abriu, para se certificar que não estava alucinando. Mas todo o conteúdo estava igual, praticamente intocado, como lembrava de ter deixado da última vez. Ela riu sonoramente, fascinada. Nem conseguia pensar nos demais objetos. Aquele era o único que lhe pertencia e por isso era o suficiente para fazê-la feliz.
Quando ela girou para sair do quarto, carregando a caixa junto ao peito, uma Maite totalmente esbaforida surgiu na porta, amparando-se para tomar ar. Ela olhou de Arthur para Anahi, totalmente chocada e confusa. Mas a loira apenas sorria, encantada.
– Oi, Mai. Esse é meu pai, Arthur – disse como se fosse a coisa mais simples do mundo. Arthur simplesmente deu de ombros com um semissorriso – Olha só o que eu encontrei aqui.
– Então... – Maite limpou a garganta, cuidadosa, erguendo o indicador – Sobre isso... Eu posso explicar.
– Pensei que não tinha conseguido buscá-los. Você quase me matou de susto.
A morena vincou o cenho, sentindo-se perdida.
– Bem... O que quer dizer?
– A caixa que pedi – a loira explicou, óbvia – Até a manta e muitos outros objetos que estavam na casinha do lago agora estão aqui. Você conseguiu salvá-los a tempo – riu, alegre – De quem é todo o resto?
– É seu também – Mai respondeu com um dar de ombros, sucinta. Anahi então parou para encara-la, erguendo uma sobrancelha.
– Desculpe?
A morena alisou a saia de seu vestido antes de continuar, nervosa. Estava certa que pouca coisa podia surpreender Anahi depois de tudo que vinha acontecendo, mas não conseguia prever qual seria a reação da loira ao saber, depois de semanas, que Alfonso havia tentado exaustivamente, mesmo de seu jeito torto, se reaproximar.
– Alfonso mandou os presentes durante esse tempo em que esteve de repouso pelo bebê – soltou, cabisbaixa.
Arthur direcionou o olhar para a filha e não se sabia dizer quem estava mais branco.
– Teve um bebê, Anahi?! – perguntou, ansioso.
– Estive grávida – disse simplesmente. Foi tudo e foi o bastante para que Arthur conseguisse entender. Ele baixou os olhos, assentindo em silêncio.
– Não contei antes porque sua cabeça estava um turbilhão. Queria me certificar que não se estressaria, que não ficaria nervosa... – Maite se antecipou – Sei que podia tê-los devolvido, doado ou queimado, mas... Achei algo bonito porque foi a forma que ele encontrou de mostrar o que estava sentindo. Talvez quando você estivesse estável pudesse ver da forma que vi. E não sabia que ele havia retirado outras coisas de lá, ele não me contou.
– Tudo bem, Maite – Annie sorriu, compreensiva – Isso não é mais importante. Obrigada por ter cuidado de mim, de qualquer maneira.
Para a completa frustração da morena, Anahi não disse mais nada e nem foi possível decifrar em sua expressão o que estava sentindo. Ela então esfregou as mãos, exasperada.
– O que quer fazer a partir de agora?
– Bem – Anahi deu de ombros – Não me resta muito a não ser descansar.
– Nesse caso, vou levá-la para casa – Arthur garantiu e recebeu da filha um olhar confuso que o obrigou a esclarecer: – Para sua casa.
Não aconteceu naquele dia, porque Anahi estava mentalmente cansada e precisava se preparar para quando encontrasse Alfonso. Conversou com Dulce, com Ian, Maite e também com seu pai. Nesse meio tempo, Margot reencontrou Arthur e quase morreu de espanto. Foi necessário mais tempo para que pudesse entender o que havia passado e se habituar novamente a um homem que um dia conhecera tão bem.

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Ruas de Outono
Fanfiction[CONCLUÍDA] *** Londres, 1874 Alfonso massageou a densa cascata de cabelos dourados que caía sobre o travesseiro ao seu lado. Anahi estava adormecida há algum tempo, imersa em um sono profundo, enroscada nos alvos lençóis de seda. Enquanto isso, el...